PRÓLOGO

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ALGO CONTROLAVA LINDSAY.
— Por favor... Ajude-me — Lindsay cai de joelhos no chão frio, de concreto. Estalando um eco no salão do palácio.
— Você é uma bruxa. Uma bela e poderosa bruxa.  Liberte-se! — Elizabeth diz, sorrindo, neutralizada com o evento fantástico que estava havendo no salão. Luzes, vento, o som do badalar do relógio, em sincronia com o pulsar do coração da jovem ruiva. Elizabeth, continua com sua elegância, puxando o vestido para cima, ao ponto de mostrar seus belos caçados, enquanto caminhava até a garota, devagar.
Lindsay não conseguia mais se mexer, naquele momento. Estava intacta. Congelada por uma espécie de força sobrenatural.
Ela respira profundamente e apoia as mãos no chão, ainda trêmula. Estas ainda tinha liberdade.  O som rítmico daquele badalar do grande relógio que havia no salão do Palácio de Elizabeth, penetrava em sua mente, hipnotizando-a. Ela leva a mão à cabeça, em reação a uma força que saia de seu interior. Ela grita alto, por não compreender o que de fato era aquilo. Por estar sozinha. Por não estar com o adorável Dmitry. As janelas altas, de vidros coloridos, explodem, como consequência inusitada do ato da garota. A lareira se apaga subitamente e a grande porta da frente se abre. Um vento frio e sombrio esfria o lugar, dando um clima melancólico e místico ao salão.
— O que está acontecendo comigo? — Lindsay sussurra para si mesma, ao notar que meu corpo estava mudando interiormente. Sua visão estava aguçada. Seu olfato. Sua audição. Ela era um novo ser.
A mulher cantarola novamente a música, que penetra de forma ávida, a mente de Lindsay. Impressionando-a à nunca mais esquecer aquilo.
O chão estremece, e os ventos uivam como lobos solitários. A tempestade de gelo e granizo fazia barulho ao bater  no que restava das janelas, derrubando cacos de vidros que caem como pedras, despedaçando-se.
Assim que o relógio dá sua última badalada, tudo fica silencioso e calmo. Ainda de joelhos no chão, Lindsay se arrasta até a saída, a grande porta que ainda estava aberta e jogando neve e gelo para dentro do salão.
— Viu? Nada de ruim lhe aconteceu — Elizabeth pronunciou, calma, ainda analisando os passos fracos e arrastados da garota —, é tão normal sentir-se assustada com o novo. Mas filha, quero te mostrar o que realmente importa.
Filha? Lindsay não esperava uma afirmação destas. Ela não a conhecia. Não sabia quais eram as intenções daquela mulher misteriosa e desconhecido. Depois de tudo que havia acontecido na cidade de Osbrück. Era difícil acreditar e confiar em pessoas. Lindsay sentia intimamente que a maldição de Zweibluts ainda estava viva e se desenrolava como o prometido. Como ela sabia disso? Talvez pela sensação estranha de sede. Sede de sangue...
Tudo o que ela havia descoberto com o Dmitry, Melissa, Erich e Dr. Antonin, poderia ser uma grande verdade: sua família realmente havia sido amaldiçoada. Ela era o resultado da traição e da quebra das leis de Westt, que se espalhava por todos os reinos da Baixa Saxônia, como um vírus. Bruxos e vampiros eram inimigos mortais.

— Preciso ir... — Lindsay diz, calma, levantando-se do chão. Ela precisava procurar os garotos, e tentar evitar o que era inevitável: provar o sangue. Ela era uma vampira, agora, mas Elizabeth afirmava que ela era uma bruxa. Uma coisa Lindsay tinha infinita certeza: a força que havia dentro dela era latente e viva, que parecia romper qualquer inevitável morte, que a maldição poderia impulsioná-la, mas também, Elizabeth poderia ser só mais uma que queria destruí-la, por motivos aparentemente obvieis.
— Não, não... Ainda falta algo. Sei o que você precisa, garotinha — Elizabeth diz, com ternura, passando uma calmaria quase hipócrita. Ela vai em direção a um grande armário e retira deste, uma bela garrafa de vidro, com delos desenhos. Algo realmente muito fino. Pega também duas belas taças de cristal, para eventos realmente importantes.
— Vamos comemorar seu aniversário — ela acrescenta, sorrindo e retirando a rolha da garrafa, que parecia ter uma bebida estranhamente conhecida.
— Desculpe-me. Mas não é meu aniversário — Lindsay retruca, desnorteada. Ela não quer mais sair pela aquela porta e ir, pois sentia uma coisa diferente. Conseguia sentir um agradável cheiro.
Elizabeth olha para Lindsay com uma cara amigável e mantém a expressão lisa, enquanto caminhava devagar até onde Lindsay estava. O som dos calçados ecoam.
— Não seja insolente. Claro que é seu aniversário — ela lança um sorriso quase de deboche, enquanto coloca a bebida vermelha escarlate em uma das taças de cristal —, uma nova vida se inicia. É nossa vez de governar. Vamos triunfar juntas.
Que estranha tolice seria se aquela bebida fosse realmente sangue, isso não tem mais provas de que aquela mulher queria acabar com Lindsay, e ela sentia isso. Conseguiu compreender todo o teatro, mas indiferente das consequências, a garota sentia um desejo incontrolável de provar aquilo. Fazia parte!
A bebida preenche toda a taça, tingindo-a de vermelho, enquanto Lindsay enche os olhos e uma leve sensação de água na boca, se gera.
Elizabeth toma um gole e parece apreciar a bebida. Seu sorriso mostra isso.
— Hummm... Você realmente precisa provar isso. Esperei tanto tempo para reencontrá-la, filha. Peço que comemore comigo, neste dia tão especial de solstício de inverno — Elizabeth fala, devagar, persuadindo-a —, anda! Aproxime-se.
Lindsay dá pequenos passos em sua direção. O aroma é cada vez mais intenso. Sim, aquilo realmente lhe dava água na boca, e definitivamente era o que a garota esperava: sangue.
— Prove! — Elizabeth lhe oferece, com um breve sorriso em seu rosto.
Elizabeth estende a mão, levando a taça para mais próxima de Lindsay. Ela a segura, com as duas mãos e leva-a devagar e suavemente até sua boca, tocando seus lábios. A bebida umedece seus lábios, fazendo-a arrepiar. Sua pupila dilata, e uma força se movimenta. Era o que Lindsay precisava naquele momento. Precisava provar aquilo mais que tudo.
Ela toma um gole satisfatório e sem culpa ou medo. A bebida desce pela sua garganta, preenchendo o vazio e a dor que ali se estabelecia.

— Nãooo...
Alguém grita fazendo-a olhar para trás, subitamente.
— Dmitry? — Lindsay pensa, quando ainda tinha consciência do que estava acontecendo.
Era ele. Melissa acompanhava-o. E eles chegaram no momento, em que ela terminava de provar aquilo. Havia uma expressão inconformada no rosto do garoto, e esta, deixava Lindsay inquieta.
Mas já era tarde...
Lindsay sentia algo consumi-la a partir de dentro. Era algo voraz, forte, e parecia mudá-la à algo maior.
Ela se sente tonta, como de costume, e deixa a taça cair no chão, despedaçando-se em cacos finos.
Lindsay não conseguia com o peso do próprio corpo. De joelhos ao chão, novamente, ela não pôde evitar uma queda, brusca. Tudo estava lento. Seus olhos pensavam. Ela não poderia mais ficar consciente. Tudo fica escuro.
Ela estava morta...

O ESTÁGIO: InevitávelOnde histórias criam vida. Descubra agora