— Ei, pivete — sussurrou Kyungsoo, mexendo com os cabelos bagunçados do Park, olhando para a tatuagem nas costas da mão direita, o peixe que tinha insistido em fazer consigo. — Por que um peixe?— Hm... eu não sei. Eu só gosto muito de peixes — sorriu Yeol, brincalhão, para o tatuador deitado ao seu lado. — Você não gostou?
— Das 48 tatuagens que eu tenho agora... essa é minha segunda favorita.
— E qual é a favorita?
— O "loey" que você escreveu no meu braço um dia, mané — revirou os olhos, como se fosse óbvio. E era. Soo já tinha repetido isso umas 30 vezes.
— Ah, é. Por que gosta tanto dela? — se sentou direito, apoiando a cabeça no ombro do mais baixo.
— Porque ela é do dia em que eu te conheci, duh — sussurrou, passando a mão pela tatuagem no braço esquerdo.
O cantor de bares simplesmente deu um sorriso enorme pelo gesto, pegando sua mão com força e a apertando. Em plenos anos 80, uma fita de rock já tocava do lado de fora às 10 da manhã, música que vinha do vizinho do Do. Havia um rastro de cigarros pelo quarto que davam na cama do Soo, e Chanyeol apenas gostava do cheiro de como os cigarros amentolados pareciam. Eram gostosos de sentir quando beijava o mais novo, principalmente se tivesse acabado de terminar um. Entretanto, não gostava de fumar em si: achava deveras complicado e não era muito bom nesse tipo de coisa.
Tinham se conhecido em um dia que Chanyeol tivera que fazer uma tatuagem por ter perdido uma aposta para Jongdae — um pequeno código morse com algum xingamento ao próprio Park, mas não se lembrava direito qual, junto a uma pequena lagartixa — e, do jeito que a pele era intocada, Kyungsoo chegou a rir de como seria a sua primeira tatuagem.
— Dizem que fazer número par dá azar — Soo murmurou, pegando os desenhos que Jongdae queria para fazer o decalque. — Por que não escolhe mais uma enquanto eu arrumo tudo?
Chanyeol examinou os desenhos na pele do outro enquanto escutava Dae rir baixinho ao fundo. Então, gostou de duas pequenas, que quase não chamavam a atenção. A primeira era uma na parte de trás de braço, um triângulo com uma paisagem de montanhas e um sol brilhando, a segunda uma pequena planta delicada do lado da sobrancelha direita, perto de um dos seus piercings. Então, apenas apontou para a plantinha, dando um leve sorriso.
— Que tal uma dessas? — pediu, chamando a atenção do Soo. — Eu achei bonitinho.
— Bonitinho? — perguntou, rindo de canto. — Vamos, já fiz o decalque de tudo. Sente ali.
Chanyeol sentiu o corpo tremer, a pressão baixar ao ver o braço ser estendido como se fossem tirar seu sangue. Soo puxou a cadeira, sentando ao seu lado e começando a cuidar da pele do garoto com calma.
— Ei, moleque — chamou, fazendo Chanyeol o olhar. — As duas que você não quer vão ser temporárias, vai ficar por uma ou duas semanas, no máximo. Pense onde quer a terceira enquanto eu faço as que não doem, ok?
Chanyeol deu um pequeno sorriso ao ouvir aquelas palavras, e apenas assentiu enquanto o homem tatuava o antebraço. Mal sabia que logo após de tudo aquilo, iriam se encontrar em uma festa onde Yeol teria de cuidar do grupo de amigos até achar Kyungsoo para livra-lo de tal sina. Mas, eram coisas que, no fim, iam lidar para aquele casal que dividia a cama nos dias frios, e no mais alto que sempre reparava em coisas diferentes nas tatuagens do Do. Era simplesmente maravilhoso.
Um amor infantil que tornara-se leve como o ar, assim como era, de mesma forma, necessário aos dois.