Dylan grita pra quem quiser ouvir dentro desse hospital. Edu se levanta junto comigo.
—Olha Dylan, eu já estou péssima, não começa.
— Não começar? Você é uma mimada insuportável, uma egoísta, sabe quantas vezes vi aquele idiota do seu irmão pensando e se culpando por você? Quantos planos ele já pensou, em ter uma família, mais você não se importa com ninguém sua mimada.
— CHEGA, VOCÊ NÃO SABE DE NADA SEU IDIOTA.— Grito já cansada de tudo.
— Não aguenta umas boas verdades Alessandra? Quando ele bateu o carro, sabe porque ele tava parecendo um maluco? Sabe quem foi que fez ele se sentir um miserável, VOCÊ ALESSANDRA, A CULPA É TODA SUA.
— Vocês dois, já chega, estamos em um hospital, não preciso nem lembrar o motivo, Dylan você não tem nenhum direito de falar assim com a minha esposa, mesmo que você seja amigo do Victor.—Edu diz e se senta do meu lado outra vez me abraçando.
—Se ele não sair daqui, espero que você consiga conviver com a culpa, de ter matado ele, e deixando a Laura sem o pai.— Dylan sai e as palavras dele ficam ecoando na minha cabeça.
Não vou conseguir conviver com isso, minha sobrinha já não tem a mãe, mesmo que essa mãe seja a mulher que eu mais odeio no mundo, ela ainda vai ser mãe da Laura, ela não pode ficar sem o pai, eu não quero ficar sem meu irmão...
— Com licença, parentes do paciente Victor?— Um médico, um pouco velho se aproxima.
— Sou a irmã dele, ele vai ficar bem?— Ele respira fundo me olhando.
— A batida foi feia, ele se salvou graças ao cinto, mesmo assim, ele está desacordado, e não posso dizer quando ele vai acordar, isso depende dele agora, fizemos tudo que era possível.
— Posso ver ele?
— Claro, só uma pessoa pode passar a noite com ele.
— Eu, vem me buscar amanhã cedo?— Me viro pro Edu que beija minha bochecha e arruma uma parte do meu cabelo.
— Nem precisa pedir, te vejo amanhã, e te ligo mais tarde. E ele vai ficar bem, Victor ainda tem muita coisa pra reclamar com a gente, e mimar a nossa Sofi.— Eu tenho o melhor marido do mundo.
Acompanho o médico, como o acidente aconteceu no começo da tarde já transferiram ele pro quarto, o médico me deixa no quarto e vai atender outros pacientes, puxo a poltrona para perto da cama e sento olhando ele conectado a alguns fios.
— Você quase me matou de susto, sei que peguei pesado com você, eu sinto muito Victor, desculpa, você não merecia ouvir nada daquilo, mesmo sem nenhuma obrigação você cuidou de mim, fez de tudo pra perda dos nossos pais não doer tanto em mim, e mesmo assim eu vi você chorando algumas vezes, lembra quando passamos a noite no quintal de casa acampando? Você queimou as pipocas, e todos os outros lanches.— Minha voz já sai cortada pelas lágrimas.— Temos um acordo, sempre que o outro precisar, estaríamos lá, eu preciso de você Victor.
As horas parecem se arrastar nesse lugar, quando o relógio ainda marca meia noite, decido ir na lanchonete comer alguma coisa, mesmo não sentindo fome, se não comer, de manhã o Edu vai me fazer comer de qualquer jeito. Peço um café bem forte, e um pedaço de bolo de chocolate, depois de comer vou no banheiro e arrumo a maquiagem, que a essa altura já está péssima. Na hora de voltar me encosto na parede quanto sinto uma tontura, uma enfermeira se aproxima me perguntando se preciso de ajuda, e só escuto isso antes de apagar.
Sinto uma pequena picada no braço a abro os olhos, eu não acredito que desmaiei, queria pensar que poderia contar amanhã para o Edu, mas quando escuto sua voz sei que já devem ter contado tudo.
— Como você está?— Ele está parado do meu lado segurando a minha mão.
— Bem, eu acho, deveria ter comido mais que só uma fatia de bolo.— Tento brincar e ele continua sério.— Edu, foi só um desmaio, eu fiquei sem comer, não é a primeira vez meu amor.
— Lembra a última vez que desmaiou assim Alessandra?— Ok, agora a coisa tá séria, não é muito normal ele me chamar de Alessandra, e sério desse jeito.
Espera... a última vez que desmaiei assim... Ai meu Deus, só pode ser brincadeira. Edu parece perceber que a minha ficha caiu porque coloca a mão sobre a minha barriga, finalmente ele sorri, e eu, bom, não consigo me mexer.
— Quanto tempo?— Ele olha o médico parado na porta.
— Três semanas senhora Milles, como se sente?
— Bem, tem certeza? Realmente eu estou...
— Sim, a senhora realmente está grávida, parabéns, quando o soro acabar pode sair, com licença.— Edu senta na cama ficando de frente pra mim, que fito o teto..
— Parece que adiantamos os planos outra vez, ficou feliz?
— Sim, claro Edu, só que eu nem pensei que fosse isso, e sim, adiantamos um bebê, vou me casar em algumas semanas, será que já vai dar pra ver?— Sorrio pensando na minha barriga grande outra vez.
— Talvez, Sofi vai adorar um irmãozinho, ou irmã, e dessa vez, o seu irmão pode acompanhar a sua gravidez.
— Sim, mais um bebê, depois desse, crianças só quando a Sofi tiver no mínimo dez anos.— Ele ri e beija minha mão.
Três Semanas Depois...
Três semanas, vinte e um dias, nem vou contar as horas e minutos, ou vou ficar maluca, todos ficaram eufóricos com a notícia do novo bebê, meus sogros já disseram que dessa vez vem outra menina, ri muito naquela noite, Victor ainda não deu um único sinal de melhora, venho aqui todos os dias, conto cada detalhe da gravidez, Laura está animada com o próximo primo, o tio Dylan também, depois de me ver passando mal de novo no hospital ele me pediu desculpas e disse sentir muito pelo jeito como me tratou, Laura viu o pai a alguns dias, na cabeça de criança dela, o pai resolveu hibernar, por trabalhar demais, palavras dela.
— Hoje fazem vinte e dois dias Victor, quando vai acordar em? Não vou pedir outra vez, mas, preciso de alguém que me leve até o altar, acho que esse foi um dos motivos do casamento antes ter sido só no civil.— Arrumo seu cabelo como todos os dias.
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Duologia P.S. - Espero que me perdoe - LIVRO 1
ChickLitAlessandra perdeu os pais quando tinha 8 anos, e seu irmão Victor que assumiu sua guarda e todas as responsabilidades que viriam com isso sem pensar duas vezes. Sua irmã sempre foi o mais importante na sua vida, pelo amor que sentia por ela, e por u...