O ESTÁGIO: Inevitável

CAPÍTULO QUATRO

OLÁ, PESADELOS

Cidade de Osbrück. Outono de 1910.

Haviam duas vozes que gritavam estridente e intensamente dentro da cabeça de Lindsay. Uma delas lhe dizia: mantenha-se alerta quanto a tudo e a todos. A outra, salientava: aproveite a sua nova fase de vida, ela é gloriosa.
Evidentemente, Lindsay não sabia o que essas intuições queriam lhe dizer, mas estava receptiva e aberta para tudo que viesse.

Lindsay caminhava por uma rua central, em Osbrück, próximo à escola Osbrück Bildungseinrichtung, quando vê de relance alguém entrar em uma biblioteca. Parecia muito com o Dmitry. Ela não hesitou em entrar lá para conferir.
A fachada da biblioteca era imensa, toda em granito escuro, com perfeitas linhas gótica. Haviam duas estátuas de grifos. Eram criaturas mitológicas com corpo de felino, como leões e cabeça e asas de águia. As estátuas estavam na entrada principal, como sentinelas. A grande porta de madeira que dava acesso ao interior do lugar parecia ter cerca de três metros de altura, por dois de largura. Era incrivelmente grande.
Lindsay empurra a porta que modestamente era menos pesada do que ela poderia imaginar. O primeiro contato com o interior lhe alertava prontamente que ela estava de fato, em uma biblioteca. Haviam altas e espaçosas estantes de livros por toda parte, e uma recepção que ficava alinhada com a entrada. O teto do local era bem alto, e haviam gravuras e desenhos por todas as partes.
Uma bela mulher de cabelos negros, lisos, e rosto fino e amarelo, estava entretida com um livro. hipnotizada. Aquela cena era perfeitamente comum no local.
Ela olhou diretamente para Lindsay, quando os passos da garota emitiram um som oco no grande lugar.

— Pois não? — a bibliotecária diz, com um sorriso largo, recebendo a garota.
— Olá, eu estou procurando um amigo... — Lindsay diz, enquanto olha em volta, procurando o Dmitry.
A bibliotecária também olha em volta, e com uma expressão de exclamação, sorri.
— Achei! Aquele rapazinho acabara de entrar aqui... — ela diz para Lindsay, sussurrando.
— Sim, é ele. Obrigada... — Lindsay agradece.
Dmitry estava de pé, frente a uma estante de livros bem antigos, na seção de livros de história local.
— Não sabia que gostava de história local... — Lindsay diz, baixinho, a fim de não assustá-lo. Bom, não ajudou muito.
Dmitry dá um pequeno pulo, assustado fecha o livro e olha para trás.
— Lindsay. Você me assustou. O que faz aqui? — Dmitry indaga, colocando o livro novamente na estante.
— Eu vi você entrando aqui e decidi vir aqui cumprimentá-lo — Lindsay diz.
— Eu vim entregar um livro que havia pegado emprestado e também, levar outro. Ainda falta vinte minutos para a aula começar — ele assente, sorrindo para ela.
— Gosta da história de Osbrück? — Lindsay pergunta, sabendo que Osbrück tinha uma longa história de muita guerra e paz.
— Sim, é bem interessante. Na verdade eu busco pistas de uma coisa que eu estava pesquisando — Dmitry diz, com a velha mania de fazer mistério. Lindsay sentia-se curiosa.
— Coisa? E eu poderia participar desta investigação? — ela pergunta, sem medo de ouvir um não. Mas isso era pouco provável.
— Talvez você possa ser útil. Mas mais para frente te conto exatamente o que busco — ele responde, sorrindo e pegando outro livro da prateleira.
— Vou levar este! — Ele acrescenta, indo em direção à recepção.
— Tudo bem... Este parece um bom livro. Eu também adoraria saber mais sobre Osbrück e região. O ar dessa cidade me passa uma boa energia, mas me instiga a saber o que existe além das colinas e floresta de Teuburg.
Dmitry anota a retirada do exemplar e deixa-o no balcão da recepção da biblioteca, aos cuidados da bibliotecária.
— Você não vai levá-lo para a escola? — Lindsay questiona, curiosa com o fato de ele deixar o livro ali para retirar depois.
— Agora não... Eu pego na volta, quando eu for para casa. Assim não irei andar com tanto peso — foi sua resposta.
De fato, o livro era muito grande para andar com ele por aí.
Eles dois saíram da biblioteca e seguiram até à escola que ficava ali próximo, há duas quadras.