addict

EP07: First loves and a wolf

Bradford, Arizona — 1993

Se eu tivesse que definir como estava sendo a minha semana em uma escala de 1 a 10, eu facilmente marcaria um 9.

Estávamos no fim de novembro e eu acreditava que tudo estivesse correndo bem. Me virava em dois para estudar para as provas e os trabalhos do colégio e conciliava isso com as aulas de vocal que Kyungsoo vinha me dando. Ele era um cara de boa, por mais que parecesse meio ameaçador visualmente; descobri que o mais agressivo da banda na verdade era o Minseok. Ele tinha um jeito diferente de agir, mais durão que os outros, e ameaçava jogar coisas na minha cabeça com uma frequência quase cômica.

Mesmo assim, eu gostava deles. Eram caras legais; uma família, Han dizia. Eu tinha feito uma aposta com ele e agora tinha uma das suas camisetas com estampa foda no meu armário. Costumava usar ela pra ir me encontrar com a banda na garagem da casa do Kris, onde eles ensaiavam quase todos os dias.

Eu não era — e nunca seria — um winged, mas me sentia muito próximo deles quando chegava mais cedo do que deveria e eles estavam tocando alguma coisa. Eles sempre me deixavam ouvir — quando aquilo era reservado a poucas pessoas — e eu era cumprimentado por todos como se já fosse do bando, como se aqueles caras me vissem como um bom amigo, confiável.

Pouco tempo havia se passado desde que eu comecei a "sair" com eles, e por isso toda aquela aceitação ainda era um pouco surpreendente, mesmo que eles tenham me tratado bem desde o início. Acho que me sentia esquisito porque eles não eram de acolher todas as pessoas daquela maneira, e até então eu não sabia o que havia de diferente em mim para que eles decidissem me incluir no grupo.

Mas eu tava curtindo pra caralho sair com aquela galera, a galera do Sehun. Eles eram malucos, mas de um jeito bom. Han perdia as roupas nas apostas, Minseok tinha uma coleção de baquetas, Kyungsoo secretamente ouvia Cindy Lauper e Madonna, Kris era membro de uma gangue de motoqueiros da Califórnia e Yixing virava todos os videogames que colocassem nas mãos dele.

Naquele curto espaço de tempo, eu também conheci parte do lado ruim de cada um daqueles caras. Kris tinha uma rixa com uns motoqueiros de Scottsdale e não havia um winged que ainda não tivesse levado uma surra por causa dele. Yixing vendia maconha — às vezes. O pai de Kyungsoo era policial e ele tinha roubado uma das armas dele. Han já tinha furtado lojas de departamento — por isso ele tinha tantas camisetas legais — e Minseok tirava a tornozeleira do irmão mais velho aos fins de semana.

Sehun me contou todas essas coisas.

Han já tinha me dito que ele confiava muito facilmente em algumas pessoas, e que eu não deveria me surpreender se um dia ele simplesmente desandasse a falar sobre sua vida pessoal como se fôssemos amigos de longa data. Mesmo assim, não deixei de ficar chocado com tudo o que ele me disse, porque querendo ou não, são coisas que você não pode afirmar só de olhar para alguém.

Um tempo depois, Sehun contou para os caras que tinha me falado alguns... detalhes sobre as vidas deles. No começo, a maioria ficou puto porque era sacanagem sair espalhando segredos assim, quando eles mal me conheciam, mas agora já estava tudo bem e... não sei, mas talvez aquilo tenha contribuído para estreitar os laços.

Além dos caras do Winged Lemonade, eu tinha meu próprio bando. Meus amigos não gostavam muito dos amigos de Sehun, e nós vínhamos nos vendo cada vez menos, principalmente por causa disso. Jongdae começou a trabalhar na loja dos pais e a gente passou a dividir espaço e companhia só no colégio e nos ensaios da... banda do colégio. No colégio. Jongin tinha feito amizade com uns caras no Clube de Teatro e, apesar de não ter abandonado a nossa velha formação, ele andava bastante com eles.