Capítulo 12

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David

Como seria de esperar a Beatriz está confusa e sem saber o que se passou a noite anterior. Vai ser difícil contar para ela o que aconteceu mas tenho a certeza que ela vai perguntar e eu não lhe posso ocultar nem mentir, até porque não conseguiria inventar uma história que fizesse sentido e que explicasse o porquê dela estar aqui.

Ela vira-se para mim e pergunta:

-Como é que eu vim parar aqui?... O que aconteceu?...Você está com olho roxo...oh meu deus... fui eu que fiz isso? 

-Em primeiro lugar fica calma por favor. Desculpa tratar-te por tu mas não é preciso estarmos com formalidades. Em segundo lugar é melhores sentares-te e beberes um café porque eu imagino que estejas com dores de cabeça. 

-Ok. (ela diz sentado-se na cadeira e pegando na chávena de café)...Agora por favor diz-me o que se passou.Eu não me lembro de nada, isto nunca me aconteceu e eu confesso que estou a entrar em pânico, nem o café me acalma por isso por favor diz-me. 

-Como eu disse anteriormente acalma-te por favor. Eu vou contar-te tudo.

-Ok, eu acalmo-me. Agora conta por favor.

-Bom eu vou tentar ser o mais direto possível porque se eu demorar mais eu sei que vais ficar mais nervosa. Eu tinha estado a trabalhar no café junto à faculdade, aquele que tu estiveste às uns tempos atrás com a tua amiga Carolina, e estava a ir para o meu carro. De repente eu vejo um rapaz a carregar numa rapariga que parecia estar um pouco mal. Por essa razão eu aproximei-me porque ele poderia precisar de ajuda. Mas foi aí quando eu me aproximei que percebi que aquilo não era o que eu pensava, era pior que isso. Eu ouvi-o dizer "Esta noite vai ser boa" e percebi que ele preparava-se para fazer algo muito mau, algo que eu acho que não preciso de pronunciar porque tenho a certeza que como és muito inteligente, entendeste e eu não preciso de dizer a palavra. Eu consegui tirar-te dos braços dele e depois ele deu-me um murro. Nós começamos uma cena de pancada e eu disse-lhe para ele nunca mais pensar em fazer o que ia fazer contigo com outras raparigas ou até mesmo contigo. Depois fui ter contigo para ver se estavas ferida e aí foi quando eu percebi que eras tu,Beatriz. Eu peguei no meu telemóvel para chamar a polícia mas quando me virei ele já não estava lá, tinha conseguido fugi, sinceramente não sei como mas fugiu. Infelizmente porque mesmo não tendo acontecido nada ele merecia ser castigado por aquilo que tentou fazer. Como tu não estavas ferida e ele tinha fugido eu não chamei a polícia. Depois de ver que estavas apenas inconsciente e que provavelmente apenas irias acordar no dia seguinte, peguei em ti e coloquei-te dentro do meu carro. Eu não sabia onde moravas por isso trouxe-te para aqui. E foi assim que vieste cá parar. 

-... Obrigada, muito obrigada. (ela diz dando-me um abraço)

Eu fico sem reação e passado um tempo ela deve ter percebido isso e deixou de me abraçar e diz:

-Desculpa. Mas eu realmente fiquei agradecida. 

-Não faz mal, eu entendo.

-Só de pensar que neste momento eu poderia ter...

-Não aconteceu, por isso não imagines coisas más. 

-Não aconteceu graças a ti. Eu nunca vou poder agradecer-te o suficiente pelo que fizeste.

-Eu fiz o que faria por qualquer pessoa que estivesse em perigo. 

-Claro que sim...bom agora é melhor eu ir andando, obrigada por tudo mas é melhor eu ir. 

-Não queres comer nada? 

-Não, eu não quero estar a incomodar. Para além disso eu neste momento a única coisa que quero é ir para casa, tomar um banho e ir para a cama. 

-Tens a certeza?

-Sim. 

-Então pelo menos deixa-me levar-te a casa. 

-Não, não é preciso. Tu já fizeste muito por mim. 

-Não custa nada. Para além disso eu acho que não estás muito em condições de ir sozinha para casa. Por favor aceita. 

-Ok. 

Depois de ela dizer isto, eu pego nas chaves do carro e vamos até à minha garagem. Entramos no carro, ela diz-me a sua morada, eu coloco no GPS e depois disso vamos o caminho todo em silêncio. Passado um tempo chegamos ao destino, eu paro o carro em frente à porta do prédio onde ela mora e ela diz:

-Obrigada pela boleia. E obrigada sobretudo por tudo o que fez por mim, eu nunca vou esquecer. Muito obrigada. 

-Não precisas de agradecer, a sério. (digo pegando na mão dela)

Pouco tempo depois apercebo-me do que estou a fazer e retiro a mão. Os dois ficamos constrangidos e depois ela diz:

-Bom... eu preciso de descansar. Mais uma vez muito obrigada e até segunda. 

-Adeus. E tem um bom descanso. 

-Obrigada. 

Ela sai do carro, entra no prédio e depois eu vou para casa. 

Passado um tempo eu chego a casa e começo a pensar na vida. É verdade que eu faria por qualquer pessoa o que eu fiz pela Beatriz mas também é verdade que quando eu vi que era a Beatriz eu fiquei em pânico. Só de pensar o que poderia ter acontecido com ela...fico logo todo alterado. Felizmente eu cheguei a tempo e consegui salvá-la. Eu não iria aguentar ver ela a sofrer. Eu tento não pensar nela mas confesso que às vezes dou por mim a pensar nela e agora com isto que aconteceu eu apercebo-me que preocupo-me mais com ela do que aquilo que deveria preocupar-me. A verdade é que ela mexe comigo, a verdade é que por mais que seja proibido, eu acho que eu sinto algo por ela. Tudo isto começou naquela noite, nessa altura nós não sabíamos que viríamos a ser aluna e professor, nessa altura eu achava que ela era mais velha, por isso eu não tenho culpa. Foi algo que aconteceu. Eu sinto algo por ela mas eu tenho que fazer os possíveis para não deixar esse sentimento crescer. 


Bastou um olhar e tudo mudou (versão portuguesa)Onde histórias criam vida. Descubra agora