capítulo 3

111 17 22
                                    

Laura correu em direção a sua mãe caída no chão. O sangue da garganta deslarecerada formava uma poça na calçada. Laura sem perceber a noção do perigo berrava por ajuda. Logo ali diante dela homem que tinha atacado Dona Lurdes a olhava. Com o mesmo olhar que lançou antes de atacar sua mãe, ele estava se preparando para pular em Laura. Eu queria berrar em aviso, mas o choque de ver aquela mulher que tanto me apoio estirada no chão morrendo me congelou. Era como se minha mente estivesse presa em um corpo que não obedecia.  Não consegui raciocinar. O som de um tiro me acordou do choque. Ao olhar a minha volta avistei um policial atirando naquele homem. Gritos histéricos vindos de todos os lados invadiram meus ouvidos que antes só ouvia o lamento de minha melhor amiga. O monstro, que era só assim que conseguia chama-lo no momento, se virou para o policial e correu em sua direção. Sua velocidade era surreal. Mais tiros foram disparados em sua direção e se você não visse com os próprios olhos acharia que o policial estava errando o alvo. Mas as balas acertavam, porém atravessavam o corpo daquele monstro e ele parecia não sentir dor. Ele continuava a avançar até que chegou em frente ao policial que por azar descobriu que sua munição acabou. Sem dó ele foi atacado.

As pessoas corriam em todas as direções entrando em seus carros. Um dos motoristas no meio do caos atropelou algumas pessoas para poder fugir. Corri em direção a Laura, segurei o pulso de Dona Lurdes e constatei que já era tarde demais. Ela não tinha mais pulsação.

— Laura eu sinto muito, ela não resistiu. — as palavras saíram da minha boca com gosto amargo, jamais imaginei que teria que contar a alguém o que um dia alguém me disse no momento mais triste da minha vida. — Você me entendeu?

— Eu tenho que ligar para meu pai — o tom de voz de Laura  era calmo, era como se ela tivesse em transe.

— Precisamos sair daqui primeiro, vamos para sua casa e avisamos ele, o que você acha Laura? precisamos sair daqui.

O caos a nossa volta se tornava pior. O monstro não estava mais em cima do policial. Ele atacava uma adolescente com uniforme escolar. Ela berrava pedindo ajuda, mas ninguém iria ajuda-la.  As pessoas egoístas e queriam se salvar da morte. Pedi perdão a Deus por virar as costas para a garota, mas eu tinha que fugir dali e encontrar minha Beatriz. Peguei Laura pelo braço e ia levantando ela quando Dona Lurdes soltou um gemido.

— Mãe? Anita ela está viva! me ajuda a carregar ela, vamos levar para o hospital.

Dona Lurdes abriu os olhos e estavam iguais aos do seu atacante. Escorreu um liquido espesso e escuro nas laterais de sua boca. Nesse momento me lembrei que Daniela tinha me falado. Que seu irmão citou a palavra "Zumbi" em um e-mail. Era essa a resposta para aquela loucura? tudo isso se tratava de um apocalipse Zumbi? Era dificil imaginar a possibilidade de eu estar no meio disso, como aqueles personagens dos filmes que eu tanto gostava. Como se meu corpo tivesse se enchido de energia, segurei nos braços de Laura e a puxei para trás.

—O que você está fazendo? Ela está viva e tenho que ajudar ela.

— Laura eu sinto muito, mas a sua mãe provavelmente está infectada com alguma doença grave. Ela morreu e não sei explicar como, mas voltou como o homem que atacou ela. Ela pode se tornar violenta. Não sei se ela está pensando racionalmente. Sei que é difícil o que você está passando, eu já passei por isso. Mas agora temos que ir embora daqui.

— Que porra você está falando? só por que você não conseguiu salvar sua mãe não significa que eu não vou salvar a minha.

Como ela poderia falar isso? Eu fiz tudo que pude para salvar minha mãe. Vendi casa, meu carro, tudo para pagar os tratamentos. Eram situações diferentes, não entendi por que ela comparou. Laura tinha uma mania de falar sem pensar quando estava irritada. A magoa recente foi apagada pelo pânico que se instaurava em minha mente. Continuei segurando seus braços e tentando empurrar ela na direção do carro.

Cidadã ZOnde histórias criam vida. Descubra agora