10. Assistente Pessoal

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Ás sete e meia da manhã, Isaac mandou seu motorista buscar a mim e a minha mãe em casa. Eu não achava que era necessário toda essa mordomia, mas ele insistira em me tratar dessa forma. Cheguei na cobertura Miller vestida em uma saia branca lápis, uma blusa cinza e um blazer amarelo. Eu estava ainda tentando me equilibrar nos meus saltos nude, apesar de ter passado a noite anterior toda treinando.  Antes de me encontrar com Isaac, fui recebida por sua mãe com um forte abraço.

- Você está linda, minha nora!!! - Ela falou depois de me soltar do abraço.

- Muito obrigada, senhora Miller.

- Não me chame mais de senhora Miller, para você agora sou só Susan.  - Sorri com a gentileza.

Eu realmente gostava de Susan, ela era uma mulher polida e muito agradável. Mesmo nascendo em berço de ouro e sendo membro da alta sociedade nova-iorquina, ela sempre tratava a todos com respeito, carinho e consideração, principalmente seus funcionários. Além de tudo, era uma excelente mãe e uma mulher muito envolvida com causas sociais. Todos os anos Susan doava milhares de dólares a instituições de caridade, visitava ONGs e organizava eventos beneficentes. Ela não trabalhava, até porque nem precisava sendo uma das herdeiras Rockfeller, mas comandava um grupo de mulheres ricas envolvidas com filantropia. Eu a admirava e facilmente poderia enxergá-la como minha sogra, pena que tinha um filho chato.

Isaac desceu as escadas impecável como sempre, beijou o topo da cabeça da mãe e disse um "bom dia" para nós duas. Susan ficou esperando uma outra atitude de Isaac e ele pareceu notar, pois deu um beijo quente na minha bochecha. Fiquei inebriada com o cheiro de seu perfume amadeirado e o toque de seus lábios fez minha pele formigar. Ele estava claramente desajeitado, então resolveu quebrar o gelo:

- Mamãe já estamos de saída, nos vemos no almoço.

- Como assim? Não vão tomar o café da manhã? De jeito nenhum que eu vou deixar vocês saírem de casa de barriga vazia. - Susan disse indignada.

- A gente come algo no caminho. - Ele falou.

- No caminho vocês só comem porcaria.

Isaac se deu por vencido e então repousou a mão nas minhas costas para me conduzir até a sala de jantar. Eu ainda precisava me acostumar a esses toques, pois sempre me arrepiava. Nos sentamos à mesa e o senhor Miller já estava lá lendo um jornal. Ele levantou os olhos e sorriu para mim pela primeira vez na vida, eu sorri de volta. Depois, me servi de frutas, suco e torradas com geleia, mas Susan  me empurrou mais um pedaço de bolo e um croissant.

Eu e Isaac saímos em direção à construtora de sua família, estava animada para conhecê-la, mas também um pouco temerosa quanto ao meu trabalho, afinal a única coisa que eu fazia bem era cozinhar. No caminho, Isaac comentou algumas coisas sobre meu novo serviço. Ele disse que eu não me envolveria diretamente com a empresa, o que me fez sentir aliviada, mas que eu cuidaria da agenda dele, bem como de suas atividades. Eu não sei como eu conseguiria administrar a vida de outra pessoa se não conseguia dar conta da minha própria vida, mas aceitei o desafio.

Fui o caminho todo observando as ruas de Nova York e o meu reflexo no vidro do carro. Essa mudança de guarda-roupa me fez sentir realmente bonita como eu nunca mais tinha sentido, desde que parei de investir na minha aparência quando terminei meu último namoro. Pensei que Isaac não tinha reparado em mim, me veio um curto sentimento de frustração, mas estava enganada.

- Por um segundo achei que você apareceria aqui com seu visual antigo. - Ele falou.

- Eu também... acredite, não é fácil mudar de estilo do dia para a noite.

- Mas você está indo muito bem nessa tarefa.

- Essa é a sua maneira de dizer que estou bonita? Aprenda a elogiar. - Brinquei.

Acordo e desacordo - EM HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora