LET'S HURT TONIGHT ❪song!lock❫

let's hurt tonight

Nós chegamos a casa completamente exaustos depois de resolver um caso. Sentei-me em minha poltrona e esperei que Watson se sentasse na dele, mas não foi o que aconteceu.

— Vou subir. Estou cansado — ouvi sua voz dizer seca e rapidamente, como se essas palavras fossem um curativo que precisava ser tirado o mais depressa possível.

— Fique, Jawn — foi o que eu consegui dizer.

Muitas coisas ruins aconteceram entre mim e Watson nesses últimos dias, e eu sinto que não posso mais aguentar viver com ele nessas condições.

John tenta fingir que está tudo bem, mas eu sei que não estamos bem; eu posso ver isso nas raras vezes em que seus olhos cruzam com os meus, pois nem me olhar está sendo uma tarefa fácil para ele ultimamente.

Vi Watson finalmente se sentar na poltrona defronte, e disse pra mim mesmo:

— Isso pode ser difícil.

— O quê? — ouvi John perguntar enquanto eu me perdia em meu palácio mental na procura das palavras certas a dizer.

— Já chega — Watson exclamou e se levantou.

Eu queria chamá-lo, queria que ele ficasse; queria que ele fosse sincero consigo mesmo, que admitisse o que sente, que se permitisse sentir. Eu queria o John Watson, mas não sabia como lhe dizer isso.

Levantei antes que eu me perdesse em meu palácio mental novamente, e segui John até o quarto de cima. Não bati à porta, não tinha forças para isso. Apenas entrei e comecei a dizer o que precisava ser dito.

— Jawn, eu sei que esse amor é dor, mas nós não podemos mudar... não podemos simplesmente arrancar isso de nossas veias.

— Sherlock... — John disse quase num sussurro.

— Eu vou trancar a porta — eu disse passando a chave na fechadura —, você vai apagar as luzes e nós não vamos sair deste quarto até termos uma solução.

Minha voz e minhas mãos pareciam disputar quem era capaz de tremer mais. Sustentei meu olhar no de John, e ele parecia lutar para dizer algo que se recusava a sair. Fui caminhando devagar até ele sem saber exatamente o que eu esperava diminuindo a distância entre nós.

Minha mão segurou a mão de Watson e esse toque me deu a coragem que eu precisava para seguir em frente, pois eu sabia que John tentaria fugir como sempre faz.

E ele o fez.

— Não vá, John — eu disse segurando seu pulso antes que ele se afastasse mais. — Não fuja.

— S— Sherlock, eu... — a voz de John tilintava e eu pude sentir seu pulso acelerado em meus dedos.

— Eu sei que isso parece loucura, John, mas eu preciso ouvir de você...

A essa altura, meu coração batia tão rápido e minha respiração estava tão forte que minha voz saíra fraca. Cheguei ainda mais perto de John e pude senti-lo, embora nenhuma parte minha tocasse mais seu corpo.

— Eu preciso que me diga o que você sente... — continuei, sussurrando ao pé de seu ouvido. — Eu preciso te entender, Jawn.

— Talvez não exista nada pra você entender...

— Eu sei que existe, Jawn — minha voz falhou assim que senti sua bochecha encostar-se à minha, então tomei fôlego e concluí:

— Me diga agora todas as coisas que você não conseguiu dizer antes.

John encostou seu corpo no meu e nós dois arfamos. Cada célula minha lutava para ficar o mais próximo dele que fosse possível e, quase instintivamente, eu o envolvi num abraço apertado.

— Eu te amo, Sherlock — John disse numa voz gentil. — Talvez você tenha razão quando diz que esse amor é dor, e talvez eu queira me machucar essa noite.

Senti suas mãos macias segurarem minhas bochechas e no mesmo segundo meus lábios foram selados pelos dele. Então veio sua língua invadindo minha boca do melhor jeito possível. A necessidade que tínhamos um pelo outro estava inteira ali; nas mãos de John sobre meu rosto, nos meus braços envolvendo sua cintura, nos nossos corações batendo tão depressa e tão perto.

Deixei minhas mãos passearem pelas costas de John e senti suas pernas vacilarem. Foi então que eu finalmente me dei conta do que estava acontecendo: eu tinha o John Watson. Sem perder mais tempo, o impulsionei para meu colo e levei-o para cama.

— Jawn, eu vou cuidar para que esse amor não doa mais.

∾ · ⊹ · ∾

não existe uma música mais johnlock que essa (salvo evidências), na moral. 

cada vez que eu escuto essa música, penso em uma situação diferente, é bizarro. eu até cheguei a escrever outros dois moments além deste, mas este foi o que ficou mais completinho uwu o que acharam?