Unidos

273 18 5
                                    

— Vamos, por favor, eu não quero ir sozinha. — insistiu April pela milésima vez na semana.

April Sorenson trocava olhares com Thomas Holt, que não tirava os olhos dela. Eu mal podia esperar para sair do colegial e mais que isso, dessa escola. April é uma idiota, como poderia se deixar envolver por um cara como Thomas? De certa forma algo havia mudado, a garota de cabelos loiros, Beatrice alguma coisa não se sentava mais no colo dele desde a festa, mas os dois ainda mantinham uma certa proximidade, talvez porque fossem do mesmo grupo ou talvez tivessem tido apenas uma briga. Apostava na segunda. April era tola se achava mesmo que um cara como ele queria mais do que sexo, se aceitasse isso, e quisesse o mesmo que ele, sofreria menos. Mas ela estava apaixonada pelo cara.

— Eu nunca mais vou a festa nenhuma no norte. — resmunguei.

— Qual é, não foi tão ruim, Charlie.

— Eu não vou. — rosno.

April ficou visivelmente triste, mas desistiu. Não saberia mais o que inventar para Brook e Cohen, no final de semana passado disse a eles que no fim da contas não estava nenhum pouco afim de festa e que resolvi que ficaria em casa, quando na verdade não queria ter que dizer que fui até ao norte cuidar como uma irmã mais velha de uma garota que eu nem conhecia. Não faria isso de novo.

"Vai na casa da Daniele no sábado?" Cohen mandou mensagem.

"Vou." respondi.

"Prometa."

"Eu prometo." envio, antes de me levantar com a bandeja nas mãos.

Deixei o refeitório, April veio logo atrás de mim.

— O que foi? — perguntou ela.

— Não é nada, Sorenson.

— O que? Está brava comigo? Eu fiz algo...

— Não é nada, eu já disse. — parei em frente ao meu armário. — Você fala demais, me deixe pensar um pouco.

Ela se encolheu, olhei de relance para ela, não havia nem um resquício de raiva, na verdade, parecia magoada. Suspirei quando ela saiu, me deixando só. Eu estava sendo a semana inteira um pouco dura com essa garota, bom, nunca fui exatamente um doce com ela, mas pelo menos nunca fui hostil. Eu sabia que ela não tinha culpa de nada disso, April não tinha me arrastado até a festa a força, nem tinha me feito mentir para os meus amigos, eu tinha e mesmo assim ainda estava constantemente irritada. Parte disso, era porque sempre que encontrava Jason Brewster nos corredores ele me lançava um sorriso branco e um olhar cínico e a outra fazia minhas mãos tremerem, não sabia se estava pronta para a semana que vem, não sabia se conseguiria dizer algo antes de desabar ou se mesmo apareceria. Me sentia vazia ao pensar nisso, em tudo isso. Cada dia que se aproximava daquela data, mais difícil é. Somos obrigados a falar sobre o que tentamos evitar e até ignoramos, tentando desesperadamente seguir em frente, parece que foi ontem que ele ainda estava aqui...

Hoje ainda era quinta-feira. Eu tinha algumas coisas para fazer, o plano era ter tantas que eu mal tivesse tempo para pensar em outra coisa. Iria a oficina finalmente buscar a picape do papai e depois a casa da minha mãe, o que já havia adiado o bastante. Mas antes disso, tinha que ir as outras aulas, incluindo a de fotografia e espanhol.

— Ah, finalmente. — murmurei para mim mesma. A última aula terminou.

— Charlie Parker, não é? — perguntou a professora de fotografia, antes de eu dar o passo final que me tiraria de dentro da sala.

— Sim. — ela ficou em silêncio, digitando em seu computador — E dai?

— A Srt. Sanchez pediu que você fosse a sala dela depois do último tempo. — comunicou ela.

Beertown a cidade divididaOnde histórias criam vida. Descubra agora