Quando tinha 12 anos comecei a presenciar coisas estranhas, eu sentia a presença de pessoas atrás de mim, mas nunca havia ninguém. Eu tinha sonhos malignos e acordava todo suado no dia seguinte. Quando fiz 13 anos, eu comecei a ter vontades estranhas de matar as pessoas que não me davam atenção, minha mente não me obedecia, eu não tinha mais controle sobre ela.
Foi então que minha querida mãe decidiu me internar em um sanatório, em minha vida inteira eu nunca havia recebido a devida atenção ou carinho de meus pais, tenho três irmãs mais velhas que para meus pais são como rainhas. Passei a melhor parte da minha vida servindo de escravo para meus pais, minhas irmãs se aproveitavam de mim, e meus pais nunca souberam. Na escola eu não tinha amigos, ficava sempre sozinho, o único amigo que tive foi por um pequeno período, logo depois ele se mudou para o Texas. Desde então fico sempre sozinho, às vezes é bom ser sozinho, mas na maior parte do tempo isso dói. Enfim hoje estou com 18 anos e ‘’vivo’’ em um sanatório aqui em Londres, você deve estar se perguntando se eu sou louco? Talvez, mas que eu não tenha salvação? Isso com certeza.
Minha mãe e meu pai nunca me visitaram, somente uma de minhas irmãs me visita uma única vez ao ano. Ela é casada e tem duas filhas, às vezes ela parece se preocupar, mas outra não está nem ai, e isso me causa um impacto tão grande que tenho vontade de mata-la. Posso dizer que minha vida até hoje se resumiu em solidão e choro, tive tanta vontade de viver as mesmas coisas que os garotos da minha idade vivem, que até foi preciso me isolar aqui no sanatório. Aqui é tudo tão sem vida, tudo tão escuro, e eu sinto tanta culpa porque infelizmente eu gosto de fazer parte dessa escuridão.
Já tive vontade de me matar várias vezes. Como já havia dito anteriormente meus pais nunca me davam atenção e eu não estava mais suportando viver no meio de pessoas que não estavam nem ai para minha vida, como se não fizesse diferença nenhuma eu estar ali ou não. Eu estava tão decidido em dar um fim em minha vida que até cheguei a preparar meu próprio suicídio, foi no meu aniversario de 13 anos, eu estava amarrando uma corda no teto quando minha mãe entrou no quarto, ela começou a me bater e disse que queria que eu fosse embora, foi ai que ela ligou para este sanatório e pediu para que me internasse por motivo de tentativa de suicídio. Pode parecer estranho alguém de 13 anos planejar a própria morte, mas para alguém como eu não. Naquela mesma hora depois de minha mãe ir correndo ligar para o sanatório, que eu acho que ela já estava planejando isso há muito tempo, uma ambulância parou em frente de casa e três enfermeiros desceram correndo e entraram em casa. Minha mãe os guiava, e eu lá do quarto podia ouvir os passos se aproximando. Eles entraram em meu quarto feito loucos e me puseram em uma camisa de força, eu estava com medo e queria fugir então comecei a me debater o quanto podia, mas um dos enfermeiros aplicou-me uma injeção direto na veia e desde aquele momento eu nunca mais vi a face de meus pais. Quando acordei estava ainda na camisa de força deitado em uma maca num quarto branco com apenas uma porta e uma pequena janela. Eu estava com vontade de morrer, mas nem isso eu era suficiente para fazer. Durante todos esses anos eu sempre sonho em um dia poder sair daqui, mas as pessoas são cruéis e te machucam por inteiro. Nem em meus pais eu pude confiar se quer em uma enfermeira filha da puta. Hoje aqui estou eu num quarto claro, sem nenhuma cor, sem nenhuma vida, incluindo a mim. Faltam 16 dias para eu completar 19 anos e viver esse dia internado em um sanatório graças aos meus queridos pais. Como de costume estava de pé, parado a porta olhando pela pequena janela na parte superior quando algumas enfermeiras passam pelo corredor gritando algumas palavras que eu não consegui distinguir. Elas estavam empurrando uma maca com uma pessoa deitada nela desacordada. Só pude ver os cabelos escuros caídos por entre o travesseiro. No mínimo havia tentado alguma coisa e não havia obtido sucesso. Enfim pensei pra mim mesmo e voltei a deitar em minha cama e fazer desenhos aleatórios em meu caderno. Aqui eu só tinha acesso a isso e nada mais.
