Teodoro Alencar (Teo)

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Acordei com uma dor de cabeça infernal depois de ter um pesadelo horrível. Me reviro na cama de colchão fino que foi atribuído a mim, com um lençol mais fino ainda que mal cobria meu corpo. Me levanto da cama e para minha surpresa, encaro aquele adolescente de quatorze anos que me olha no espelho quebrado que está em cima do criado mudo caindo aos pedaços. Percebi que estava na minha antiga casa. Esse, meu antigo eu.

Sou magro, de pele clara, cabelos negros e olhos castanhos, rosto oval, nariz afilado e com uma boca vermelha que dava inveja em muitas mulheres. Minha beleza arrancava inveja de muitas meninas na minha escola e alguns beijos roubados a força de alguns garotos que me empurrava em algum canto que sempre me assediavam. Daí desses beijos arrancados a força, percebi que eu gostava de meninos, um segredo que escondi muito bem da minha família. Me olhando com mais atenção, me surpreendi com a marca circular vermelha no meio da minha testa que mais parecia um sinal. Me aproximei do espelho e passei meus dedos naquela marca e percebi que era uma cicatriz, uma lembrança do pesadelo que eu achava que havia tido. Meu mundo desmoronou e uma torrente de lembranças dolorosas, arrancaram lágrimas dos meus olhos. Essa cicatriz foi onde Vinícius me deu os tiros que arrancaram o último fio da minha vida. Os Deuses, seja lá que forem, ouviram minhas preces e eu vou fazer de tudo para mudar o meu destino e do homem que foi capaz, apesar da dor, derramar uma lágrima por mim.

Fui tirado esse estupor pela voz da minha irmã que estava esmurrando a porta do meu quarto. Eu estava atrasado para as minhas "obrigações".

_ Acorda seu inútil!! É hora de fazer o café para gente! Anda logo!

Eu sou nada mais e nada menos do que um escravo naquela casa. Desde muito cedo fui obrigada a aprender a cozinhar para a madame (minha mãe), a vaca da minha irmã e o metido a rico do meu pai. Todos me culpavam por ter nascido mais bonito que minha irmã, por isso sou a pessoa que eles podem pisar e massacrar. Com meu temperamento calmo e doce eles faziam o que queriam comigo e eu nada faria para me defender. Com a desculpa de que não poderia pagar uma empregada, tudo ficava sob minha responsabilidade e ainda sofria todos os tipos de abusos. Me acordava sempre as quatro da manhã para fazer o café e depois eu poderia ir à escola, onde por muitas vezes sofria todos os tipos de bullying e assédio. Ninguém ali nunca me ajudou ou limpou meus inúmeros ferimentos e muito menos das tentativas mal sucedidas de estupros que sofri. Depois da escola eu fazia o almoço e adiantava a janta. Eu só tinha direito de comer depois que limpava a casa. Na vizinhança eu era conhecido como o empregado da família e que os patrões faziam demais por me deixar estudar e morar na casa. Mal sabiam eles da verdade por trás de tudo.

Morávamos numa pequena cidade onde meus pais eram considerados pessoas de posses no interior de Minas Gerais. A escola na qual eu estudava era para os filhos dessas pessoas por isso eu sofria nas mãos deles, por não saberem a verdade sobre mim. Na minha vida anterior, eu havia me livrado desses tormento depois que um novo diretor descobriu meu sofrimento e veio falar com todos os alunos da escola nos quais alguns foram expulsos que eram os filhos dos amigos do meu pai. Quando cheguei em casa levei uma surra daquelas, daí fugi para não voltar até o dia que fiz minha fortuna e os arrastei para morar comigo já que estavam passando fome. Esse foi o maior erro da minha vida. Aliás um dos maiores erros da minha vida. O maior de todos se chama Vinícius, homem que me apaixonei perdidamente que só me trouxe dor e sofrimento. Decidi que hoje seria o dia em que eu iria embora daquele lugar onde eu só conheci o sofrimento e desprezo. Depois de preparar o café da manhã, entrei no meu quarto onde empacotei meus poucos pertences, peguei o dinheiro que havia numa gaveta da cozinha bem escondido por minha mãe e sai daquela casa sem olhar para trás.




Que família fdp!!! Tadinho gente😭😭😭😭😭😭 Dá uma vontade de pegar ele no colo e levar para casa...

Teo, em  nome da vingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora