Abri os olhos e vi um grande lustre, levei as mãos até a costela onde sentia a dor da noite anterior, ainda tentava assimilar o que havia acontecido, tudo era muito confuso mas algo me era bem real, eu havia tomado um tiro e podia sentir a dor, não sabia onde estava e nem quem havia cuidado dos meus ferimentos, talvez eu estivesse em um hospital, era difícil dizer, tentei me mover afim de tentar reconhecer um lugar, senti uma dor muito forte e retornei a posição anterior.
-Oi? Tentei dizer o mais alto que podia. Mãe? Eric? Alguém?
Não recebi nenhuma resposta, minha mão começou a suar e me senti nervosa, ouvi o barulho da máquina ligada a mim, meus batimentos estavam acelerando, me senti mais nervosa e puxei o tubo ligado ao meu braço, pus me sentada na cama, estava com minhas roupas ensanguentadas. Definitivamente não era um hospital, me levantei e com muito esforço caminhei até a porta, a abri e vi um grande corredor. Me virei para a direita e comecei a caminhar, o chão de carpete e alguns quadros compunham o corredor, tratei de me apressar mas a dor me fez cair sobre os joelhos.
-Droga! Soltei um grito e levei a mão novamente a costela, senti o sangue do ferimento. Droga! Droga! Droga!
Ouvi passos vindo do outro lado do corredor. Minha visão turva me impedia de ver com clareza a dor agora era meu único sentimento. A figura se aproximou e me levantou, gritei de dor e o empurrei.
-Me deixe te ajudar! A voz ecoou e encarei os olhos castanhos de Nathan.
-O que? O que está acontecendo? Assim que terminei de falar meus olhos se tornaram pesados demais então apenas os fechei e a dor sumiu.
O tempo é engraçado, existem momentos em que ele passa rápido como um raio atraído por um prédio alto, em outros sua lentidão faz com que os segundos durem séculos. No momento em que meus olhos fecharam não pude saber por quanto tempo estive desacordada, não conseguia me lembrar de nada, um grande quarto escuro era tudo o que eu via, sentia frio e não sabia se era dia ou noite.
-Não posso perde-la! Você precisa fazer alguma coisa!
Ouvi uma voz gritando no final do quarto escuro e então a voz se calou e o escuro abraçou-me novamente.
-Ele não tem esse direito! O que ele queria? E se ela morrer? Isso não beneficia nenhum dos dois, o que eu deveria fazer? Não estou pronto ainda!
Tentei chamar por alguém mas meus lábios não me obedeceram.
-Eu posso acabar ferindo-a
AAAAAAAAAA eu gritava por alguém, qualquer pessoa que fosse e quando senti que alguém segurava minha mão, me agarrei a essa pessoa e forcei-me para retornar, abrir meus olhos e poder ser escutada. De repente o quarto escuro pareceu iluminar-se. Pude apertar os dedos entrelaçados aos meus e com muito esforço o chamei.
-Nathan? Minha voz fraca ecoou pelo quarto. Nathan se levantou e apertando de volta minha mão sorriu.
-Ei! Sou eu. Sua voz parecia uma refúgio depois de tanto tempo sem ouvir uma resposta.
Tentei me levantar. Nathan colocou a mão em minhas costas e me ajudou a ficar um pouco mais inclinada.
-Assim está bom, não force muito. Ele sorriu.
-Onde estou?
- Em minha casa, não teríamos tempo de ir ao hospital e por sorte temos Naki que é muito boa com ferimentos, bem, quando o paciente ajuda, claro. Ele olhou para o soro preso em meu braço e ergueu uma sobrancelha pois assim que havia acordado o puxei e o arremessei para longe.
-Ja vim em sua casa, quando me acertou com o carro aquela noite, não me lembro desse quarto. Procurei por algo familiar ali mas não obtive sorte.
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The doctor
RomansaNathan, esse era o nome que ele havia me dito, mas depois de tentas mentiras e tantas descobertas era difícil acreditar em mais alguma coisa. Um novo doutor, uma nova consulta, era para ter sido apenas mais uma tentativa de enfrentar sua doença, ma...