Capítulo 9

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Ele calou-se por uns segundos e eu comecei a olhar à volta para o quarto dele. Tinha as paredes cheias de posters, uma escrevaninha com o portátil em cima, uma aparelhagem preta e uma montanha de cds. O resto era o básico. Fui ver os cds, pus Marilyn Manson a tocar.

Sentei-me na cadeira da escrevaninha a olhar para ele.

Eu: Complicado porquê?

Andy: O meu pai é alcoólico e tratava mal a minha mãe, então ficou com uma depressão e ainda aguentou uns tempos por minha causa mas depois acho que a doença a desgastou tanto que ela abusou na dose de comprimidos e não acordou mais. Tenho a data em que ela morreu tatuada no braço.

Eu: E tu moras com o teu pai?

Andy: Morei com os meus tios até aos 11 anos, mas depois eles foram para fora e o meu pai não assinou nada para me autorizar a viajar. Não tinha cá mais ninguém então fui forçado a vir morar com ele. E ele está desempregado então ganha muito pouco. Quase tudo o que tenho foi herança da minha avó e algum dinheiro que me davam quando cantava na rua onde morava antes.

Eu abracei-o e dei-lhe um beijo na cara.

Andy: Então, o meu pai que não é um pai para mim mas vamos supor, culpa-me por lhe dar despesas mas esquece-se que só moro aqui por culpa dele.

Eu: Então ele bate-te?

Andy: Basicamente, e por mais que me defenda é impossível. Já chegou a partir uma cadeira nas minhas costas.

Eu: Andy…

Andy: Só me apetece fugir.

Eu: Eu compreendo-te.. Onde é que ele está agora?

Andy: A beber numa valeta qualquer, de certeza.

Bom, eu estou mesmo cansada não queria ir nada para casa mas lá terá de ser. Amanhã encontramo-nos?

Andy: Sim, eu acompanho-te à janela.

Eu: Mas que cavalheiro!

Um até amanhã e dois beijos na cara.

Cheguei a casa, entrei pela porta da cozinha e fui para o quarto, a música abafou o som da discussão dos meus pais.

Estava deitada por cima da cama com uma t-shirt dos slipknot quando entrou uma pedra cá para dentro pela janela.

Eu: Andy o que é que estás aqui a fazer?

Andy: Posso subir? É rápido.

Eu: Sobe.

Ele em cima do telhado e eu com os pés no chão do quarto.

Andy: Preciso mesmo de te dar um recado.

Eu: Sobre quê?

Andy: Sobre algo que devia ter feito à muito tempo.

Ele agarrou na minha cintura e por 2 segundos ficámos de olhos nos olhos. Consegui ver o quão profundo era aquele azul, um azul que nos transportava para outro sitio.

O meu coração começou a bater mais rápido, senti o meu corpo a tremer e algo que nunca tinha sentido na barriga. Num impulso pus-lhe o braço no pescoço e a outra mão a passar por entre o seu cabelo negro. Estava mos os dois no mesmo sitio, noutra dimensão, num mundo à parte. Ambos sabíamos o que vinha a seguir ele curvou os lábios 2 mm, debruçou-se sobre mim e beijámo-nos. Pareceu tudo em camara lenta. E o tempo não existiu naquele momento.

Puxei-o para dentro. E tirei-lhe a camisola. Muito rápido talvez, mas também senti que fosse o correcto na altura. Eu queria estar com ele.

Andy: E os teus pais?

Eu: Estão demasiado ocupados a discutir.

Tornámo-nos um só enquanto um cd dos Korn estava a tocar. Por fim deitados os dois a olhar um para o outro ele deu-me um beijo na testa e disse.

Andy: Obrigada por existires.

E o som do vento da noite embalou-nos até acordar mos na manhã seguinte. 

In the EndOnde histórias criam vida. Descubra agora