CAPÍTULO 12 OS PAIS DA IGREJA E O DÍZIMO

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Após a morte do último apóstolo, João em 103 d.C. a igreja foi liderada por homens a quem deram o título de "pais" da igreja, este título foi dado devido ao carinho e respeito que os cristãos lhes prestavam, chamando-os de" pais", por conta do amor, zelo, e dedicação que tinham pela igreja, esses homens geralmente eram bispos da igreja em algum lugar do mundo.

Apesar de alguns erros que cometeram, no geral foram homens que batalharam pela ortodoxia doutrinaria, foram apologistas, polemistas, defensores da verdade, escritores de obras que ainda hoje contribuem com o doutrinamento dos cristãos em todas as partes do mundo, sistematizaram doutrinas fundamentais do cristianismo para melhor entendimento dos leigos, criaram declarações de fé como síntese das doutrinas mais importantes da igreja; e pelo extremo zelo que tiveram pela palavra de Deus, alguns deles foram mortos por sua fé em Cristo.

Atualmente esses homens são muito respeitados por teólogos de todas as denominações, e em todas as nações do mundo, por isso faço questão de mostrar o que alguns deles falaram sobre a doutrina do dízimo, já que viveram num período relativamente tão próximo dos apóstolos, que data do segundo ao sexto século, e em alguns casos, alguns deles até conheceram pessoalmente apóstolos de nosso senhor Jesus Cristo, como por exemplo, Policarpo de Esmirna que viveu de 69-159 d.C. e foi discípulo do apóstolo João, segundo Tertuliano, Policarpo foi consagrado bispo de Esmirna pelas mãos do próprio apóstolo João.

Portanto a importância de analisarmos o que esses homens falaram; vamos ver o que alguns pais da igreja disseram sobre dízimos:

1. Irineu bispo de Lyon (por volta de 130 a 202 d.C.), em sua principal obra intitulada "contra as heresias" escrita por volta do ano 180 d.C. disse:

"... E, em vez da lei que ordena a entrega dos dízimos, [Ele nos disse] para compartilhar todos os nossos bens com os pobres" (Contra Heresias IV.13.3).

"E por isso eles (os judeus) tinham de fato os dízimos de seus bens consagrados a Ele, mas aqueles que receberam a liberdade, puseram de lado todas as suas posses para os propósitos do Senhor, dando alegremente e livremente não as porções menos valiosas de sua propriedade, uma vez que eles têm a esperança de coisas melhores [futuramente]; como aquela pobre viúva que depositou todo o seu sustento para o tesouro de Deus" (Contra Heresias IV.18.2).

Irineu não foi o tipo de pastor que ensinava que os cristãos deveriam pagar os dízimos, pelo contrário, ele deixa claro que os dízimos eram práticas dos judeus e não da igreja, que ofertava de forma generosa, espontânea e voluntária, como de fato Jesus e os apóstolos ensinaram.

2. Clemente de Alexandria (c. 150-215 d.C.) em sua obra intitulada: Stromata, disse o seguinte sobre o dízimo:

"Além disso, os dízimos dos frutos e dos rebanhos ensinavam a piedade para com a Divindade, e não agarrar tudo com cobiça, mas comunicar dons da bondade para com os vizinhos. Pois foi por meio destes eu acho, e das primícias que os sacerdotes foram mantidos. E nós agora, portanto, compreendemos que somos instruídos pela lei em piedade, e em liberalidade, e em justiça, e em humanidade" (Stromata 2.18).

Claramente Clemente fala do dízimo como prática judaica, que eram dadas dos frutos da terra e dos rebanhos para sustento dos sacerdotes levitas, e deixa claro que agora a igreja é instruída à piedade e liberalidade, ou seja, a igreja não contribui porque é obrigada, pois não há imposição de porcentagem, mas com amor, em justiça e humanidade, referindo-se que as contribuições tinham por objetivo ajudar aos necessitados, e não em dar esperando algo em troca, ou ser um gananciosos, retendo tudo o que possui de forma egoísta.

3. Tertuliano de Cartago (c. 150-220 d.C.) em sua obra apologia, escreveu:

"Embora tenhamos nosso cofre, este não é constituído de dinheiro de compra [para comprar a salvação], como no caso de uma religião que tem seu preço. No dia mensal, se desejar, cada um coloca uma pequena doação; mas só se for do seu agrado, e somente se puder, porque não há compulsão; tudo é voluntário. Estes presentes são, por assim dizer, o fundo de depósito de piedade (Apologia 39).

Tertuliano deixa claro que as contribuições deveriam ser mensais, porém espontâneas, e diz que só se deve contribuir se for do agrado do irmão, e ainda por cima diz que oferte apenas se puder, disse ainda que nada era obrigatório, mas voluntário, deixando claro que não pregava dízimo para a igreja.

4. Justino mártir (100-170) um leigo sem formação teológica, mas que foi considerado o primeiro dos pais apologista. Em Roma, este leigo fundou uma escola de ensino da doutrina cristã, escreveu muitas obras, e em uma delas em relação a contribuições disse:

"Aqueles que prosperaram e tem esta vontade, contribuem cada um na quantidade que quiser. Aquilo que é coletado é depositado com o presidente, e ele cuida dos órfãos, das viúvas e dos necessitados...e daqueles que estão presos e dos forasteiros que habitam entre nós "(I Apol. 67; cf. Também Apost. 2.27).

Justino deixa claro que a contribuição é pela boa vontade de cada um, de acordo com a sua prosperidade, daquilo que possuem, e o quanto podem e desejam dar, era isso que ele pregava na igreja e ensinava aos pregadores e cristãos da sua época, e também disse que os necessitados deveriam ser os primeiros a serem socorridos com o dinheiro das ofertas.

Dos muitos pais da igreja apenas poucos falaram sobre o assunto diretamente como vimos a acima, outros se quer mencionaram por saberem que o dizimo não se aplica para a igreja, uns apenas mencionaram sobre o tema de forma superficial, mas nunca cobrando como obrigação da igreja.

Você percebe como é explicito, o que esses homens respeitados pela igreja no mundo todo, falaram sobre contribuições, eles mesmos refutam a prática do dízimo, falam de ofertas voluntárias, espontâneas e com amor, não como tem sido ensinado nas igrejas nos dias de hoje, não com essa opressão que pesa sobre os cristãos nos dias de hoje, portanto fica claro que os pais da igreja não ensinaram a igreja a dar o dizimo, muito pelo contrário, eles eram contra todo tipo de oferta dada com interesse pessoal, barganha e apelação.

Você sabia? O dízimo não é obrigatório e o devorador não é demônio!Onde histórias criam vida. Descubra agora