十二

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Naquele final de dia, Yanan "conheceu" Kang Hyunggu. Yuto contou tudo, desde o momento em que procurou o amigo para lhe ajudar, até o domingo em que percebeu que não tinha mais maços de cigarro em casa.

Parecia que o silêncio era uma coisa comum para ambos, já que nada foi dito depois do longo relato de Adachi. Nem um "meus pêsames". Nem um "a culpa é sua". Nada. Yuto preferia que Yanan ficasse bravo com ele ao invés de simplesmente se calar. Era agonizante.

Levantou-se do sofá, buscou um cigarro e foi para a varanda, ascendendo e tragando em seguida. Torcia para que a nicotina o acalmasse.

O chinês ainda estava do lado de dentro do apartamento, quieto e pensativo. O moreno via a fumaça fugir pela noite de Seoul e queria ir com ela. Deixar que suas células se dissipassem pelos céus e que ele vagasse pela escuridão como um simples corpo em movimento, e não como um ser humano.

Por mais incrível que Yanan fosse, aquela história não era fácil de ser digerida. Sabia que tinha decepcionado o mais velho e nunca se perdoaria por isso. Mas o que mais poderia fazer? Ele tinha dito que não falaria com Yuto enquanto não soubesse de sua vida, então era melhor contar a verdade, não?

Na calada da noite, parecia que só existia Adachi e seu cigarro, nada mais. Fechou os olhos e se imaginou num universo paralelo, onde Hyunggu estava vivo e as dívidas nunca existiram; num lugar em que ele e Yanan pudessem ser felizes.

"Yuto?" Escutou, num murmúrio, a voz do mais velho.

Engoliu em seco, se preparando para o que viria a seguir. Apagou o cigarro e o jogou no cinzeiro, virando-se lentamente para o chinês. Não sabia o que esperar, não sabia o que ele iria dizer.

Por alguns minutos, só se dedicou a analisar o corpo do outro. Os olhos, que antes eram luminosos, agora pareciam um pouco apagados por algo que poderia ser preocupação. No entanto, Yanan continuava lindo; na verdade, não importava o que acontecesse, Yanan sempre seria lindo.

"Yuto?" Repetiu, já que o moreno não o respondeu na primeira vez. Novamente não obteve uma resposta.

"Eu disse que era melhor você não saber. Te avisei, não avisei?" Verbalizou depois de um tempo.

"Meus pêsames, Yuto."

A mente de Adachi ficou nublada por um tempo, e só tomou consciência do que estava acontecendo quando sentiu o abraço apertado do outro. Seu coração acelerou, batendo tão forte contra seu peito que ele achou que o mesmo ia explodir. Podia ouvir os próprios batimentos e sentia a respiração quente do chinês em seu pescoço; abraçou-o de volta.

"Vai ficar tudo bem." Sussurrou o mais velho.

Vai ficar tudo bem. Tudo bem.

As palavras invadiram a mente de Yuto, que só foi perceber que chorava quando sentiu as lágrimas salgadas adentrarem seus lábios. Talvez a única coisa que precisasse era dessas palavras. Talvez tudo realmente ficasse bem.

Naquele momento, não conseguia pensar direito. Nada de Hyunggu, nada de Yanan, nada de ninguém; era só Yuto consigo mesmo. Yuto, suas lágrimas salgadas, seu coração acelerado e sua respiração descompassada.

Não sabia exatamente o motivo de seu choro. Era possível que fosse por conta de Kino, por conta da dor acumulada. Podia também ser em virtude da sensação de alívio que sentiu após, finalmente, contar para alguém sobre a desgraça que era sua vida. Ou talvez tenha sido porque Yanan, contrariando tudo que o senso comum dizia que era certo, simplesmente abriu os braços e tentou consola-lo. Porque Yanan não o tratou como o criminoso que ele era, ou como a causa de morte de seu melhor amigo; Yanan o tratou como um humano, um humano que sofreu demais e está com sentimentos acumulados.

YY ❆ Chinese CigarettesOnde histórias criam vida. Descubra agora