MIRE PARA O ALTO
Cidade de Osbrück. Outono de 1910.
O dicionário já tinha a definição mais lógica para o amor: forte afeição por outra pessoa, nascida de laços de consanguinidade ou de relações sociais. Em outras palavras, amar alguém é inevitável. Em todas as circunstâncias da vida, não importando quem você seja, qual sua idade, sexo, status, você irá se conectar à uma pessoa adorável que te fará perceber que o mundo também pode ser dividido entre os demais, e que desbravá-lo ao lado de alguém, pode ser majestoso, e assim deve ser, cheio de união, respeito, harmonia e reciprocidade. Esta última, que define o rumo das relações ligadas ao amor. Sem reciprocidade, as relações pendem, como pesos mal distribuídos em uma balança. É aí que muitas pessoas confundem o amor com a possível, decepção. Neste caso, o amor nem sempre foi ruim.
Apaixonar-se por Dmitry Vuotchk, não estava nos planos de Lindsay, mas aquela aproximação era inevitável. Por um momento ela parou para perceber o que realmente estava sentindo. Ela nunca havia se sentido assim antes, e agora, sabia mais que tudo, que aquele sentimento por Dmitry só aumentava.
O sol resplandecia e triunfava naquela manhã. Ainda na cama Lindsay se vira de lado para evitar os raios solares que se adentravam no seu quarto, através de uma fresta na persiana da janela.
Os pássaros assobiavam mais que lenhador na floresta e o perfume das rosas, que tinham em quantidade, na varanda da casa, subiam até seu quarto e misturavam-se com o aroma de café fresco, recém passado, que Victoria preparava. Tudo isso lhe dava ânimo para mais um dia. Ela estava muito disposta.
Lindsay se levanta da cama e olha para o relógio. Ela havia dormido demais.
— Lindsay! Hora de levantar — Victoria grita, do andar de baixo.
— Só mais dois minutinhos — Lindsay responde, já indo em direção ao banheiro.
Lindsay se arruma e desce as escadas. Ela estava
Victoria já estava na sala, e pronta para ir ao consultório do Dr. Antonin, em Osbrück.
— Bom dia, filha — Victoria diz, sentada no sofá, enquanto arrumava alguns papéis.
— Bom dia, mãe. O que é isso? — Lindsay pergunta, ao ver os papéis em sua mão, e em cima da mesinha de centro.
— São alguns documentos. Os deixei aí em cima da mesa para não esquecê-los — Victoria responde, organizando-os e colocando em uma pasta, em seguida ela se levanta e vai até Lindsay —, tome seu café-da-manhã.
Victoria vai até à cozinha, e Lindsay a segue.
— Você sabe que vamos fazer uma visita ao Dr. Antonin hoje? — Victoria acrescenta, pegando umas xícaras e pondo café.
— Sim, mãe — Lindsay responde, puxando uma cadeira e sentando-se à mesa.
— Mas, para quê aqueles documentos? — Lindsay volta a perguntar sobre os papéis, um tanto desconfiada.
— Documentos desta casa. Sabe que a tia-avó deixou de herança, mas há algumas pendências, também... Coisas normais. Não se preocupe quanto a isso.Victoria parecia tentar lhe esconder algo, mas, mais cedo ou mais tarde, Lindsay poderia descobrindo esse possível segredo, se assim, for importante para ela, porque uma coisa é extremamente certa: nada chega até nós, nessa vida, sem que seja por um motivo estreitamente lógico.
Lindsay, por um momento, pensou que aqueles papéis poderiam ter informações sobre a verdade, acerca da morte de seus pais biológicos, e essa intuição era tão forte, que ela sentia uma vontade estranha de dar uma espiadinha naquele montante.— Você tinha percebido que o Antonin tem um belo par de olhos lilás? — Lindsay indaga para a mãe, enquanto prova uma fatia de bolo de cenoura.
— Sim, minha filha. Ele é especial, não é mesmo? Segundo ele, é uma falha genética — Victoria responde de forma tranquila, como se não se importasse muito com isso. Era fascinante como olhos tão raros não pudessem chamar a atenção.
— Eu nunca vi algo igual. Realmente o mundo é surpreendente — Lindsay assente, sorrindo.
— Sim, filha. Há olhos de variadas cores. Variados tons de azul, verdes, mel, cinza, negros, marrons, violetas... — Victoria parecia saber o que estava falando. Na escola onde Lindsay estudava, ela nunca havia ouvido falar, ou estudado qualquer tipo de referência sobre olhos. Isso a deixa curiosa por saber mais, sobre estes.
— Antonin está morando em Osbrück, então?
— Sim. Há duas semanas.
— Será que as coisas na França não deram muito certo?
— Na verdade ele tinha ido para estudar mais. Sabe como é essa profissão, você deve estar sempre estudando — Victoria responde, cortando uma pequena fatia de queijo e levantando-se da cadeira —, terminou, filha? Não podemos chegar atrasada. Além do mais, vamos andando.
— Eu já terminei. Vamos!
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O ESTÁGIO: Inevitável
Novela JuvenilOsbrück, Alemanha de 1910. Em "O Estágio", Lindsay Lüscher terá que correr contra o tempo e achar a solução para quebrar a maldição de Zweibluts, ou caso contrário se transformará em vampira, mas caso a garota beba sangue, ela morrerá. Inevitável s...