Evitar

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     — Você tem nos evitado por quase um mês. — diz Cohen alterado. — Não nos responde as mensagens direito, nunca está em casa. De segunda a sexta você vai ao bar a noite e final de semana está cansada demais para sair com a gente. De repente decidiu que não vai mais falar com gente? Foi algo que a gente fez?

   Se eu havia conseguido irritar Cohen, não queria que Brook começasse a falar.

     — Relaxa, okay? Eu só estou estudando.

     — Nós conhecemos você a pelo menos doze anos, quer que acreditamos que você está muito ocupada estudando, que não tem cinco minutos para nos mandar uma mensagem? — disse Cohen exasperado. — eu não acredito.

     — Somos seus amigos Charlie, sempre fomos. O que é agora? Mudou para o norte e nós não nos adequamos para sermos seus amigos? — perguntou Brook calma, para minha surpresa. Mas parecia claramente magoada.

   Suspirei.

     — April...

   Brook trincou o maxilar. Sabia que estava irritada.

      — A garota idiota? — provocou.

     — Escutem. Um cara espalhou mentiras sobre ela. — contei — Quando o confrontei, Eddrick Davis interferiu e a humilhou, e então eu soquei a cara dele.

   A boca de Cohen se abriu em um "o", e Brook parecia igualmente surpresa e não conteve o sorriso.

     — E ai, peguei dois meses de detenção. — encerrei.

     — E porque não contou para gente? — Cohen fora o primeiro a questionar — Qual o problema de nos contar?

     — Eu peguei dois meses de detenção porque defendi  April. — disse óbvia.

     — E ela faria o mesmo por você? — indagou Brook — Eu duvido muito.

   Eu não saberia dizer. Mas não fiz nada disso esperando que ela fizesse o mesmo por mim. Eu intervir porque fora injusto e maldoso. Brook não podia simplesmente acreditar que todos eram iguais, que não havia nada de bom naquelas pessoas, ou que, assim que tivesse a chance April me hostilizaria.

     — Mas o que é então, vocês são amigas? — perguntou Cohen.

     — Eu conheço ela a tão pouco tempo. Mas, bem, ela é um pessoa legal.

     — Legal? — exasperou Brook completamente indignada — Charlie, ela é do norte da cidade, escola perfeita, pais perfeitos, nenhum problema real! Como pode acreditar que ela simplesmente quer ser sua amiga? Eles tem repulsa da gente, mudam de calçada assim que nos veem. Nos humilham! Nos negam emprego! Armam para gente como armaram para seu pai. Nos prendem pelo menor dos deslizes! Como pode confiar neles?

     — Você acredita mesmo que todos do norte são pessoas totalmente ruins?

     — Eles nos desprezam.

   O silêncio predominou na cozinha. Brook estava encostada ao balcão, eu de frente para ela sentada a mesa e Cohen estava escorado na batente da porta, ao meu lado direito. Cohen estava tenso. Mad não teria deixado essa briga ir tão longe, acalmaria as coisas de forma firme, ele saberia exatamente o que dizer. Sempre pensei que seria um ótimo líder por causa disso.

     — Mad teria feito vocês duas calarem a boca. — disse Cohen, não dirigiu o olhar a nem uma das duas. — Quando vocês duas se alteram, sei que Mad teria dado um jeito em vocês. — ele riu — Temos que confiar uns nos outros, sempre, somos melhores amigos um do outro. — repetiu Cohen, uma espécie de lema de Mad. E então olhou para Brook — Brook confie que a Charlie está fazendo a coisa certa confiando nessa garota. — olhou pra mim — E Charlie, Brook só quer proteger você.

Beertown a cidade divididaOnde histórias criam vida. Descubra agora