addict

EP04: 1968 Camaro & All-Star

Oi, clara ;)

Eu espero que você não ache que eu esqueci do seu aniversário. Desculpa não ter te dado a atenção que você merecia hoje, mas eu fiquei planejando coisas para você, tentando encontrar algo que eu pudesse fazer que talvez te deixasse feliz. E... eu descobri que sou péssima em tudo, menos em escrever uma história.

Eu espero que você goste, esse é para você.

Feliz aniversário <3

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Me perguntei se tinha sido perda de tempo ir para a casa do Sehun naquele dia, porque nós passamos menos de uma hora conversando, o que significa que eu fui lá para sair logo em seguida, e isso me fazia sentir como se tivesse desperdiçado tempo com algo simples.

A gente fez tão pouco que dava pra ter organizado aquilo no colégio, mas nenhum dos dois se ligou disso na hora.

Eu voltei horas depois do que deveria para casa, mas não tomei um sermão tão fodido porque era por causa de trabalho e a minha mãe felizmente entendeu. Mas eu ainda tive que ajeitar a casa antes de ir pra cama, e no outro dia eu estava um prego por não ter conseguido dormir o tempo que eu estava acostumado.

Era a terceira aula do dia e eu ainda estava bocejando. Joy me cutucava com a caneta quando eu fechava os olhos por mais de cinco segundos, e eu não sabia se era porque ela queria me ajudar a não tomar um puta xingo do professor ou se ela estava apenas gostando de me importunar daquela maneira.

Eu estava com tanto sono que cogitei a possibilidade de colar fita nas pálpebras pra conseguir manter os olhos abertos.

Acabei cochilando na aula de Inglês, com a professora enchendo o quadro e explicando as coisas naquele tom calmo e cansativo. Joy tinha deixado as coisas dela em cima da classe e eu tentei usar aquilo para camuflar minha falta de interesse em qualquer coisa que não envolvesse dormir.

Dois tempos depois, na cantina, eu estava quase caindo em cima do prato. Achava incrível como o sono conseguia deixar as pessoas bêbadas e descoordenadas, era como se meu cérebro esquecesse de comandos simples, eu precisava pensar para fazer alguma coisa, e precisava pensar muito.

Tinha me batido com Jongdae no corredor e acho que ele me chamou para ir no American Rust depois da aula, mas eu nem cheguei a gravar a informação direito.

O ruim de eu desregular meu sono um único dia que fosse era que eu ia passar o próximo inteiro sofrendo com isso. Duas horas a menos faziam diferença para caramba no meu humor e na minha disposição.

No segundo intervalo, que vinha entre os dois últimos tempos, eu fui para a biblioteca procurar um lugar para me sentar e dormir. Dava para ouvir o sinal tocar lá de dentro, então eu não corria risco de me atrasar e perder a última aula do dia.

Só que, quando eu coloquei os pés para dentro da sala dos livros, quis sair imediatamente. David Mills tava ali, sentado numa das mesas. Tinha um livro de Física aberto em cima do tampo e ele parecia concentrado em algum trabalho, mas quando reparou que eu havia acabado de entrar, sua expressão fechou e ele ficou me encarando enquanto eu passava pelas fileiras de estantes, indo me enfiar lá no fundo, onde ninguém nunca ia porque todos os livros do Clube de Literatura ficavam na frente.

David Mills era da turma do Jongdae e me odiava por motivos idiotas. Na oitava série, ele brigou com um novato da quinta. As aulas tinham acabado, mas quase ninguém tinha ido para casa, a maior parte das pessoas migrou para o campo de futebol do colégio, onde o David tava comprando briga com o garoto.

Era um mano a mano, mas da oitava série para a quinta eram três anos de diferença, e eu me enfiei no meio quando percebi que ninguém ia se oferecer pra defender aquele menino.