Taehyung voltou sua atenção ao papel, escrevendo.
Onde estou? Essa é a sua casa?
— Sim, estamos na minha casa — Jeongguk respirou fundo, procurando as palavras. — Encontrei você adormecido em frente a minha porta. Então eu te trouxe pra cá. Você passou o tempo todo dormindo, parecia muito cansado, como se tivesse corrido por dias — sorriu. — De alguma forma, senti que eu deveria cuidar de você... — murmurou, a confissão saindo mais para si.
Agradeço novamente. Na verdade, o que aconteceu comigo foi bem mais complexo do que correr, escreveu, mostrando para Jeongguk e sorrindo juntamente com ele.
— Posso saber o que foi tão complexo assim? — Jeongguk perguntou, tentando deixar Taehyung confortável em sua presença. Sentia isso com ele. Como se estivesse ao lado de alguém que conhecia a muito tempo.
Taehyung riu baixo, negando em descrença.
Talvez você não acredite, escreveu.
— Bom, só saberemos se você me contar. Há um computador logo ali — apontou para a escrivaninha. — Se isso tornar as coisas mais fáceis, poderia usá-lo.
Taehyung acompanhou o olhar de Jeongguk para a escrivaninha. Assentiu com um sorriso, levantando com esforço da cama. Seu corpo ainda estava cansado. Jeongguk o ajudou, temendo que acabasse caindo. Acompanhou-o até a escrivaninha, devolvendo a cadeira ao local correto. Taehyung sentou, visualizando o teclado a sua frente. Jeongguk abriu um programa, indicando para que Taehyung iniciasse.
— Vou preparar algo para comermos. Imagino que você não tenha comido nada antes de aparecer aqui — Jeongguk disse duvidoso, e Taehyung concordou. Tudo o que havia experimentado eram as frutas do éden, apenas. Mas imaginava que como humano, seu corpo estaria disposto a novas opções alimentícias.
Jeongguk se afastou logo em seguida, saindo do quarto, e Taehyung começou a digitar. Contou sobre ser um anjo antes de perder tudo, que sua vida no céu era uma dose de gentileza, e que tudo era completamente harmônico por lá. Mas que havia se apaixonado por um humano, e que a punição para aquilo era exílio do próprio lar. E depois disso, havia acordado na casa de Jeongguk.
É claro que ocultou o fato sobre ter se apaixonado por Jeongguk. Ele poderia até mesmo considerá-lo louco, porque de fato, aquilo não deveria ser nenhum pouco comum para os humanos. Moradores do céu e da Terra não deveriam ter contato, nenhum envolvimento, pois da última vez, o pecado corrompeu toda a humanidade e foi necessário um Dilúvio para remover as impurezas.
E agora, como humano, esse era um fardo que não mais carregava. Não era um anjo, não devia mais satisfações ao divino. Miguel já não poderia pedir para que seguisse as regras do céu. Era um humano, especificamente livre.
Jeongguk demorou a voltar. Trouxe consigo alimentos que ele mesmo preparou, diversos, para que o outro tivesse opções. Taehyung agradeceu várias vezes antes de comer as comidas do humano, e enquanto isso, Jeongguk lia o que Taehyung havia escrito no computador.
— Você era um anjo? Um daqueles que tem asas e tudo mais? — Jeongguk perguntou baixo, não podia negar o entusiasmo dentro de si. Confiava fielmente em Misticismo, mas dificilmente alguém acreditava em suas palavras quando afirmava sentir a presença do seu anjo. Aquilo o fez se afastar de muitas coisas, inclusive dos familiares. Mesmo que mantivesse contato com eles, preferia evitar tocar em assuntos referentes ao intercalado entre céu e Terra.
Sim, eu também possuía poderes, Taehyung escreveu no caderno que Jeongguk trouxera para perto outrora.
— Isso parece ser tão legal — Jeongguk afirmou, continuando sua leitura. Eu sabia que o que eu sentia não era mentira. Anjos existem mesmo. — Então vocês nem mesmo podem amar no céu? — perguntou, curioso.
Podemos amar outros anjos. Mas não humanos. O divino diz que é totalmente errado amar os humanos, porque são pecadores.
— Você sempre soube disso?
Sim.
— Então por que amou um humano? — Jeongguk não parecia acusá-lo. Era quase como uma dúvida não esclarecida. Se ele era um anjo, por que abriria mão do lar apenas para amar um pecador?
Taehyung já havia terminado de comer naquele ponto. Seus olhos perderam-se nos de Jeongguk, como se tentasse explicar sem palavras. Jeongguk desviou o olhar, a pele tornando-se uma mistura vermelha em suas bochechas, e ela tentou se ocupar enquanto comia.
Taehyung riu baixo, achando fofo o modo como ele era. De perto, tinha certeza que seu coração nunca mentiu. Amava-o. E nem mesmo precisava de muito para ter certeza daquilo.
Eu não decidi isso. Meu coração o fez. Quando vi, eu já estava admirando-o por entre as nuvens e te ajudando com o que precisava. Eu só queria que você fosse feliz, e acho que essa é a maior prova de amor, Taehyung mostrou o caderno para Jeongguk, sem se dar realmente conta do que havia escrevido.
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Fallen Angel | taekook
FanfictionAs regras do Paraíso sempre foram rígidas. Como forma de manter os anjos que lá viviam no caminho correto, longe do pecado, punições eram criadas e estabelecidas. E deveriam ser cumpridas. Para Taehyung, aquilo nunca havia sido um problema. Até se v...