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O quarto estava escuro, desde a explosão que Lena mantinha as luzes apagadas, como se a claridade a machucasse profundamente. Kara não se importava já que sua visão era afiada e não lhe causava nenhum problema andar pelo quarto sem o auxilio da luz.

Naquele momento em que entrou no aposento para se preparar para dormir viu sua Lena sentada na poltrona perdida em pensamentos. Não tiveram tempo para conversar sobre a situação em que se encontravam agora, sua filha não havia morrido, mas não era a mesma de dias atrás.
Kara se sentiu afetada com aquilo, ver a frieza naqueles olhos verdes que até pouco tempo brilhavam com a alegria da vida, o sorriso caloroso foi substituído por um sarcástico e sem emoção, era doloroso para ela assistir a queda de alguém tão puro.

Lena também não estava bem com aquilo e Kara sentia que muito disso vinha do sobrenome, mais um Luthor pôs os pés na escuridão e ela sabia o quanto isso era perigoso e destrutivo.

- Onde foi que erramos? – Lena perguntou com a voz baixa e carregada de dor. – Será que fizemos algo que facilitou a transformação dela?

- Não amor. – Kara seguiu ate a poltrona, Lena se levantou para que ela sentasse e em seguida se sentou em seu colo. – Não sabemos tudo que aconteceu, não temos ideia do que ela passou até que chegasse a esse ponto.

- Eu vi Lex refletido nos olhos dela. – Lena disse com a voz embargada. – Eu tive medo Kara, sabemos o quão volátil ele é e ao que parece nossa filha também é.

- Lee, Alura não é o seu irmão. – Kara acariciava as costas de Lena. – Ela tem um coração de ouro e apenas esta perdida em um caminho escuro, com o tempo podemos trazer ela de volta. – Deu um pequeno sorriso.

- Ela não parecia muito disposta a voltar. – A morena disse triste. – O que me incomoda é a naturalidade com o que ela fala sobre matar alguém, sobre destruição, pensei que quando  fosse mãe a minha criança jamais teria que se preocupar com nada além de ser criança.

- Não podemos desistir dela Lee. – Kara passou os braços pela cintura de Lena. – Se nós fizermos isso ai sim Aly estará perdida para sempre, recebemos uma segunda chance de ter nossa filha e ama-la, mesmo que no momento seja difícil lidar com quem ela é.

- Tenho medo de que ela se perca para sempre. – Lena suspirou. – Medo de que ela não viva com a alegria de amar a vida, mas com o desejo de destruição de tudo.

- Eu também Lee. – Kara confessou. – A raiva é a queda de todo Kryptoniano, esse sentimento é profundo nas pessoas do meu planeta e nem toda a lógica e ciência foram capazes de erradicar isso. – Disse. – Alura está no caminho da raiva agora e isso esta enraizado nela, foi o que viveu nos últimos anos, temos que ensina-la a como se libertar disso, que as ações dela sejam guiadas pela bondade e não pela fúria.

- Não sei se ela vai nos ouvir. – Lena se aconchegou em Kara, precisava do conforto dos braços da amada.

- E desde quando os filhos escutam as mães? – A morena se permitiu um pequeno sorriso, estava grata por Kara.
[...]

Alura não sabia o que fazer, não tinha certeza se deveria ir para seu habitual quarto no térreo ou se deveria seguir para o quarto de Nora, ela havia ficando calada depois da conversa e das revelações, tinha receio de que aquilo tenha sido o limite para ela.

Estava parada no corredor olhando para a porta de Nora, ainda se sentia uma boba apaixonada quando o assunto era a velocista, ela tinha sido o que a manteve sã durante aqueles anos, mesmo sabendo que as chances de rever Nona eram quase nulas, ela se agarrou a esse fiozinho de esperança, mesmo quando tudo que era bom havia acabado.

Mexeu instintivamente na aliança que jamais saiu de seu dedo, suspirou, era uma idiota, se a esposa a quisesse no quarto teria a chamado para dormir, ao invés disso simplesmente sumiu depois que tudo acabou. Se virou para segui para o elevador quando escutou a porta se abrir.

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