Capítulo Três

929 138 17
                                    


Já faziam dois meses que Blenda dava aula para as gêmeas, ela percebera que realmente elas trocavam vez ou outra a seqüência das letras de uma palavras, dizendo-a ao contrario. As vezes elas acabavam fazendo uma pequena confusão entre letras que possuíam um ponto de articulação comum, e, cujos sons são acusticamente próximos. Na escrita de certas palavras também houve problemas.

Por algumas vezes quando foram escrever acabaram misturando as letras, sílabas e até palavras com poucas diferenças na escrita, e nas com formato similar, mas diferente direção. Essas pequenas dificuldades delas complicavam um pouco seu trabalho, mas tornava-o também uma forma mais complexa de aprendizado. Pois paciência era algo que deveria ter em todos os momentos.

E se já era complicado ensinar Arlete e Salete as matérias de arte, música e canto, alemão era um desafio a parte.

As confusões delas ficavam mais acentuadas quando tentavam pronunciar alguma palavra ou frase, sendo capazes de tirar qualquer um de seu eixo natural.

A parte boa, era que apesar das dificuldades de ler e escrever, as pequenas se mostravam flexíveis a mudanças e dispostas a aprender. Apenas esse fato já enchia Blenda e esperança e fazia o esforço valer a pena.

- Vocês recordam-se de tudo o que as ensinei? – Indaga Blenda para as alunas. Estava ensinando-as alemão novamente. Todos os dias os horários das aulas se faziam iguais: Artes; Musica; Canto e por fim alemão.

Há algumas semanas, Blenda vem ensinando-as o mais básico, e apesar dos percalços, elas estão aprendendo alemão muito bem. Já conseguem pronuncia alguns cumprimentos e os nomes de certos objetos e cores. Agora, pedira para que elas se apresentassem, como fizeram quando conheceram-na, mas desta vez, em alemão.

- Ja, Lehrer. – Afirmaram em alemão, a pronuncia maravilhosamente perfeita. Por mais que o alemão fosse muito diferente do espanhol, depois de algumas aulas, Lete e Sal, como pediram para serem chamadas, começaram a falar até melhor do que o idioma que cresceram ouvindo.

As gêmeas se entreolharam e repetiram os cumprimentos com elegância total.

- Ich bin Arlete Velásquez, Miss. – Falou a primeira com uma adorável vênia.

- Ich bin Salete Velásquez, Miss. – Repetiu Sal, um pouco mais hesitante que a irmã, mas indo tão bem quanto. Blenda bateu palmas de alegria, elas progrediram muito. Daria saltinhos de felicidades se não fosse por Velásquez entrando na sala no momento exato em que ela se levantou para abraçar as meninas. Tivera várias alunas ao redor destes anos, porém nunca teve a oportunidade de ensiná-las alemão. Era como um sonho aquilo, e com o progresso delas não poderia estar mais feliz.

- Estava andando próximo e ouvi algo que me lembrou alemão. Foram vocês? – Indagou Maxwell referindo-se as filhas. Elas assentiram com o grau de animação competindo com o de Blenda.

- Ja, Papa. – Falam em uníssono. Maxwell sorri, as gêmeas falavam alemão melhor do que ele, era difícil de admitir, mas era verdade.

- Vejo que já estão conseguindo falar tão bem quanto a senhorita Blenda.

- De fato, apesar das pequenas dificuldades, com um pouco de perseverança elas aprendem o que quer que seja. São meninas adoráveis. – Assegurou Blenda sorrindo, vendo as meninas trocarem sorrisos orgulhosos entre si.

- Filhas, podem ir-se? Eu gostaria de poder ter uma conversa com Srta. Blenda em particular. – Pediu gentilmente.

- Tudo bem papa. – Dizem as meninas, dando-lhe um beijo em cada bochecha quando passam por ele e saindo do quarto logo em seguida.

BlendaOnde histórias criam vida. Descubra agora