33. Você não vai morrer

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when my world is falling apart
And there's no light to break up the dark
That's when I look at you
When I Look At You- Miley Cyrus

   Easton, agora.

   Frio. Eu deveria estar acostumado a sentir frio. Já estive em muitas dessas banheiras de gelo em um pós treino. Mas esse frio é diferente. E é assustador.  Meus braços doem e eu já desisti de sustentar o meu corpo há muito tempo. 
   
    Depois que o mundo apagou, veio a dor. Eu estava preso novamente, a corda amarrada em algum gancho no teto mantinha meus pulsos amarrados para o alto. Alto o suficiente para que meus pés não tocassem o chão.  Minhas pernas também estavam amarradas e havia sangue em todo lugar. No começo eu tentei resistir, mas agora até mesmo o sangue já parou e minhas forças se foram. Estou sem roupa alguma no corpo e dentro de algo que parece ser um frigorífico. 

   Tento me manter lúcido, eu me agarro nela. Na lembrança do sorriso dela. Ela tem um sorriso tão caloroso... Lyra... Minha consciência vai e volta, como se eu estivesse flutuando entre o real e o imaginário e tudo o que eu consigo pensar é nela. 

   Se eu morrer, meu maior arrependimento é o de não ter visto o rosto dela uma última vez. 

  — Você não vai morrer, eu vou proteger você. - Lyra sorri para mim. Ela está em minha cama na casa de pedras. Nossa cama. Eu não consigo mais imaginar minhas noites sozinho. O sorriso de Lyra me faz acreditar nela, mas eu sei que só estou perdendo a consciência outra vez.  

 — Tirem ele daí.  - Eu o escuto. Não vejo seu rosto, mas sei quem ele é. 

   Dois homens param ao meu lado, um deles segura um pedaço de madeira nas mãos enquanto o outro dá a volta e vai até uma espece de manivela. Deve ser isso que usaram pra me clocar no alto. 

   O homem ao meu lado mantém um sorriso no rosto quando ele usa o pedaço de madeira. Fecho os olhos e espero a dor... Um golpe nas costelas. Arfo sem fôlego. Um golpe atrás dos meus joelhos. E então outro. E outro. E quando termina, a corda é afrouxada do teto e meu corpo despenca... Eu não tenho um único músculo em meu corpo que esteja bom o suficiente para me ajudar a ficar de pé. E ninguém me ajuda nessa parte também, então o chão gelado raspa meu corpo enquanto sou arrastado para uma nova sala. 

  Eles me sentam em uma cadeira então me amarram a ela. Pelo menos a temperatura está mais suportável.

  Minha cabeça pende. O chão é de barro e com feno a redor... Estamos em uma espécie de celeiro. 
   Sapatos lustrosos entram no meu campo de visão e uma mão se enrosca no meu cabelo. 

  — Você se parece com o filho da puta do seu pai. - Ele puxa meus cabelos até que meu olhar encontra o dele. Bob. — E ainda me fez perder minha menina. 

  — Ela não é sua menina! - Um soco atinge meu maxilar. Depois outro, então mais outro, outro. Outro. 

   — Ela é minha. Sempre vai ser. - Ele sorri para mim. Meu olho esquerdo não abre mais, com o direito eu o vejo colocar um soco inglês entre os dedos. Suas mãos envolvem meu queixo, junto toda força que tenho para cuspir em seu rosto. Isso me custa mais dois golpes no rosto. Sorrio, o rosto dele está vermelho e minha saliva tem sangue o suficiente para sujar aquele terno branco dele. — Está achando engraçado? 

  — Muito. - Seja por desidratação, hipotermia, anemia ou outra coisa, minha sanidade mental está cada vez mais baixa. Sorrio e o sangue em minha boca escorre como saliva, pingando em minhas pernas nuas. 

  — Milo vai te dar uma morte rápida quando ele chegar, apenas um tiro na cabeça. - Bob se inclina contra mim. Dor. Muita dor. Uma lâmina perfura meu abdômen lentamente, milímetro por milímetro, eu a sinto rasgando minha pele. — Reze pra que ele chegue o mais rápido possível, ou então vai ser uma lenta e dolorosa morte, gota por gota.  

Com todas as partes do meu CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora