Onze

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Há dez minutos, Mia e eu esperávamos em uma sala reservada na prisão. Ela pedira para conhecer a mãe, coisa que eu não pude negar. A porta se abriu e Penny Peabody entrou seguida de dois policiais.
-O que você quer comigo, Jones? Veio rir da minha cara?- falou, se sentando na cadeira à nossa frente.
-Não. Eu só estou acompanhando ela.- me virei para Mia.- Ela pediu para te conhecer.- a expressão de Penny mudou. Ela agora estava surpresa.
-Mia?
-Sou eu. Eu quis... te conhecer. Juggie me procurou e contou tudo que havia acontecido entre você e o papai. Pelo menos, o que ele sabia.- ela não conseguiu se segurar. Acabou chorando. Mia se levantou e abraçou a mãe pela primeira vez.
-Acabou o tempo.- um policial falou. Penny seguiu com eles, mas não antes de se virar e falar:
-Obrigada por encontrar minha filha, Jones.

•••

POV ARCHIE ANDREWS
-Fala papai, Aaron.
-Achie.- ele falou pela décima vez.
-Papai, Aaron. Fala papai. Papai.- insisti.
-Achie.- pude ouvir a risada de Jug.
-Demorou.- falei, me aproximando dele e dando-lhe um selinho.
-Levei Mia na estação, mas ela pediu para esperar até o ônibus chegar.
-Ela... gostou de Penny?
-Sim. Parece que agora está tudo dando certo. Podemos descansar.
-É, finalmente.- Aaron, que até então estava quieto no meu colo, apontou para Jug.
-Jugi.- Jughead fechou a cara.
-Papai, querido.
-Jugi e Achie.
-Vai ser difícil...- ri.
-Ele não te chama de pai também. Pare de rir.- falou.- Onde está Hillary?
-Dormindo. Ela estava com um pouquinho de febre.
-Daqui a pouco, irei verificar ela então.

•••

POV JUGHEAD JONES
O tempo passou rápido. Archie e eu encontramos uma casa nova, não muito longe de onde minha mãe e Bernard moravam. Mia e a mãe de criação resolveram se mudar para Riverdale, ficando em nosso apartamento. E a qualquer hora, nossos filhos poderiam nascer. Estou no meu último ultrassom, ao lado de Archie, enquanto a médica analisava os bebês.
-Está tudo bem?- perguntei. Anna estava calada há alguns minutos.
-Há alguma coisa errada.- aquilo me fez tremer.- O bebê dois...- ela pegou o telefone na mesa.- Preparem a sala de cirurgia. Cesárea urgente.
-O que aconteceu?!- perguntei.
-O segundo bebê está preso ao cordão umbilical. Ele está sendo enforcado.
-Meu filho...- eu comecei a chorar. Um dos meus filhos, que nem chegara a nascer, estava correndo risco de vida.
-Jug...- Archie me abraçou uma última vez antes que eu fosse levado para a sala de operações.

•••

Acordo lentamente. Parece que fiquei dias assim, dormindo. Mas o que mais me preocupa é saber como estão meus filhos.
-Jug?- Archie se levanta da poltrona e corre para me abraçar.
-Como eles estão? Nossos filhos.
-Jug... Eu não acho que...
-Archie, o que aconteceu? Algo deu errado? Como estão nossos filhos?
-Duas meninas, Jug.
-Como elas estão?
-A segunda... ela... ela... nasceu morta.- senti como se meu mundo tivesse desmoronado. Minha filha havia nascido morta. A filha que não pude nem segurar. Comecei a chorar, chorar como nunca havia chorado. Era assim a dor de perder um filho.- Quer ver a outra? Talvez...
-Não. Não quero ver ela.- naquele momento, não estava a fim de ver minha filha que estava viva. Eu não a culpei pela morte da irmã. Eu me culpei.

•••

-Vamos lá, Jug. Ela precisa de você.- recusei segurar minha filha no colo.
-Eu não consigo nem me levantar, Archie... É culpa minha Loren estar morta.- Loren. O nome da filha que não sobreviveu. A outra não tinha um nome. Eu estava assim há quase duas semanas.
-Dê um nome para ela.- Archie a colocou no meu colo sem aviso prévio.- Ao menos isso.
-Erin. Ela tem cara de Erin.- a devolvi para Archie naquele momento. Momento em que ela resolveu chorar.
-Shhh... Está tudo bem, querida. Papai está aqui. Papai está aqui.- ele saiu do quarto. A porta se abriu novamente. Era Mia.
-Juggie.
-Mia. Algum problema no apartamento?
-Não. Eu vim ver você. Archie me contou que estava chateado.
-É tudo culpa minha...- comecei a chorar novamente.- Mal tive a chance de conhecer a Loren... Minha filha...
-Você tem a...
-Erin. Mas não me sinto completo, Mia. É como se tivessem arrancado tudo de mim.
-Quase tudo. Você tem a Hillary, o Aaron e agora tem a Erin.
-Papai...- Hillary apareceu na porta do quarto.- Não consigo dormir.
-Pede seu pai para te contar uma história.
-Você não fala mais comigo...- os olhos dela se encheram de lágrimas.- Tá com raiva de mim?
-Não, Hillary.
-Então me conta uma história.
-Não posso.
-Eu sabia. Você não gosta mais de mim...- ela saiu correndo. Senti meu rosto arder. Mia havia me dado um tapa.
-Idiota!! Olhe o que fez com sua filha!! Não é porque perdeu uma filha que vai desprezar a outra. Quer perder ela também?- aquilo ecoou em minha cabeça. Perder Hillary. Perder minha filha. Não. Me levantei da cama a fim de correr atrás dela. Ela não estava em seu quarto. Não estava no andar de cima.
-Hillary!!- chamei por ela. Ela devia estar lá embaixo. Só me lembro de ver a escada se aproximando dos meus olhos antes de desmaiar. Eu não quero perder minha família.

•••

-Hillary!!- acordei gritando por ela. Não estava no hospital nem em casa. Aquilo parecia... o mesmo quarto em que acordei depois de dormir com Archie.
-O que aconteceu?!- era a voz de Archie.
-Archie? O que está acontecendo? Como vim parar aqui?
-Bebeu demais, só pode. Digo o mesmo para mim.- se levantou. Impossível... Era tudo uma ilusão o que eu passara até agora? Era um sonho? Nada disso havia acontecido?

Fate •Jarchie•Onde histórias criam vida. Descubra agora