Cap IV

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– Eu! -Um sorriso curto brota de seus lábios e seus olhos me fitam, seus óculos de leitura estavam sobre sua mesa ao lado de uma tela de computador, de alguns livros, e de uma garrafa, na sala haviam também duas cadeiras acolchoadas, uma grande estante de livros e um enorme tapete.

– Eu acho que minha mãe se confundiu, eu vou só avis- Aisha, não se preocupe, você está no lugar certo... -Ele se levantou um pouco desajeitado e fechou a porta atrás de mim, meu coração disparou quando ele passou por mim deixando seu perfume invadir o ambiente. Notei que usava uma tala em sua perna e por isso mancava. Engoli seco e fiquei plantada no meio da sala sem reação.

                – Sente-se – Ele me encarou com um sorriso de canto, provavelmente eu estava fazendo um papel ridículo naquele momento. Me sentei na cadeira acolchoada e ele se sentou na minha frente, o encarei sem saber o que fazer, eu não queria estar ali e muito menos contar minha vida para ele.

                – Bem... Aisha? – Ele manteve o olhar sobre mim.

                – Obviamente meu nome você deve saber... então além de atropelar jovens, você também é psicólogo? – O encarei erguendo uma sobrancelha.

                – Bem, sim... atropelar jovens é apenas um hobbie, meu trabalho mesmo é esse! – Ele manteve o olhar sobre mim.

                Tentei não sorrir de algo tão idiota, mas meus lábios me desobedeceram.

                – Então você sorri? Ele ergueu uma sobrancelha.

                – Sorrio, olha só, parabéns, estou curada, você é realmente bom... agora por favor... eu já passei por várias consultas e já me submeti a vários tipos de tratamento, não preciso abrir meu coração para você e você não precisa me encher de remédios. Vamos entrar num acordo que seja bom para nós e principalmente para aquela senhora na sala de espera. Provavelmente você deve ter uma pasta com vários laudos meus de vários especialistas, recomendo uma música clássica e vinho tinto para a leitura.

Ele manteve os olhos em mim enquanto eu falava e apenas sorriu de canto, voltei meus olhos para os dele e esperei por uma resposta erguendo a sobrancelha.

        –Já tentou andar a cavalo?

        – O que? – O olhei confusa.

        – Andar a cavalo Aisha, já andou alguma vez?

        – Bem... uma vez quando era criança, eu não levo muito jeito para isso! Mas... do que você está falando?

        – O que acha de tentar mais uma vez? Pode ser algo diferente e fora da sua rotina, não custa tentar... façamos assim, você topa ir pelo menos uma vez e voltar aqui para me contar como foi? em troca eu não vou te prescrever nenhum medicamento.

        – Fácil assim? – Eu o desafiei. Ele não pareceu gostar.

        – Fácil assim Aisha... – Ele disse meu nome num certo tom de ironia, eu não gostei.

        – Tudo bem... Eu volto semana que vem então!

        – Você tem três dias... – Ele disse olhando para sua agenda que estava sobre seu colo e depois voltou seu olhar para mim.

        – Por quê? – O modo como eu era questionadora parecia incomoda-lo.

        – Porque se o prazo for longo demais você não vai cumpri-lo.

        – Não sei por quanto tempo vamos nos ver – Eu levantei o olhar para ele – Mas quando eu digo que vou fazer algo, eu cumpro com minha palavra...

The doctorOnde histórias criam vida. Descubra agora