A carruagem parou em frente ao belo palacete, Blenda desceu do veículo, e adentrou na propriedade. Bateu na porta, esta qual fora aberta por um mordomo. – Sou a senhorita Blenda Lindner, a nova professora das filhas do senhor Velásquez. – Falou ao realizar uma vênia em cumprimento. O mordomo fez-lhe um cumprimento com a cabeça sem nada dizer e lhe deu passagem.
- Acompanhe-me, o senhor Velásquez a aguarda em seu escritório. – Falou com pompa. Blenda o seguiu.
Assim que adentrou no escritório sentiu o ambiente mudar, ficar mais... Leve?! O mordomo a apresentou e se retirou em seguida.
Senhor Velásquez estava de costas, com alguma coisa nas pernas.
- Agora dêem licença ao papai e esperem lá fora, tudo bem? Poderão entrar assim que eu falar com a nova professora. – Ouviu-o pedir co carinho na voz.
- Sim, papai. – Disseram duas vozes doces em uníssono, que Blenda presumiu serem as filhas dele. Logo duas garotinhas idênticas saíram de trás da grande mesa de mogno, e saíram correndo, passando por ela e direção a porta, parando um momento para observá-la antes de fechar a porta.
Quando o homem se levantou da poltrona que estava de frente à janela, e a olha. Os olhares se encontram, e Blenda sente todo o ambiente ficar comprimido. Sem aviso e nem mesmo um pequeno prelúdio, ela se vê encantada com o homem a sua frente. Sua aparência física era a de um típico espanhol, mas aqueles olhos... Revelam sua ascendência, mesmo que bem fraca.
Ele é descendente de alemães!
- Senhorita Lindner? – Ele indaga já sabendo a resposta, ela assente sem conseguir articular palavra alguma. – Sou Maxwell Velásquez, irá dar aulas as minhas filhas.
- Me disseram isso quando aceitei o trabalho. – Ela lembra. Mas não avisaram que ele era descendente alemão, e nem que era lindo ao ponto de deixá-la momentaneamente sem fala! Completa mentalmente.
- Tenho algumas recomendações a fazer-lhe.
- Diga.
- Minhas filhas, Arlete e Salete, elas tem dificuldades na fala, por isto peço-lhe paciência. São meninas adoráveis e digo-lhe de imediato, ensine-as o máximo que puder... – Ele começa, mas Blenda levanta a mão para interrompê-lo.
- Perdão pela falta de decoro sir, mas se há algo que sempre prezo, é pelo bem-estar de minhas alunas, cuido de todas como se fossem minhas. Jamais faria nada para ferir seus sentimentos. Sempre busquei ser amiga delas e acima de tudo ensiná-las tudo o que puder e tudo o que elas quiserem aprender. Pequenas dificuldades podem ser vencidas, com perseverança e os ensinamentos certos. Não pense que me assustarei com um pequeno empecilho, pois se é a educação de uma, ou no caso duas jovens que se trata, não hesitarei de criar os métodos mais fantásticos para ensiná-las. – Afirmou com determinação, nunca desistira de uma aluna e não o faria agora. Também nunca ficara encantada com um dos pais das alunas, mas não vinha ao caso, ela era uma solteirona rica que ministrava aulas por prazer. Maxwell Velásquez era um banqueiro rico e viúvo com duas filhas gêmeas de nove anos de idade. Nem em sonho algo como um romance poderia se desenrolar entre eles.
- Pois bem. – Concorda Velásquez surpreso pela declaração da dama a sua frente. A senhorita Lindner era uma professora, mas se portava como uma aristocrata. Era perceptível apenas de olhar para ela. E principalmente: era alemã.
A trisavó dele era alemã que casou-se com um espanhol num acordo milionário e acabou se apaixonando pelo marido. A família dele era uma das poucas a prezar pelo casamento por amor. Fora dela que herdara os olhos, e fora dela que as filhas herdaram a pele alva.
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Blenda
Historical FictionBlenda nunca aceitou as coisas impostas as mulheres de sua época. Mesmo tendo descendência aristocrática, ela abandona tudo na Alemanha quando viajou para a Espanha, lá, ela se torna uma professora particular, que instruía jovens damas. Amante dos f...