As reuniões do CSA aconteciam uma vez por semana, mas não tinham um dia fixo. Na maioria das vezes a gente se encontrava na quarta, mas não era incomum que eu chegasse lá no dia e no horário marcado e eles tivessem alterado para quinta ou sexta.
Aquele era um desses dias.
Eu estava frequentando o grupo há pouco mais de um mês, porque achava melhor que ficar em casa me masturbando e chorando e me masturbando de novo. Um amigo tinha me dito pra procurar um psicólogo, achar um tratamento decente para conseguir lidar com aquilo e assumir na minha vida a rotina que uma pessoa normal deveria ter.
E não é que eu não quisesse, mas esse negócio de psicólogo era caro, ainda mais em Bradford, e eu mal tinha dinheiro para me manter, quanto mais para gastar com aquilo, mesmo que eu soubesse que deveria.
O Grupo era a única coisa que eu vinha enxergando como possibilidade de ajuda. Era desconfortável ficar com a bunda pregada numa cadeira de plástico por uma hora e meia, em silêncio enquanto outras pessoas falavam sobre suas experiências e gatilhos e o gótico que liderava tudo aquilo ouvia os relatos atentamente, concordando com a cabeça como se ele entendesse tudo sobre aquela gente. Mas, sendo sincero, era bem mais desconfortável estar na rua, à deriva.
Não teve uma única vez em que eu não tivesse vontade de sair correndo dali, porque nunca gostei de ter muito contato com pessoas profundamente tristes e o Grupo era um poço de lágrimas e ideias distantes de superação. Ao mesmo tempo, era quase irônico como eu me sentia aliviado por poder estar lá; eu nunca tinha tido uma crise no meio de uma reunião, e, apesar de não ser supersticioso, eu usava isso para me convencer de que frequentar e fazer parte daquilo era bom e podia me ajudar de verdade, como se alguma força superior estivesse dando uma trégua enquanto eu me mantivesse dentro daquela clínica.
Compulsão Sexual não é diferente dos vícios convencionais. Eu descobri isso sozinho em casa, sentado no tapete fodido da minha sala-barra-quarto, só de cueca e camiseta. Tinha comprado umas revistas sobre vícios e essas merdas, e, quanto mais eu lia, mais me identificava com os sintomas de abstinência descritos ali.
E também me identificava com a maneira como a revista falava sobre estímulos inexistentes. Sobre como, quando havia vício, havia necessidade na mesma medida, mesmo que ninguém tivesse te oferecido o seu veneno. Um fumante viciado não precisa que alguém lhe oferecesse um cigarro para ter vontade de fumar, e, lendo essa frase tão simples, eu percebi como ela se encaixava na minha situação também.
Eu também tinha lido sobre medicamentos que ajudavam a lidar com a abstinência do álcool e das drogas, e me perguntei se havia algum que servisse para mim e pudesse me ajudar a colocar minha vida de volta nos trilhos.
Meu amigo — o mesmo que disse para procurar um psicólogo — tinha me dado a ideia de escrever um diário enquanto eu buscava uma recuperação. Eu achei essa sugestão dele uma merda, pra ser bem sincero, porque eu tinha vinte e cinco anos e passava mais tempo segurando paus que canetas, mas, depois de ficar acordado uma noite inteira, incapaz de pregar o olho porque eu não tinha saído de casa e não tinha feito sexo com ninguém, eu repensei aquilo.
Eu não sabia por onde começar, então escrevi sobre aquela noite, sobre como eu sentia tudo queimando e como chegava a suar frio quando não conseguia suprir a vontade do corpo. Eu sentia vontade de fazer sexo com alguém e não conseguir sair de casa para buscar isso me deixava nervoso, ansioso. Eu tinha me masturbado seis vezes, em intervalos de horas, e toda vez que eu gozava, eu relaxava pensando que seria a última, fechava os olhos e até tentava dormir, mas meu cérebro começava a mertelar de novo e o corpo esquentava com a vontade de fazer mais uma vez.
Eu não precisava de estímulos diretos, coisas simples mexiam comigo e isso me fazia sentir horrível por dentro, como se eu fosse alguma coisa podre andando sem rumo por aí. Na rua, se alguém passasse por mim — garoto ou garota, mas principalmente garoto —, trocasse meia-dúzia de olhares ou dissesse qualquer coisa que fosse, mesmo que um "sinto muito", eu já buscava motivos para investir em uma relação sexual.
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addict
Fanfiction[baekhyun/sehun] Byun Baekhyun é um viciado. Quando seu problema se torna maior do que deveria ser, ele decide que precisa de ajuda e acaba em uma quase clínica de reabilitação, dividindo o grupo de apoio com Sehun, aquele garoto esquisito que ele c...