14. A volta dos que não foram

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O último ano do meu curso de Gastronomia finalmente começou. Retornei à NYU para resolver algumas pendências e me retirar do meu antigo emprego na biblioteca. Agora que Isaac me pagava muito bem, não era mais necessário que eu continuasse trabalhando na universidade. Depois de conversar com meus professores, consegui um estágio em um excelente restaurante de comida natural, o The Coppola. A proposta do restaurante era uma alimentação sustentável, então utilizava produtos orgânicos, evitava o desperdício reaproveitando partes normalmente desprezada dos alimentos e priorizava os pratos saudáveis e equilibrados. Esse restaurante pertencia ao chefe Justin Coppola que ganhara alguns prêmios e ótimas críticas no The New York Times, fato que me deixava animada.

Devido ao meu  estágio, Isaac reduziu minha carga horária, mas não alterou meu salário. A partir de então eu trabalharia apenas no período da tarde e me colocaria à disposição durante algumas noites, pois as manhãs seriam dedicadas ao The Coppola, cujo forte era o brunch e o almoço. Cheguei ao restaurante no meu primeiro dia com expectativas elevadas e elas foram superadas, pois o lugar era muito agradável de se trabalhar, as pessoas extremamente educadas e o chefe Coppola, além de gentil, um gênio da gastronomia.

- Maria Julia, eu fiquei impressionado com seu histórico acadêmico, você me parece ser uma excelente aluna. Além disso, foi muito bem recomendada por seus professores. - Falou Coppola, muito simpático.

- Obrigada senhor.

- Oh, não me chame de senhor no auge dos meus 28 anos, pode me chamar de Justin. - Ele disse brincalhão - Você sabia que eu também estudei na NYU?

- Sério? Eu não sabia. 

- Sim, não tive dinheiro para ir a uma universidade cara, mas a NYU foi fantástica para mim.

- Também amo estudar lá. 

A manhã no The Coppola foi sensacional, coloquei em prática vários conhecimentos que tinha adquirido ao longo do tempo, aprendi coisas novas e me senti no meu habitat natural, a cozinha. Justin me elogiou bastante no final do expediente e isso foi um grande privilégio para mim, já que ele era um chefe renomado. 

Pela tarde fui para a construtora onde várias pessoas me parabenizaram pelo meu noivado e ficaram babando no meu anel da Tiffany, principalmente as secretárias do último andar. Entrei na sala de Isaac e fui recebida com um caloroso abraço.

- A manhã foi tão estranha sem você aqui, Debra fez tudo errado. - Disse Isaac enquanto me envolvia com seus braços.

- Sentiu minha falta, foi? - Falei me soltando do abraço.

- Numa escala de 0 a 10, senti 0,5 de saudade. 

- Conta outra, sei que você sentiu 11. - Nós dois rimos.

- E aí, como foi seu primeiro dia no restaurante? - Isaac perguntou entusiasmado.

- Foi incrível, Isaac. O restaurante é um encanto, as pessoas são maravilhosas, aprendi tanta coisa, você nem imagina. - Isaac abriu um grande sorriso enquanto me observava falar. 

- Fico muito feliz por você!

- O melhor de tudo é o meu chefe, Justin... o cara é um gênio, ele só tem 28 anos e já está entre os melhores chefes da cidade. Ele venceu tantas dificuldades assim como eu pra chegar onde chegou. Você precisa conhecer Justin, ele é tão simpático, educado, inteligente e me elogiou bastante pelo meu serviço. - O sorriso de Isaac murchou.

- Você já chama seu chefe pelo primeiro nome? Quanta intimidade...

- Para você ver o quão descontruído ele é!

Acordo e desacordo - EM HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora