Capitulo 1

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                                                                                Beatriz

Aqui estou eu a arranjar-me para a última festa antes do início da faculdade. Mal posso esperar por começar as aulas e por estar na faculdade a tirar finalmente o curso que quero, jornalismo. Desde pequena que tenho este sonho e agora estou mais perto de alcançá-lo ao entrar na faculdade. Mas aqui estou eu a divagar, quando deveria estar a arranjar-me. Coloco um vestido preto até aos joelhos, justo, aliso o cabelo, faço a minha maquilhagem e por fim coloco um salto alto e visto um casaco e vou ao encontro da minha amiga Carolina. Assim que saio do meu apartamento, aliás do apartamento da senhora Maria, uma idosa com quem partilho a casa e que se tornou minha tutora, pelo menos até ter 18 anos, encontro a Carolina à minha espera com um vestido ainda mais curto que o meu, o que não me surpreende. Eu e a Carolina somos o oposto uma da outra e talvez seja essa a razão para a gente se dar tão bem. Na verdade, foi ela que me convenceu a ir a esta festa, não é que eu não goste de festas simplesmente não sou muito de sair à noite. Assim que chego ao pé dela digo:

-Oi estás à minha espera há muito tempo?

-Não, não te preocupes eu cheguei há cinco minutos. Porque não estás a usar um vestido mais curto?

-Ainda mais? Tu sabes que eu não sou muito de usar vestidos curtos por isso vestir um vestido que fique acima dos joelhos já é um milagre. 

-Eu sei, mas poderias mudar.

-Tu também mudarias e vestirias um vestido mais comprido?

-...Não e por essa razão não vou insistir mais. Bom, vamos?

-Vamos.

E assim entramos no carro dela e fomos para a festa que seria num bar em frente à praia. A meio da viagem a Carolina diz:

-Esta noite tu vais beber certo?

-Carolina, tu sabes que eu não sou de beber. Para além disso já te esqueceste que eu ainda tenho dezassete anos.

-Isso não é problema nenhum, eu tenho dezoito, por isso posso arranjar bebidas para ti.

-Mesmo assim não sei.

-Vá lá. Esta é a última festa antes de ires para a faculdade, tens que te divertir e quem sabe a bebida não te ajude a ficar mais solta e a curtir com um rapaz.

-Eu não sou de curtir.

-Há sempre uma primeira vez para tudo. Vais-me dizer que nunca conheceste alguém que fosse tão bom que a tua vontade era beijo-lo na hora?

-Bom eu até posso sentir-me atraída por alguns rapazes quando os vejo, mas nunca pensei em beijá-los. Para não me chateares mais eu vou aceitar beber, mas aviso já que eu não vou curtir com ninguém. E depois da festa a gente vem para casa de táxi.

-A gente como quem diz. Eu não sei se vou para a minha casa ou para a casa de alguém, se é que me entendes.

-Tu não mudas mesmo.

-Claro que não. Se os homens podem curtir com a gente, a gente também tem o direito de curtir com eles.

-Um dia tu vais gostar de alguém a sério e aí quero ver como vai ser.

-Essse dia se chegar pertence a um futuro muito longínquo.

-Pois, pois.

-Estou a dizer a verdade. Já agora tu esta noite vais curtir com alguém e nem imaginas.

-Não mesmo. Eu só vou beber mesmo e é porque eu não quero que tu me chateies a noite toda.

E assim continuamos a conversar até chegarmos à praia. Para estacionar o carro foi um inferno, naquela festa deve estar mais gente do que eu estava à espera, o que me faz começar a ter dúvidas sobre ter aceitado vir a esta festa. Contudo se eu tivesse recusado o convite da Carolina, ela provavelmente mataria-me. Finalmente estacionamos o carro e assim que entramos no bar eu fiquei quase sem ar devido à quantidade de gente que estava ali.  Tal como eu disse eu e a Carolina somos muito diferente e como tal, enquanto eu estava-me a sentir mal por estar rodeada de muitas pessoas, Carolina estava radiante e disse:

-Eu adoro o facto de isto estar cheio, é sinal que existe diversidade, por isso tem muito rapaz aqui disposto a curtir comigo. Claro que eu só vou escolher um, pelo menos esta noite. (diz rindo)

-Não seria de esperar que tivesses outro pensamento.

-Bom, vou buscar bebidas para a gente, já volto. (diz deixando-me sozinha no meio daquela confusão)

Eventualmente com a demora dela começo a pensar que já deve estar a curtir com alguém, por isso resolvo sentar-me num sofá num canto mais recatado. À volta só vejo pessoas a beber, a curtir e sinto que não me identifico com esta geração. Mas por outro lado, penso se não deveria aproveitar mais a vida, às vezes tenho medo de não estar a aproveitar bem a minha idade. Os meus pensamentos são interrompidos pela chegada da Carolina com as bebidas.

-O que é isto? (pergunto eu)

-Algo que tu vais amar e não vale a pena insistires porque eu não vou dizer o que é. Prova e vê se gostas.

Bastou um olhar e tudo mudou (versão portuguesa)Onde histórias criam vida. Descubra agora