CAPÍTULO TRÊS

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SOL DE OUTONO

Osbrück. Outono de 1910.

Lindsay caminhava do pomar até sua casa em pequenos passos, ela queria aproveitar o sol que era apenas um turista, no outono de Osbrück.
Tomar banho de sol era como preencher a alma com boas energias, que renovava-a.
O dia estava perfeito, e essa paz fazia Lindsay se lembrar que seus pesadelos haviam se dissolvido. Uma semana sem aqueles sonhos premonitórios fez ela pensar em outras coisas, como no estranho fato que aconteceu no banheiro do colégio, em que o espelho se despedaçou depois que Lindsay passou por um momento de estresse constante, ao lado de Emilly Ganuder.
Ao se aproximar de sua casa, ela observa que sua mãe estava na varanda, varrendo as folhas que ali estavam em quantidades significativa. Era o reflexo do outono.

— Lindsay — Victoria diz, acenando, assim que Lindsay se aproxima suficiente para ouvi-la.
— Oi, mãe. Pode me dizer... — Lindsay sobe as pequenas escadas que davam acesso à varanda.
— Você poderia, por favor, varrer aqui enquanto eu vo ali dentro buscar uma coisa? — Victoria estende a mão com a vassoura, enquanto sorri.
— Pode deixar comigo! — Lindsay pega a vassoura, começando a varrer as folhas para um canto, para recolhê-las depois.
Victoria reaparece com um pequeno envelope branco, e se senta em uma das cadeiras de balanço que haviam ali do lado de fora. Ele retira alguns papéis e põe no colo.
— O que a senhora tem aí? — Lindsay questiona, curiosa, enquanto se aproxima.
— Quando titia Badwer se foi, ela deixou muitas coisas para mim... Você sabe! — ela põe uma espécie de foto na mão de Lindsay —, éramos muito próximas da família Lüscher, mas tínhamos poucas recordações, para dizer, quase nenhuma.
Lindsay observa a foto amarelada, com manchas devido o tempo... Mas ali podia-se ver muitas coisas e pessoas. Eram cinco. Dr. Antonin, com uma cara de hippie, Victoria, Tia Badwer e mais dois: um homem e uma mulher, que evidentemente são os pais biológicos de Lindsay.
— Esses são...
— Seus pais biológicos, filha... — Victoria acrescenta a fala dela, hesitando, enquanto respira profundamente —, como eu disse: não tínhamos recordações. Mas achei essas, e eu achei que você deveria saber como eram seus rostos.
Lindsay observa com ternura, enquanto toca a foto delicadamente com os dedos. Uma lágrima escorre pelo seu rosto, caindo no cantinho da foto, umedecendo-a. Uma sensação de conforto toma conta de Lindsay, deixando-a em paz. Saber e ter consciência de como eram seus rostos, fazia Lindsay perceber, que seus traços eram idênticos a da sua mãe, que também era ruiva. Victoria tinha cabelos negros, que se destacavam com seu rosto branco e sem cor. Sua boca era pequena, e olhos redondos. Era realmente uma mulher muito bonita, mas completamente diferente de Lindsay, que tinha rosto quadrado, lábios carnudos, olhos verdes, extremamente fortes e expressivos, e um longo cabelo ruivo, ondulado, que batia em sua cintura. Victoria era jovem, com exatos quarenta e cinco anos de idade.
— Eram como eu imaginava... — Lindsay diz, sorrindo. Ela põe a fotografia com as outras, e olha para Victoria, encarando seus olhos —, mas sou extremamente grata por você ter entrado em minha vida, mãe...
Victoria chora, emocionada, enquanto esboça um sorriso para equilibrar sua emoção e mostrar o quão estava feliz.
— Eu que agradeço por você ter surgido em minha vida — Victoria fala, emotiva, enquanto segura firme a mão de Lindsay.
Victoria tinha orgulho da garota e sempre cuidou de ela da melhor maneira possível, criando um vínculo muito forte, realmente.
***
A aproximação de Dmitry e Lindsay, desenvolveu uma formidável amizade. Eles se sentiam bem em compartilhar um com o outro, assuntos que antes eram enterrados pelos seus sentimentos.

Já era final de semana, e Lindsay havia convidado o garoto, Dmitry, para passear com sua mãe, pela suave e calma região, e ele por fim, aceitou o convite, com vontade. Ter esse contato, poderia ser bom para saber um pouco mais sobre Lindsay, e vice versa.
Victoria ainda não acreditava na "loucura" e na situação que Lindsay a colocou, assim pensava.

O ESTÁGIO: InevitávelOnde histórias criam vida. Descubra agora