Capitulo 12 - δώδεκα

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I just lie awake and play it out in my head
Like I know what to do
But the water's got a different plan
for me and you
And it hurts when it's true

Jeon Jungkook, ainda que filho de Atena, sempre teve dificuldade para controlar seus sentidos, sejam eles auditivos, olfativos ou mentais. Não, ele não era burro, muito pelo contrário, mesmo tendo um certo nível de dislexia por causa de seu sangue meio humano e meio divino, era acima da média para praticamente qualquer coisa. No entanto, lutava arduamente para organizar seus próprios pensamentos sobre sua saúde mental e sua vida, sendo que tudo parecia alto demais, podre demais. O barulho de seus pensamentos caóticos já era suficiente para confundir-lhe, tornando-o uma pessoa impaciente e distante.

De qualquer forma, depois de um tempo, quando conseguiu sorrir novamente ao fazer amigos, aquietou uma parte de sua mente e finalmente controlou tais sentidos tão irritantes. Na primeira vez que teve consciência disso, deitou-se sobre a grama com Kim Yugyeom sob o sol da tarde e apreciou finalmente o calor queimando os pelinhos de sua derme, a visão de um céu com nuvens defeituosas, o cheiro das plantas e o som de alguns pássaros cantando. Fizeram isso uma segunda vez, depois que foi-lhe roubando um beijo pelo amigo, ao observarem o céu e relaxaram sob um grilar sereno. Jeon não escutava mais sua mente gritando, na verdade, nem seu coração acelerara com o ato, porque finalmente conseguia confiar em seus sentidos.

Mas a vida é injusta e depois que ela o fez se afastar de Yugyeom – humano ordinário que provavelmente o amara –, os sentidos ficaram obscuros novamente. Jungkook tinha Park Jimin como apoio, mas era insuficiente. Não que seu amigo não fosse bom o bastante e forte o bastante para manter-lo firme, era apenas que o que o puxava para baixo era pesado demais.

Álcool, choros, jogos, sexo sem compromisso. Uma rotina deliberadamente chata. Chatíssima e chula. Jungkook havia se tornado um grande pecador, mas tudo bem, ele não era católico e sim um mero estudante de arquitetura, de fato, o melhor. Gostava desse título por fazê-lo esquecer a personalidade ruim que havia se moldado tão facilmente, rendido e humilhado pela vida fútil.

Jeon sorriu bobo para o teto, pensando em como sua vida havia se tornado um ciclo. Estava boa antes dos gêmeos Park, estava ruim depois dos gêmeos Park. Estava boa antes de Yugyeom, estava ruim depois de Yugyeom. E agora, estava boa com Taehyung. Quando teria o próximo declínio? Não se importava. Na verdade, Taehyung não era apenas um apoio para o garoto, havia se tornado uma estrutura para ele, fazendo-o se lembrar de que ele podia sorrir de novo, mesmo enfrentando problemas e traumas.

Seus sentidos estavam bons novamente e se um dia odiou escutar qualquer coisa porque tudo era alto demais para sua cabeça confusa e judiada, agora o som da respiração de Taehyung havia se tornado sua melhor nota musical. Sua mente o diziam para se segurar no filho de Hades deitado em sua cama e nunca mais soltar. Nunca mesmo. E assim, escutando como um maldito homem quase apaixonado os baixos roncos de Kim, sorriu sozinho.

Depois de revelações na madrugada e um sexo impiedoso, Taehyung conseguiu novamente cair no sono e enquanto isso, o filho de Atena se pôs a observar as feições tão delicadas e bonitas do tatuado, por oras passeando os dedos pelo pescoço cheio de desenhos do loiro. Perguntava-se quantas novas dúvidas o filho de Hades traria para sua vida, pois ainda que houvesse descoberto sobre a morte de Perséfone e os planos de Hades, ainda não entendia porque sempre parecia estar envolvido nessa confusão toda.

Porém, o que mais gostaria de saber era como havia se encontrado com Taehyung no passado pelos seus sonhos e porque Ares estava lá, em carne e osso. Assim, tentando organizar seus pensamentos, teve seu raciocínio interrompido ao escutar resmungos baixos do tatuado despido ao seu lado. O filho de Hades remexia o corpo, procurando pelo calor de Jeon.

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