Assim que entramos no salão principal, vários rostos viraram em nossa direção. Nunca encarando por muito tempo. Nós evitávamos qualquer demonstração de interesse, pelo menos em público. Irina gostava que todo o interesse estivesse apenas nela. Ouvi boatos que ela mantia quase uma coleção de machos à sua disposição, e ás vezes me perguntava se Glaciem também fazia parte disso, e esse pensamento me dava calafrios.
Glaciem já havia soltado meu braço, nunca permanecíamos muito tempo juntos em público. Era proibido que qualquer herdeiro das Cortes tivesse quaisquer tipos de relações. Assim como a procriação e o laço de parceria não ocorria ali, e eu sabia que tinha magia envolvida nisso. Não que tivéssemos muita opção de escolha, somente Ella, eu e Irina, eramos as fêmeas da Corte. Ella havia desaparecido, eu tentava seguir as ordens para variar, o que fazia a Iria como a única fêmea disponível.
Agarrei a primeira taça de vinho que passou na minha frente. Era doce e suave ao paladar, fazia meus movimentos ficarem fluidos e que as coisas parecessem mais... alegres. Estava em busca da minha segunda taça, de muitas que tomaria naquela noite, e me choquei contra um corpo firme e grande. Era Cyan, Senhor da Corte noturna, outro que eu tentava inutilmente evitar qualquer tipo de contato. Seus trajes eram deslumbrantes em cores pretas mescladas a um azul cor de noite, salpicados de estrelas, desde a túnica até as calças. Havia graça no seu jeito de andar e imponência na sua postura. Ele também estava bebendo uma taça de vinho e sorriu para mim, um sorriso de predador avaliando sua presa, que eu fingi não notar.
– Aylla. - Seus olhos verdes passearam por todo o meu corpo.– Está deslumbrante esta noite. - Ele bebericou seu vinho fixando seus olhos terrosos aos meus.
– Obrigada Cyan. Aproveite a noite. - Eu disse me esquivando dele, mas antes que eu conseguisse fugir para outro lugar do salão, ele capturou meu braço rapidamente, enviando arrepios por todo o meu corpo, de uma forma incrivelmente bizarra.
– Talvez pudesse me dar a honra de sua companhia por alguns minutos a mais. - Não foi exatamente um pedido.
– Existem outras pessoas mais interessadas em sua companhia esta noite. - Eu olhei na direção onde Irina estava, que nos olhava com um interesse estranho, enquanto estava rodeada por alguns machos. Ele acompanhou meu olhar mas não me soltou. Senti quando ele se chocou contra as paredes do meu escudo, numa tentativa brusca de entrar, e me esforcei para manter minhas paredes intactas até que um gota de suor escorreu por minhas costas. Ele era um daemati bastante forte e eu demonstrei o tão forte que eu poderia ser, transformando minhas paredes em aço impenetrável.
– Nem tente.- Eu sibilei para ele quase mostrando os dentes. Ele não forçou, mas pude sentir garras arranhando a superfície num gesto provocativo e agonizante, uma demonstração que ele não iria desistir fácil.
– E eu achando que seria o centro das atenções esta noite. - Uma voz masculina cantarolou do nosso lado. - Mas veja só minha querida Aylla, está ... es-pe-ta-cu-lar! - Era Elouan o Senhor da Corte Crepuscular.
Puxei meu braço, mas Cyan ainda não havia afrouxado o aperto. Senti meu sangue ferver dentro de mim e meu poder pinicar sobre minha pele. Ele também sentiu, porque seus olhos de felino semicerraram e ele afrouxou o aperto em meu braço lentamente.
– E o que um macho não faria por sua companhia? - Elouan deu um largo sorriso para Cyan. – Não acho que precisamos fazer disso uma disputa Cyan. Permita que outros também desfrutem dessa belíssima companhia.
Elouan enroscou meu outro braço ao seu de uma forma bem sutil e puxei o outro braço mais uma vez, e dessa vez Cyan me soltou sem nenhum protesto. Seguimos caminhando e conversando sobre assuntos variados, mas sem tocar no que havia acontecido entre Cyan e eu. Ri sem esforço de suas piadas enquanto estava na minha quinta taça de vinho. Ele era uma companhia bastante agradável. Sua pele brilhosa era quente e confortável contra a minha, e seus olhos de rubis me avaliavam durante toda a conversa. Ella dizia que eu deveria manter meus olhos longe daquelas pedras de sangue e dos cabelos cor de sol. Mas com ele assim tão perto e depois de beber tanto vinho, minha cabeça dizia outra coisa.
Dancei com Elouan por duas músicas e depois dancei com o Senhor da Corte Estival, Kai. Ele também era divertido e bem humorado. Tinha cheiro de maresia, e sua pele morena bronzeada contrastava coma minha pálida e sem graça. Seus olhos era de um azul cristalino, e enquanto dançávamos jurava que podia ouvir o mar sussurrando uma canção de ninar para mim. E eu percebi que poderia amar me sentir sempre assim.
Um tilintar de taças cessou a música que alegrava o salão.
– Venham todos e se juntem para celebramos o equilíbrio e a paz em todas as cortes. - A voz de Irina ecoou por todo o salão.
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A Corte dos Esquecidos
ФанфикO que acontece com as crianças que nascem mais fortes e poderosas que os Senhores da Cortes? Essa história é sobre o que acontecem com elas e para onde elas vão. Há um lugar esquecido em Prythian. Uma dobra, um lugar para atravessar. Alguns pensar...