Drei

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 [...] damos as boas vindas ao novo engenheiro civil, mestre Gabriel Tomaz Franz que assumirá a reforma para o novo estádio do time alemão Borussia Dortmund, baseado na sua defesa do mestrado, focado na sustentabilidade e diminuição dos gastos anuais [...]

 Acabou.

 O silêncio reinou em minha cabeça. Não conseguia assimilar mais nada da notícia, a não ser a falta do meu nome.

 Fiquei longos minutos paralisada, com a chocolate quente virado no tapete, Stella na minha perna e meu pai tentando me chamar.

 - Filha...

 - Essa era a chance da minha vida – interrompi com os olhos lacrimejando.

 Toda a defesa da minha graduação, especialização e mestrado foram jogados no lixo. O projeto da minha vida foi descartado, e quem ganhou foi o meu colega.

 - Filha...

 - O que tem de errado com o meu projeto? – perguntei baixo.

 - Alex, presta a atenção...

 - NO NOME DO GABRIEL? – explodi, levantando rapidamente fazendo a cadeira cair e Stella se assustar.

 - Alexandria, abaixe o tom quando for falar comigo!

 - É TÃO DIFÍCIL ME DEIXAR CINCO MINUTOS EM SILÊNCIO?

 Meu pedido se realizou, quando fui rapidamente para o meu quarto tentar esvaziar a cabeça.

 O que estava de errado com o meu trabalho? Com o meu currículo? Eu estudei com o Gabriel, ele era um ótimo aluno, mas o meu projeto era melhor.

 Passei anos sendo uma das poucas da graduação querendo fazer a especialização em grandes construções, fazendo técnico em edificações e produzindo um projeto sustentável em estádios, enquanto o Gabriel produzia para prédios e escritórios...

 Espera.

 Calma.

 Desde quando o Gabriel mudou o projeto dele para sustentabilidade?

 Alex, respira fundo. Vamos reler a notícia.

 Meu notebook está na sala.

 Minhas pernas não conseguem sustentar o meu peso e acabo caindo.

 Alexandria, LEVANTE!

 Consigo ir para a sala, onde encontro meu pai limpando a sujeira da caneca. Stella vem rapidamente para o meu lado, querendo carinho e esfregando a cabeça na minha mão.

 - Você está bem? – Roberto pergunta quando me vê parada no corredor.

 - Eu preciso rever a notícia.

 - Filha, você terá outras oportunidades...

 - Eu acho que ele roubou o meu trabalho – interrompo sua fala, fazendo-o ficar parado me encarando.

 Quando concluo que ele não vai se mexer, vou rapidamente ao notebook e termino de ler a notícia, sem a esperança inicial, apenas com raiva.

 Sinto meu pai no meu ombro acompanhando a notícia, segurando a respiração quando chegamos no parágrafo que contava rapidamente do orientador, e nomeava o orientador do meu projeto.

 - Vocês tinham o mesmo orientador?

 - Não – respondo baixo – o dele era a Carla.

 Não pode ser.

 Juan era meu orientador desde a graduação.

 Ele tinha me feito chorar, ralar por esse projeto e melhorar a cada etapa.

 E agora o nome dele estava junto com o do Tomaz.

 - Você não tem o telefone dele?

 Rapidamente me levanto para buscar o meu celular e ligar para o meu orientador, ou ex. A chamada caiu na lista de espera na hora, estava ocupado ou bloqueado.

 - Ele não chama – digo nervosa.

 - Deixe eu tentar ligar pelo meu.

 Enquanto ele digitava no céu celular, sentei-me no sofá com o rosto entre as mãos respirando fundo o máximo de vezes possível.

 Sinto uma lambida na mão, vendo a filhotona choramingando do meu lado quando me vê soluçar. Abraço-a e enterro a cabeça no seu pêlo macio. Incrível como os animais sentem que você está triste e conseguem absorver parte desta energia.

 A mesma não ofereceu resistência, apenas lambendo parte do meu braço que estava em torno do seu corpo.

 - O número não chamou, pode estar desligado.

 - Ou ele trocou de número – suspirei com as mãos nos olhos e baixei a cabeça.

 - Talvez possamos entrar na justiça?

 - Ele pode ter barrado os direitos autorais dele do meu trabalho, agora o autor é esse idiota.

 Mais uma vez, o silêncio se instaurou no cômodo, onde eu procurava uma maneira de reverter isso e meu pai algo para me apoiar.

 - Isso é comum, aconteceu porque tinha que acontecer.

 - O que? – Levantei o rosto tão rápido que vi pontos pretos por alguns segundos, mas a raiva já estava me consumindo – Um homem pega meu trabalho de OITO ANOS, simplesmente coloca o nome dele, ganha a vaga dos meus sonhos, reconhecimento mundial E TINHA QUE ACONTECER?

 - Toda vez que temos a chance de avançar, eles mudam a chegada – ri sem humor, citando uma fala de um filme que está resumindo o meu estado -. Até porque não seria possível uma mulher com menos de trinta anos desenvolver este projeto. O orientador teve que colocar um homem.

 - E o que você vai fazer? Vai denunciar ele? Fazer uma postagem no twitter para viralizar? Assim você vai ter a fama que tanto queres - respondeu com desgosto, mesmo sabendo onde eu queria chegar.

 - Fama? É isso que você acha que eu quero? – perguntei lentamente, para o homem que não parece me conhecer desde o dia que nasci – Eu não quero isso. Quero vingança que ele me pague por cada minuto que passar lá nas minhas custas.

 - Então, o seu tio é advogado e podemos colocar ele na justiça, vou ligar para ele.

 - Não quero o dinheiro deste verme – me senti enojada de pegar um dinheiro ou entrar na justiça para reconhecer o meu trabalho. Eu quero que ele passe vergonha, que o nome dele fique tão manchado que ele não consiga trabalhar como engenheiro nem como garçom. E eu vou estar lá assistindo cada degrau que ele cair.



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Oi gente, tudo bem?

 Eu cheguei esgotada ontem e não consegui atualizar a Like Water, mas prometo que vou tentar atualizar hoje ou amanhã.

 O que acharam?? O que pode acontecer daqui pra frente? Não esqueçam de comentar, dar a estrelinha e assistirem a vitória do Bayern amanhã. Beijinhos.

like fire • marco reusWhere stories live. Discover now