29. Vivo

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Lyra, agora. 

   Casa. É a palavra que eu tento encontrar ao pisar no Mississípi depois de tantos anos. Mas eu não me sinto em casa.
   Casa é onde estão as pessoas que amamos. Noah é a minha casa, Mississípi é só o lugar onde eu o perdi.   

— Precisa de mais alguma coisa, Sra. Stormy? - Pedi que uma das aeromoças me acompanhasse. Eu precisava de alguém para comprar algumas coisas para mim e também sabia que não poderia me expor demais. 

— Pode me ajudar com isso?- Eu já desisti de corrigi-la quanto ao meu nome. 

— Claro, onde quer fazer? Posso procurar lugares ótimos por aqui. - Ela puxa o celular do bolso da saia e procura entre os aplicativos de busca. 

— Não será necessário. Ali está ótimo. - Aponto para um posto de gasolina deserto, provavelmente desativado. — Deve ter um banheiro ali. 

— A porta pode estar trancada, Senhora. 

— Isso nunca foi um problema. Vamos. 

  O visor do celular de Nora marca duas horas da manhã. Levamos cinco horas e vinte minutos até Memphis, depois mais dez minutos de carro até Southaven, uma cidade com um ótimo centro comercial, grandes empresas e muitas casas luxuosas. Escolhi parar o carro quando as luzes das cidades foram ficando cada vez mais apagadas e os locais mais abandonados. Igual ao posto de gasolina. 

    Arrombar a porta foi fácil, o metal já estava quase se desfazendo. Aguentar o cheiro se tornou a tarefa mais difícil. 

— Parece que alguém morreu aqui. - Nora liga a lanterna do celular, a pouca iluminação mostra paredes totalmente pichadas, do teto ao chão. 

— Acho que só essa parte do espelho se salvou. - Ando até quase o fim do banheiro, as pias estão quebradas e os espelhos estilhaçados. — Deve servir. 

— Senhora Stormy... 

— Está tudo bem Nora. Vamos acabar com isso bem rápido. As compras, por favor. 

— Tem certeza disso? - Não. 

— Sim. - Retiro a roupa de freira.  Nora se vira, me dando privacidade para que eu coloque as roupas que ela escolheu para mim, fui bem objetiva em dizer que as roupas deveriam ser claras, com cores em tons pasteis. A pouca luz, vinda do celular da aeromoça, mostra que ela seguiu bem as instruções. A blusa é de tecido leve, branca e a saia é bem soltinha, indo até o pé, pintada com flores em vários tons de azul. São roupas que eu jamais usaria. É perfeito. — Pode olhar agora. 

— Ficou meio largo, desculpe. 

— Tudo bem, está ótimo. Pode me ajudar com a segunda parte? - Prendo uma parte do cabelo e deixo a outra solta. 

   Olho para a tesoura e a tinta, dispostas em cima do que restara da pia. É só cabelo... Pego a lamina em minhas mãos. Exito.

— Senhora? 

Com todas as partes do meu CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora