Capítulo Cinco

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Maxwell e Blenda observavam a paisagem do lado de fora enquanto conversavam amenidades. Maxwell estava encantado com a amplitude dos conhecimentos filosóficos da dama. Não havia citação que ele fizesse que ela não soubesse identificar o autor. Ela era fascinante

Apesar de ter certa noção dos conhecimentos dela, mas não imaginava que fossem tão abrangentes. Os conhecimentos de Blenda sobre filosofia, política, jurídica e outros assuntos eram demasiadamente espantosos para uma dama. As inteligentes respostas as perguntas, divagações e afins que ela lhe dava o deixavam impressionado.

E mesmo que soubesse ser incerto, duvidoso e um pouco errado, não podia deixar de se entregar um pouco mais a cada momento àquela dama que o entendia, mesmo discordando, com total perfeição.

A forma apaixonante como Blenda dissertava sobre Platão cativava sua atenção desde as primeiras palavras, a sabedoria em que ela expressava suas opiniões quanto a política espantava-o. As opiniões fortes que ela detinha sobre sua aversão a certos ensinamentos de Aristóteles deixavam-nos boquiabertos e o faziam crer que pudesse talvez estar sonhando, ou quem sabe a dama diante dele fosse uma miragem. Uma bela miragem. Uma miragem que mesmo que não admitisse para si mesmo, queria que fosse genuinamente real, pois ela era mais que perfeita.

Finalmente pararam em frente a um elegante estabelecimento, um novo restaurante que fora inaugurado há algumas semanas, ali os membros da nata da sociedade espanhola podiam esbanjar suas riquezas em jantares caros, exibir suas vestimentas mais modernas e apreciar a culinária mais variada. Velásquez presumiu que como o proprietário do estabelecimento, um deles no caso, era de origem alemã, seria demasiado interessante levar Blenda até lá.

Blenda observava a tudo maravilhada, afinal o lugar não era nada mais nada menos do que deslumbrante. As paredes em vermelho vinho, acentuadas pelas colunas de mármore branco eram contrastada com o tom de creme das mesas. O piso negro era repleto de pequenos arabescos, sendo iluminado por belos lustres de cristal que pendiam do teto. O contraste das cores e desenhos causava um ar bélico e uma sensação maravilhosa a dama.

O mordomo aproximou-se, assim que Velásquez falou-lhe quem era, o criado direcionou o casal para uma mesa um tanto afastada, mais próxima a uma varanda, mas também muito bela.

O casal sentou-se, e não demorou muito para escolherem seus pratos. E enquanto esperavam as refeições chegarem, conversavam. Para quem visse ao longe, diria que eles eram casados. Mesmo sabendo disso, nem ele e nem ela, importava-se. Talvez até desejassem isso.

- Mas e então Blenda... O que achaste? Gostou da surpresa? - Indagou Maxwell em determinado momento, sem conseguir conter mais sua curiosidade. Blenda riu gentilmente antes de olhá-lo nos olhos para responder.

- Muito. Não tinha a menor idéia de que este lugar fosse tão belo. - Falou num gesto abrangendo tudo ao seu redor.

- Mas me surpreende que nunca tenhas vindo aqui. - Ele sabia que talvez estivesse entrando na vida pessoal dela, mas desejava, e muito, saber tudo o que fosse possível sobre Blenda Lindner. Não havia modos de negar o quanto ela o encantava.

- Confesso, nunca pensei que viria. - Ela admitiu para a surpresa do cavalheiro. - Apesar de dispor de uma grande soma nos meus cofres, não costumo sair para divertir-me. Todas as minhas colegas são moças casadas e mães de família. Até porque, não adiantaria de nada. Eu iria me divertir e conhecer a cidade, mas quem me visse poderia presumir que eu estivesse quem sabe à procura de um marido ou amante. E jamais poderia arriscar minha reputação de tal modo. - A dama explicou. Ela não arrependia-se de ter dedicado todos aqueles dias, semanas, meses e anos aos estudos e a ampliar seu dinheiro, isso a tornara independente. Todavia, não poderia negar que adoraria divertir-se vez ou outra.

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