Segundo Capítulo

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O táxi cheirava a perfume, doentio e doce. Lisa tentou beliscar o nariz e respirar pela boca, mas provar aquele cheiro era ainda pior. Sua garganta começou a fechar e a ânsia veio com força.

- Pare. Deixe-me sair.

O taxista deu uma olhada no espelho retrovisor e desviou para o lado da rua. Lisa cambaleou para fora do táxi, se apoiou em uma caçamba de lixo e vomitou. Ela não se sentia muito bem a um tempo atrás, mas agora estava mil vezes pior. Lisa vomitou até o estômago ficar vazio. Ela não se lembrava de ter se sentido tão mal em toda a sua vida e chorou por si mesma.

Finalmente parecia ter acabado. Lisa apoiou o quadril contra a lata de lixo para equilibrar e puxou a bainha da camiseta para limpar a boca. Ela se sentia vazia e fria. Piscando os olhos em busca de foco, percebeu que o táxi tinha ido embora. No começo ela se sentiu atordoada, olhou para os dois lados da rua e uma onda de desespero a atingiu. Sentiu um desequilíbrio em seus joelhos e começou a soluçar com sua mão frente a boca.

A igreja disse a ela que estava indo para o inferno quando a expulsaram, mas Lisa nunca acreditou. Deus nunca enviaria alguém para o inferno por amar Ela não poderia ir para o mesmo céu que sua família, mas ela não seria condenada pelo tempo e por toda a eternidade porque ela era lésbica. Deus simplesmente não poderia ser tão cruel.

Mas agora, de pé em uma rua deserta no escuro da noite, Lisa não tinha certeza de onde ela terminaria. Ela tinha se embebedado em um clube de strip-tease, deixou uma mulher nua se esfregar contra ela, e então acabou passando mal e perdida. Era difícil imaginar-se em um lugar mais baixo. Talvez ela merecesse ir para o inferno.

Lisa tropeçou no meio-fio por falta de um lugar melhor para se sentar e caiu para se enrolar em torno de seus joelhos. A parte que mais a assustou foi o lap dance. Não era como se Lisa nunca tivesse tido relações sexuais antes, mas nunca sentira algo assim. Foi maravilhoso de uma forma aterrorizante. Quais eram as chances dela se sentir assim novamente? Ela era uma pessoa má por gostar do que a dançarina fez?

A noite mais incrível de sua vida foi para a pior noite de sua vida. Tudo estava errado.

~Quebra de tempo~

Era política do clube que as dançarinas fossem escoltadas para seus carros depois que o clube fosse fechado. Jennie duvidava que isso era uma preocupação por sua segurança. Ela suspeitava que era para evitar ações judiciais caso uma delas fosse atacada. Seja qual for o motivo, foi uma boa política. Duas vezes na semana em que trabalhava no clube, Jennie viu homens esperando as dançarinas saírem.

Seu parceiro, Tom Dean, caminhou com Jennie até o carro enquanto as outras dançarinas se afastavam.

- Você está bem? - Ele perguntou rudemente.

- Sim. Você vai colocar o lap dance no seu relatório?

- Eu tenho que colocar.

Jennie rangeu os dentes. Ter o QG sabendo iria dificultar as coisas ao lidar com eles. A provocação seria brutal.

- Você reporta toda vez que uma dançarina transa com você ou te masturba no banheiro?

- Isso é diferente. - Jennie se virou para olhar o homem mais alto.

- Não é diferente. Nós fazemos o que temos que fazer para manter nossas identidades intactas. Isso é tudo.

- Não é o mesmo. - Disse Tom com uma careta.

- Certo. Continue dizendo a si mesmo isso.

- Olhe, não pense por um minuto que você sabe o que está fazendo. - Ele sussurrou. - Então você conseguiu não morrer por uma semana, que incrível. Você ainda não está perto de conseguir informações que podemos usar. Eu não sei porque eles acham que você pode fazer o que eu não pude fazer em quatro meses. É ridículo.

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