Além

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Taehyung acordou sentindo a cabeça latejar. Era estranho, nunca havia sentido aquilo. Levantou meio atordoado, buscando entender onde estava. Estava sentado no meio de uma cama, a luz que entrava pela janela o despertando devagar.

Onde estou? Pensou, confuso. Pensou que tornaria-se um renegado, um anjo caído, sem asas, que anda pelas ruas da Terra sem perdão do divino. Mas... estava sobre uma cama, em uma casa. Que tipo de punição seria aquela?

Ouviu quando o que imaginava ser a porta do lugar se abriu, uma silhueta adentrando com passos lentos.

— Você finalmente acordou. Sente-se bem?

Aquela voz...

Seu coração vibrou, alegre. Era impossível não reconhecê-la. O humano da qual amava. Olhou para ele, sentindo pela primeira vez o que chamaria de borboletas no estômago. Seriam reações humanas?

"Estou bem, obrigado", disse, mas sua voz não saiu. Estranhou. "Me sinto bem agora, agradeço por ter cuidado de mim", tentou novamente. Nada.

Franziu o cenho, os lábios abertos na tentativa de falar, mas nada saia. O humano sorriu gentil.

— Está tudo bem — ele falou, afastando-se apenas para puxar a cadeira da escrivaninha do seu quarto e sentar-se nela. — Meu nome é Jeongguk. Imagino que possa me dizer seu nome.

Jeongguk... então é esse o seu nome, Taehyung pensou, assentindo para o humano em seguida.

"Me chamo Taehyung. Seu nome é muito bonito". Novamente, nada. Formulava a frase, sua boca até mesmo abria-se para falar, mas nenhum som era emitido.

E então, entendeu.

E como punição por ter pecado contra o divino, você será obrigado a ficar do lado do humano a qual diz que ama, sem poder nem mesmo responder ao chamado dele quando ele precisar de ajuda. Tudo o que fará será observar, nada mais. Como Castiel, você nunca poderá amar o humano pela qual traiu seu lar.

Foi impossível não conter as lágrimas. Elas escorriam com liberdade, sua dor sendo libertada. As sensações humanas eram deveras peculiares.

— Ei, tudo bem tudo bem — Jeongguk murmurou, tentando consolar Taehyung. — Está sentindo dor?

Taehyung assentiu, parando de chorar. As lágrimas ainda deslizavam por sua face, mas toda sua atenção era voltada ao humano.

— Não consegue falar, é isso? — Jeongguk tentou descobrir, tomando um susto de realidade quando Taehyung acenou positivamente com a cabeça. — Oh, então é isso. Aguarde um momento.

Taehyung viu Jeongguk sair do local, demorando alguns minutos para voltar. Jeongguk sentou-se na cadeira novamente, nas mãos, um caderno fino e uma caneta.

— Aqui. Tente escrever o que pensa — Jeongguk ofertou, mesmo sem saber se daria certo, entregando para Taehyung o que tinha em mãos.

Taehyung franziu o cenho, confuso, mas pareceu assimilar as ações em seguida.

Taehyung, esse é o meu nome. Obrigado por cuidar de mim, Taehyung escreveu na folha, virando-a e mostrando para o humano a sua frente.

— Ah, então é assim que se chama — Jeongguk sorriu, confortável. — Não foi nada.

Fallen Angel | taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora