Born in the wrong century (nascida no século errado)

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Gente, essa uma variação da história "perdida" da Carina Rissi, uma escritora fantástica que fez com que eu me apaixonasse pelo seu livro, eu super recomendo ele :D muitas pessoas podem não gostar de eu usar artistas famosos como personagens, mas leiam mesmo assim, garanto que continua sendo uma boa história :D

- 06/03/2014 -

Mais um dia glorioso em Nova York, eu ri comigo mesma, com tanta ironia. Me troquei rapidamente colocando meu Iphone na bolsa, junto com um absorvente reserva, procurei meu tablet para ler nele durante o tempo em que eu ficaria no ônibus, mas não o achei, merda, eu não vivo sem tecnologia, essa é uma triste verdade, acho que não aguentaria um dia sem usar o facebook ou twitter ou ouvir música. Tive que partir para o impensável, fui até o quarto de meu pai, onde eu não entrava muito, depois da sua morte, não consegui me desfazer de suas coisas, passei pela sua biblioteca particular procurando pelo livro, eu sabia que estava por ali, avistei a capa vermelha no final da prateleira, era ele. Sorri e fui até lá e o segurei, soprei o pó que tinha e o coloquei na bolsa, sai correndo do quarto, o tranquei e coloquei meu copo de café no micro-ondas enquanto calçava meu salto, peguei meu Allstar vermelho e coloquei na minha bolsa também, porque? Eu não sei, eu só gostava de andar com eles. Escutei o barulho do ônibus e corri para fora de casa, o motorista me conhecia, e não ia me esperar, eu sempre me atrasava, tranquei a porta e corri tentando alcançar o ônibus maldito, estava quase lá, até meu salto quebrar e eu ir de cara no chão, a propósito, esqueci de comentar que estava chovendo. Mas que maravilha! O salto que eu mais adorava, nem era alto, quebrou, fiquei toda molhada de chuva e lama, e só para melhorar, Cher e suas amigas/escravas estavam passando por ali de carro, o vidro da BMW abriu e eu ouvi o barulho de seu celular, o barulho que faz quando é tirada uma foto, vadia! Ela saiu rindo com as amigas, fazendo mais lama cair em mim. Se eu ia chorar? Não, claro que não, eu iria pra escola enfrentá-las e dar um beijo no meu namorado, fazer amigos e continuar vivendo minha vida.

Eu estava no ultimo ano, já morava sozinha, minha mãe me deixou com meu pai quando eu tinha 8 anos, meu pai morreu em um acidente de carro a um ano atrás, tentaram me levar para um orfanato, mas fiz um trato com minha tia, que me odeia, e ela pegou minha guarda, mas apenas como formalidade pois logo em seguida foi embora e então passei a viver sozinha.

Nunca dei ouvidos ao que as piranhas da minha escola me diziam, eu não queria saber delas, enquanto eu tivesse o amor da minha vida comigo, nada me derrubaria. Comecei a caminhar descalça até lembrar que tinha meu allstar vermelho na bolsa, era o único presente que eu tinha do meu pai, o vesti, sem meias mesmo, afinal ninguém ia cheirar meu pé pra ver se eu estava com chulé, sorri em pensar como o destino pode ser engraçado, nem imaginava o que ia acontecer quando trouxe o allstar comigo, era só um ritual de começo das aulas, eu sempre levava no primeiro dia. Como a chuva começou a cessar eu peguei meu livro e continuei a ler, eu me sentia bem ao ler aqueles livros em que a história se passava séculos atrás, era tão bonito o romance inocente da mocinha e o mocinho, sem sexo, mas amor, sem "gostosa", mas "linda", sem malicia, mas inocência. Era isso que eu amava naquele livro.

***

- Senhorita Lovato, atrasada como sempre. - O professor substituto de geometria, Louis, disse sorrindo e me olhando de cima a baixo. Eu estranhei isso até lembrar que estava molhada e suja, tirando meu allstar.

- Foi mal. - Sorri e me sentei ao lado de Logan, meu namorado, ele já estudava naquela escola, ele me olhava com uma expressão de "what a fuck?!" eu sorri para ele, que se aproximou e acabou com a distancia entre nossos lábios.

- O que aconteceu? - Ele perguntou.

- Eu tropecei e caí numa poça. - Disse e ele riu, dei um soco no seu ombro.

- Ai, doeu! - Minha vez de rir.

- Era para doer mesmo. - Voltei a prestar atenção na aula.

O sinal tocou e eu ainda não tinha entendido nada de geometria, eu era um desastre nisso, o professor foi o primeiro a sair, Logan disse que iria ficar para procurar seu caderno, pois achava que Zac o tinha escondido, desde quando ele usava o caderno? Assenti e sai da sala indo falar com Emily, minha vizinha, era a única que eu conhecia daquela escola.

- Oi. - Eu disse, mas ela me ignorou. - Emily, não ta me ouvindo não?

- Ah, oi. - Ela disse enjoada, a pra puta que pariu, pelo visto eu não conhecia direito minha vizinha, pois ela parecia gente boa, mas é a maior patricinha.

- Esquece, tchau. - Disse e sai andando até ver Cher se aproximar dela, não acreditei, droga, Cher não podia escolher outra escola para estudar não?! Mas que desgraça. Ela sussurrou algo no ouvido de Emily e saiu.

- Me desculpa Dems. - Ela me puxou se agarrando ao meu braço como se fossemos melhores amigas, fiquei puta com isso.

- O que você quer? - Fui direta, ninguém me engana assim tão descaradamente.

- Quero te levar pra conhecer a escola. - Ela disse sorrindo nervosa.

- Conta outra, eu vi a Cher falando contigo, fala logo. - Disse brava.

- Er...é... eu...

- Ai, deixa que eu descubro. - Disse e me desgrudei dela.

Caminhei até onde tinha visto Cher ir e me deparei com algo que não estava mesmo afim de ver, fiquei tão triste que até ri da situação.

- De...De... Demi?! - Logan disse se afastando de Cher. Eu ri mais ainda do susto que ele levou.

- Parabéns. - Bati palmas para ele, parando de rir, eu só estava rindo para não chorar. - Você conseguiu.

- Meu amor, espera, eu posso explicar.

- Então vai, explica. - Eu disse e cruzei os braços, ele me olhou incrédulo, ué? Ele não pediu para eu deixar ele explicar. - Ah, deixa eu adivinhar, você não tem explicação. - Sorri amarga, uma lagrima escapou de mim, mas eu a limpei rapidamente.

- Não chora, por favor. - Ele disse, eu o deixei se aproximar o suficiente e dei um belo tapa na sua cara, fazendo os outros alunos gritarem 'uuuuu' e ao invés de culpado ele ficou irado. - Vadia.

- Vadia é a garota que você tava pegando. - Eu disse olhando Cher. - Alias, ela não passa de uma piranha invejosa, que quer tudo o que é meu.

- Querida, você que quer o que é meu, eu tenho amigas, você não, eu tenho um cara, você não, eu tenho uma mãe e você não, eu tenho um pai e você... - Dei um soco em cheio acertando seu nariz, ela caiu no chão com o impacto, e me olhou assustada.

- NUNCA MAIS FALE DO MEU PAI, ESTA ENTENDENDO VAIDA DO INFERNO! -Gritei e todos pararam para me olhar. - E espero que aproveite enquanto há tempo, porque quem trai uma, trai duas. - Sorri, sai da escola correndo com dificuldade, pois minha saia não me ajudava muito, estava ventando forte e eu havia esquecido minha blusa, abracei meus braços e fui para uma praça, onde havia uma estatua de um homem engraçado, eu sempre ia lá com o meu pai, isso me fez desabar, Cher estava certa, não que eu queira o que ela tem, mas sim que eu não tinha amigos, não tinha "um cara", pai, nem mãe, eu estava sozinha no mundo, como sempre, peguei meu livro em minha bolsa, o abri e continuei minha leitura, eu sorri quando o mocinho beijou a mocinha, tudo era tão bonito nos livros, e porque não na vida real? As vezes eu penso que nasci na época errada. Ri com meus pensamentos e voltei para casa, quer saber, eu vou me divertir, esquecer de tudo.

Corri para dentro de casa, só troquei de camiseta, coloquei uma troca de roupa na minha bolsa, caso eu precisasse e sai, chega de sofrer.

***

Estava dançando como uma louca depois de ter bebido todas, as pessoas foram indo embora e eu continuava ali, dançando fingindo estar bem. Eu não sabia bem quanto tempo já havia passado mais só sei não conseguia ver nada direito, um cara me segurou e foi me levando para fora da boate, eu me soltei dele e falei algo que nem eu mesma entendi, e fui andando, só soube que estava de volta a praça quando vi aquela estatua engraçada, fiquei com uma vontade imensa de dançar com ela então fui caminhando até lá, mas tropecei e caí na grama, minha visão foi ficando embaçada e então não consegui ver mais nada.

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