Para quem duvidava da minha frequência de postagens, estou aqui hehe.
O capítulo está curtinho por 1- não ser dia de postar e, 2- apenas ser uma introdução para o pulo que vou dar nos dias, para não enrolar tanto.
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Quando as portas do elevador se fecharam, consegui tirar o sorriso do rosto e debater comigo mesma o que fazer antes dos alemães encontrarem o meu quarto.
Eles pensam mesmo que estou aqui para ser amiguinha deles?
E outra, que eu esqueci o 7x1? Nenhum brasileiro com amor à pátria vai aceitar, mesmo sabendo que a seleção estava péssima.
Orgulho ferido.
Quando as portas se abriram no meu andar, me dirigi rapidamente até o meu quarto e comecei a procurar o cartão magnético.
Onde deixei aquela merda?
Eu coloquei o pijama, tirei o cartão do interruptor e coloquei...
NA CARTEIRA!
Afobada, abri rapidamente a carteira verde escuro e tirei o cartão decorado e coloquei na abertura da porta. Pelo menos foi de primeira.
Procuro outro hotel? Ligo para os meus colegas e peço para reservarem um quarto diferente?
Ou melhor: tranco o quarto, apago a luz e vou dormir? Brilhante.
Eles vão entender o recado, estou aqui a TRABALHO. Meu mau humor se desfaz quando me lembro do lanche que estava na sacola, felizmente recebi indicação de um "bar" de brasileiros que produzem os baurus gordurosos do nosso país natal.
Enquanto saboreio o bauru com maionese, sinto a nostalgia de pedir lanche com meus pais uma vez no mês ou em comemorações, e como esperava pedir quando fui selecionada para a segunda parte da prova para árbitra.
Coisa que não aconteceu, e eu esperava ansiosamente pelo convite a cada email recebido com minha "nota" e informações para a próxima etapa.
Sacudi a cabeça para me livrar desses pensamentos pessimistas, estou na Alemanha. Representando o meu país de certa forma, e hospedada num hotel de luxo, sem pagar.
Começo a lembrar dos alemães e do tempo que passei com eles enquanto esperava, não eram tão ruins como imaginava.
Claro, Thomas era o meu extrovertido, e parecia curioso com a minha vida, tentando passar uma imagem de pessoa leve e feliz por estar ali. Realmente, uma pessoa com coração bom.
Leroy foi um pouco mais tímido que o bávaro, talvez por não ter tanta intimidade com os outros jogadores, por jogar em outro país e outra liga. Diante de tudo isso, era muito sorridente e prestava muita atenção no que eu dizia. Até pensei que tinha algo nos meus dentes.
Marco foi o mais resistente à minha presença. Não gosto do time dele mesmo.
Joshua foi o mais intrigante, falou pouco, prestava atenção no que eu falava. O primeiro a me estender a mão, com o maior choque térmico que teve. Marcante? Talvez apenas acostumado com a temperatura.
Parecia não saber se gostava ou não da minha presença, até me fazer o convite.
Na hora, pensei em sorrir e perguntar o quarto, marcando o horário certo. Mas lembrei do meu mundo.
Jogadores de um lado, árbitros do outro.
Estava carregando uma responsabilidade gigante nas costas, não queria ser taxada de Maria chuteira ou interesseira, ainda sabendo da pressão que a FIFA e vários torcedores por ser a figura feminina em plena Copa Masculina.
Fora os jornalistas, filmando cada segundo para capturarem o minuto da sua queda.
Ela não aconteceria se dependesse dela.
O papo foi interessante? De certa forma, mas não tinha nenhum argumento lógico para convencer-me de levantar da cama e ir conhecer outros jogadores.
Fora as regras, não devem ter visto a reserva da seleção no mesmo hotel, teriam me transferido para o outro lado da cidade.
Fase de grupos começará na próxima semana, vou precisar ir para o Quatar e acompanhar a equipe técnica, o árbitro é decidido poucos dias antes da partida, e divulgado no dia anterior, claramente que é algo muito sigiloso para não abrir espaço para técnicos interessados em oferecer uma boa quantia de dinheiro em troca de umas faltas a mais marcada.
Depois de olhar rapidamente o instagram e ver Mariana postando duas fotos me marcando, selfies da mesma com a TV que estava pausada em mim. A primeira foto era eu me aquecendo, séria olhando para frente, a próxima era eu de top jogada na grama, vermelha igual um porco.
Obrigada, Mariana.
Acho que devo uma explicação e desabafar do meu dia para alguém, quem melhor que a amiga que postou uma foto minha jogada no estádio e marcou a peppa pig?
Como o fuso horário complica a nossa comunicação, preferi mandar várias mensagens – para chamar a atenção da mesma -, contando desde a briga com o espanhol, até o meu encontro com os jogadores e o convite do bávaro mais novo.
Depois de mandar o meu resumido que me permito escrever, fui para o twitter e descobri que MUITAS pessoas estão falando do meu desempenho em campo.
#WinLikeaGirl
Todos os comentários negativos da minha família, dos olhares tortos quando estava em campo e as piadinhas machistas se esvaíram. Estou aqui por mim e por outras garotas.
Antes de apagar, consegui ver apenas a primeira mensagem que Mari me enviou.
"Por que será que sinto que você falou mais do Joshua por algum motivo? Pelo menos vou ter sobrinhos com olhos claros."
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Eai eai gente?? Boa noite. O que acharam? Juro que não vai ter tantos capítulos assim - simples ou sem muito conteúdo -, o que vocês acham que a seleção vai pensar depois do orgulho ferido??
Vejo vocês na quinta, não esqueçam de comentar, dar a estrelinha e ver a outra fic que estou postando do Reus. Beijinhos.
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like water • joshua kimmich
FanfictionAno de Copa do Mundo, momento em que muitas nações colocam seu orgulho em jogo, reunindo famílias e lágrimas nos breves noventa minutos de jogo. Um orgulho para cada jogador convocado, defender seu país no maior evento futebolístico masculino, uma p...