Parte 3

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Abriu a porta, ignorando o sentimento ruim que a invadiu, e a fechou. A última visão que teve foi um Corey confuso e nervoso a encarando. Diana fechou os olhos e tentou controlar a respiração.

Seus pensamentos estavam a mil. Sua melhor amiga e seu ex namorado estavam juntos. Estava se sentindo a pessoa mais idiota do mundo por não ter percebido antes.

Um barulho chamou a atenção da garota. Olhou para trás e viu que a visão estava totalmente comprometida, a casa estava escura. Da última vez que esteve ali havia luz suficiente, mas naquele momento estava impossível.

- Olá?

Não teve resposta nenhuma. Tateou sua bolsa e por sorte achou o celular com facilidade. Acendeu a lanterna e apontou para sua frente. Estava como se lembrava, porém, mais assustador.

- Olá? – arriscou mais uma vez.

Não obteve resposta e decidiu explorar a casa já que a quantidade de álcool que havia ingerido estava a possibilitando. Visualizou os primeiros degraus de uma escada à sua esquerda e foi em sua direção.

De alguma forma ela sabia onde estava o quadro e se recusou a olhá-lo. Assim que chegou na base da escada, respirou fundo e pisou no primeiro degrau, que fez um rangido. Um calafrio percorreu sua coluna e a sensação de que estava sendo observada a tomou por inteiro.

Apontou a lanterna para cima, onde os degraus acabavam e viu uma mesinha com um jarro em cima. Havia uma rosa dentro do jarro, o que deixou Diana curiosa. Quando percebeu, já estava no segundo andar e se assustou com a aparência da flor, que parecia recém colhida.

Ela podia ter certeza de que alguém estava ali. Ela não estava ficando louca quando viu o movimento de janelas se fechando. Só não estava tão certa quando aos sussurros. Apontou a lanterna para sua esquerda e viu uma porta. Apontou para o outro lado e viu um corredor que bem à frente dobrava à esquerda.

Optou por tentar abrir a porta da esquerda, evitando ao máximo o corredor. Andou até lá e estendeu sua mão para tocar a maçaneta. Sentiu o contraste de temperatura entre seu corpo e o metal, mas ignorou, girando-o. Hesitou ao fazer uma pressão para abrir a porta, mas não obteve sucesso.

- Que ótimo... Agora me resta o corredor – sussurrou.

Ela se virou de costas e encarou o corredor escuro a sua frente. Tentou evita-lo, mas ao final teria que explorá-lo de um jeito ou de outro.

Apontou a lanterna para o local de modo que iluminasse o máximo possível e foi dando passos curtos. Não sabia dizer se era o efeito do álcool ou se a sensação de estar sendo observada que aumentou drasticamente. Estava no meio do corredor quando percebeu que sempre ao lado esquerdo do corredor haviam portas, sempre do mesmo jeito. Estava chegando ao fim do corredor, que virava para a esquerda quando escutou um sussurro.

- Olá!

Ela olhou para trás, mas não viu nada. Começou a tremer, mas uma força maior a motivava a continuar. Voltou para frente e virou à esquerda. Agora havia portas dos dois lados, porém uma lhe chamou a atenção. Estava no fim do corredor, e era diferente das outras. Tinha uma pintura de flores por toda a porta. Eram rosas vermelhas, iguais a que acabou de ver no jarro.

Foi até ela e tentou abrir, sem esperanças. Para sua surpresa, com um clique, ela se abriu. Sua mão que segurava o celular com a lanterna tremia descontroladamente. Ela respirou fundo para se conter e avançou.

Adentrou o cômodo, que estava banhado em uma escuridão, que nem sua lanterna conseguia iluminá-lo. Deu mais alguns passos e viu que era um quarto. Havia uma cama, brinquedos, uma penteadeira e um pequeno guarda-roupas. Ela avançou para ver um pouco mais, mas a porta se fechou.

Ela tentou abrir a porta em uma atitude desesperada para sair daquele lugar, pois já havia explorado até demais. Assim que saiu do cômodo, virou-se para frente, mas ficou pasma com o que estava vendo. Havia luz por todo o local que ganhou vida de repente.

Ela não conseguia mover um músculo sequer, mas viu que as paredes do corredor eram marrons. Diana não estava conseguindo mover um músculo sequer. Não sabe por quanto tempo ficou parada, mas uma mulher surgiu no final do corredor. Era a mulher do sonho.

Seu coração começou a acelerar, mas estava tão atônita que não conseguia se mexer. Ela estava com um vestido vermelho, com um penteado impecável e trazia um prato de sopa em uma bandeja. Ela foi avançando na direção de Diana, que parecia estar invisível.

Diana criou forças para dar um passo para o lado quando a mulher passou por ela sem a perceber e abriu a porta.

- Olá querida, trouxe o que você pediu – disse a mulher adentrando o cômodo.

Diana a seguiu, sem saber o porquê e se encostou na parede ao lado da porta. Viu que a mesma menininha do sonho estava em frente a penteadeira, escovando seus cabelos. Estava com um vestido, parecido com o da mãe.

- Mamãe, obrigada!

Ignorando a presença da garota, as duas foram até a cama. A mãe ficou observando a filha comer a refeição, com um brilho nos olhos.

Um frio percorreu o corpo de Diana, fazendo-a olhar para o lado, quando viu um homem passar pela porta. Ela se assustou, pois, os olhos azuis encaravam os dela com uma confusão misturada com raiva. Após passar por ela, ele se virou para as duas. Ela estranhou o fato de apenas ele ter a percebido.

- Papai! – gritou a menininha, deixando a refeição de lado para ir de encontro a ele.

Diana percebeu que a mulher ficou com uma expressão fechada diante a atitude da filha.

- Como vai minha garotinha? – perguntou ele, fazendo-a rir.

Diana estava atônita tentando entender o que estava acontecendo. Ela estava na casa abandonada, não havia ninguém e no momento que tentou sair do cômodo, como um passe de mágica, tudo criou vida de repente.

- Papai, tem mais alguém aqui – disse a menina. – Quem é?

Quando ela disse isso, todos olharam para Diana, a deixando desconfortável. Não conseguia emitir nenhum som, só criou forças para abrir a porta do quarto e sair. Assim que a fechou atrás de si, viu que ainda estava naquele cenário.

Ela avançou o corredor, mas suas pernas pararam. Recuou para trás e algo lhe dizia que a única saída era entrar novamente no quarto.

- Droga – sussurrou ela.

Ela abriu a porta do quarto, esperando encontrar os três novamente, mas viu que o ambiente estava mergulhado no escuro, assim como o encontrou antes e entrou. Apontou a lanterna para onde estavam os três antes e só viu uma bandeja em cima da cama. Ela já tinha visto coisa demais no dia.

Diana se virou para a porta e saiu do cômodo, que levava ao mesmo corredor por onde tinha chegado até lá. Chegou onde estava a mesinha com o jarro, porém estava sem a rosa vermelha. Sem pensar duas vezes, desceu as escadas e quando chegou em baixo, viu uma sombra perto dos quadros.

Avançou para a porta de saída, a abriu com facilidade e quando ia pisar para fora, viu que no chão estava a rosa vermelha que antes estava no jarro. Ela deu uma risada nervosa, passou por cima da flor e seguiu. De alguma forma, sentiu que devia pegar a rosa e assim o fez. Voltou e pegou a flor e foi para a saída.

Enquanto cruzava o jardim, o frio aumentou drasticamente. Ela estava atônita com tudo que havia acabado de acontecer, e não pensou em mais nada até que chegou em casa e se deitou. Estava difícil para processar tudo, mas sabia de alguma forma que não podia compartilhar isso com mais ninguém. 

O Homem da Casa AbandonadaOnde histórias criam vida. Descubra agora