Eu não me lembrava de como havia chegado ali, mas nunca me sentia mal por isso. Ali era meu lar e onde eu deveria estar. Sempre pensava nisso nas inúmeras manhãs que acordava naquele quarto.
Saí debaixo das cobertas e me enrolei no roupão que estava pendurado próximo da minha cama. Sabia que era proibido para todos os herdeiros sair sozinhos de seu território, mas eu não podia sair sozinha nem no meu próprio território, e eu odiava isso. Odiava ficar sozinha o tempo todo, odiava ter guardas na minha cola e de como me sentia sozinha mesmo quando eles estavam por perto.
Abri a janela e senti uma brisa suave que fez meus cabelos bagunçados se agitarem. Desci devagar e cuidadosamente pela janela, e pousei suavemente no chão. O sol ainda estava tímido e mal iluminava o caminho que comecei a percorrer e caminhei silenciosamente até chegar ao jardim. Amava o cheiro doce e inebriante das flores. Corri meus dedos por todas elas até que eles ficassem encharcados de néctar. Levei a mão até meus lábios e rocei a língua por entre os dedos, e a doçura fez minha boca salivar.
Desejei que o sol saísse mais depressa e esquentasse a minha pele que estava descoberta, e o meu desejo foi como um sussurro naquela manhã silenciosa. O que a natureza respondeu de bom grado, fazendo com que os raios iluminassem todo o jardim e despertasse os pássaros sonolentos.
_ Aylla! - Ouvi alguém cantarolar meu nome e uma brisa fria soprou arrepiando os pêlos da minha nuca. _ Vem brincar comigo. - A voz ronronou por entre as árvores.
Apertei com força o meu roupão junto ao meu corpo, e antes que pudesse voltar correndo e arrependida de volta para o meu quarto, uma bola de gelo foi arremessada no meu rosto.
Uma risada rouca começou a ecoar por entre as árvores e gritei de raiva enquanto limpava o gelo que havia grudado em meu cabelo.
_Glaciem eu vou matar você! - Rugi por entre os dentes enquanto saí numa corrida frenética por entre as árvores, me distanciando totalmente do jardim.
Continuei correndo e tropeçando por entre os pinheiros, enquanto as risadas iam ficando cada vez mais altas, o que me deu esperança de estar se aproximando do meu adversário, mas meus pés começaram a patinar sobre uma superfície lisa e escorregadia.
Meu corpo bateu com força no chão, tirando o ar de meus pulmões. A figura de um jovem alto e com a pele alva, apareceu bem acima da minha cabeça. Ele tinha o sorriso mais idiota que já tinha visto.
_Você é um idiota! - Eu disse gemendo. Ele estendeu a mão para me ajudar a levantar, mas eu recusei fazendo um gesto vulgar.
_O que estava fazendo sozinha no jardim princesa? - Ele nunca tirava seu sorriso sarcástico dos lábios. E isso me irritava muito.
Levantei com um pouco de dificuldade, e a poça de água que se formou onde eu estava deitada, chamou a atenção de Glaciem.
_Não estou sozinha! Tem guardas me esperando no jardim.
_ Não tem não. Eu vi quando chegou sozinha.- Ele pegou uma mecha do meu cabelo entre os dedos. _ Seus escudos estão baixados.
Eu dei um tapa em sua mão, e ergui os escudos mentalmente, bem depressa. Ele bateu o pé no chão e a poça se transformou em gelo sólido novamente.
- Você sabe que é contra a lei fazer isso.
-E você sabe que eu não sou bom em obedecer esses tipos de coisas.- Ele estendeu a mão e fez um floco minúsculo de neve correr por entre seus dedos.
_Você não é bom em nada que seja decente Glaciem. -Ele inclinou a cabeça para trás e soltou uma gargalhada alta que fez com que os galhos das árvores se agitassem.
A maneira confiante que ele agia me deixava desconfortável. Apertei com força o nó do meu roupão, para certificar de que ele estava realmente preso ao meu corpo, ou ter algo para olhar que não fosse o cabelo branco, brilhoso e sedoso que ele tinha. O que me fazia pensar na sensação de ter os meus dedos percorrendo sobre eles, e o que isso fazia com todo o meu corpo.
Afaguei o tronco da árvore para impedir que minhas mãos começassem a tremer. _Vocês não deveriam se agitar por tão pouco.- Sussurrei para a árvore que se agitou de novo em resposta.
E em milésimos de segundo, Glaciem pressionou a mão na minha boca, na tentativa de abafar qualquer ruído, e pressionando meu corpo contra o seu, nos escondeu atrás de uma árvore. Não tive tempo de gritar ou de pensar nos seus músculos se chocando contra o meu corpo. Porque naquela rápida fração de segundos, eu consegui ver. Eram olhos violetas e asas assustadoras. Não foi a primeira vez, mas eles sempre iam e viam rápido demais. Não sei se os outros também os viam, mas Glacieme eu passávamos tempo demais sozinhos naquela floresta, e ás vezes víamos coisasdemais.
Agora me diz o que você achou desse capítulo? Estou ansiosa para saber a sua opinião! haha
Beijos de luz!
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A Corte dos Esquecidos
Fiksi PenggemarO que acontece com as crianças que nascem mais fortes e poderosas que os Senhores da Cortes? Essa história é sobre o que acontecem com elas e para onde elas vão. Há um lugar esquecido em Prythian. Uma dobra, um lugar para atravessar. Alguns pensar...