Zwei

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Duas semanas depois


- Alex, por favor, para de bater este pé – diz sem tirar os olhos da prova que estava corrigindo.

 Hoje sai o resultado da vaga, já tentei me distrair com tudo pelo fuso horário e saber que o resultado demorará.

 Varri a casa, tirei o pó, troquei as cortinas, passei um pano, fiz o almoço, sobremesa, arrumei as provas em ordem alfabética e não conseguia parar de pensar no resultado.

 - Eu vou sair para correr com a Stella – avisei enquanto corria para o meu quarto trocar de roupa.

 - Você acabou de comer, para um pouco ou vai dormir.

 É complicado ter pessoas que convivem contigo e não entendem como é ser assim, não escolho passar por todo esse sufoco e contar cada segundo para algo. Apenas ignoro e coloco uma leggin e prendo o meu cabelo bem alto para não suar na minha nuca.

 Enquanto me olho no espelho para tirar alguns pelos que Stella soltou na roupa, tento arrumar os cabelos soltos que ficavam para fora do penteado. Por ele ser cacheado, ficava bem aparente, mas estava acostumada.

 Coloco os tênis e tiro alguns fios acobreados da frente dos meus olhos, pego a coleira da minha filha e começo a chama - lá. Adotamos a Stella quando a achamos na rua em um dia de tempestade aqui em Canela, o inverno é bem rigoroso na região sul do país.

 A filhotona completará seu primeiro ano na família Amorim na próxima semana, era uma cadela de porte grande, muito amável e que adorava correr. Muitos olham para ela com cara de nojo, por não ter "raça" e dormir comigo, não entendo porque outras pessoas tratam ela diferente das cadelas da vizinhança.

 - ALEXANDRIA, VOLTE ANTES DE ANOITECER!

 Escuto enquanto Stella pula em mim, sabendo o que iremos fazer e se animando, é incrível como os animais conseguem mudar completamente o nosso humor e são felizes com tão pouco.

 - Calma amor – tento virar o rosto enquanto ela lambe desesperadamente o mesmo e eu gargalho – o que seria de mim sem você?

 Abro a porta e seguro a coleira da mesma que "sorria" para todos que passavam, não me esquecendo de pegar uma garrafa e um potinho para ela tomar água. Começamos a correr em direção ao parque localizado no centro da pequena cidade, esta é uma vantagem de morar no interior: parques próximos e segurança.

 Os longos minutos que fiquei praticando exercício com Stella fez eu me esquecer – levemente – do resultado, mas não completamente. Percebo que o céu já está em tons escuros de azul e decido que é melhor ir para a casa lentamente, para não forçar muito as patinhas dela.

 Chegando em casa, vou direto para o banho tirar o suor do corpo e colocar uma calça de moletom e uma regata, pela lareira estar acessa. Deixo os longos fios secarem naturalmente com um pouco de creme e vou em direção à cozinha para preparar um chocolate quente.

 Não cuido da casa sozinha, mas enquanto papai faz o seu trabalho, não me custa nada fazer um pouco a mais. Vivemos na mesma casa, dividimos as responsabilidades.

 Depois que consegui um emprego na cidade, comecei a ajudar nas despesas da casa. Mesmo com 22 anos, ainda moro com o meu pai. Infelizmente é uma vaga para técnico em edificações, ou seja, recebo bem menos do que deveria.

 Enquanto não levanta fervura, começo a reparar mais na cozinha simples que temos, com fotos da nossa família reunida.

 Foto da nossa primeira viagem às Cataratas, eu tinha aproximadamente sete anos, e mamãe estava junto.

 A outra foi na copa de 2002, quando o Brasil foi campeão mundial. A foto mostrava eu e meu pai com camisas verdes e amarelas, bandeira do país nas costas, óculos de aniversários extravagantes e grandes sorrisos, estávamos olhando para a câmera e, entre nós, estava a televisão simples em preto e branco mostrando a seleção erguendo a taça.

 A terceira foi no centro de treinamento do Internacional, que fica em Porto Alegre, poucas horas de Canela. Conseguimos chegar perto D'Alessandro e tirar uma foto de nós três, papai tinha a camiseta autografada em um quadro.

 Mesmo acompanhando mais o futebol nacional, me rendo às vezes ao europeu, torcendo pelo Barcelona, enquanto papai preferia o Real Madrid.

 - ROBERTO, MELHOR BEBER ESTE CHOCOLATE QUENTE ANTES QUE EU QUEIME ESSAS PROVAS!

 Enquanto levava a panela para a pequena sala que estava o meu notebook, escuto a porta do seu quarto abrir e fechar.

 - Esqueço que tenho uma filha escorpiana e de exatas – faz uma cara de desgosto, como se doesse falar aquilo – não sei o que fiz para merecer isso.

 - Reclama agora para ver o que não faço com a tua camiseta do Inter – ameaço lentamente, enquanto ligo o notebook e entro no meu e-mail.

 - Não está mais aqui quem falou – levantou as mãos, logo depois se servindo da bebida quente.

 Enquanto espero a internet à manivela, bebo lentamente a bebida para aquecer o corpo e tentar acalmar o nervosismo que se instalava no meu corpo.

 - Estranho, eles anunciaram na página oficial.

 Os segundos passaram lentamente, enquanto clicava no link que tinha recebido, logo abrindo o site em inglês.

 Quando comecei a ler, o tempo parou.

 Papai não estava mais atrás de mim.

 Stella não estava mais chorando do meu lado, querendo carinho.

 Não senti a caneca soltando-se dos meus dedos e indo para o chão.

 Apenas olhava para o primeiro parágrafo da matéria, não querendo acreditar.


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 Eai gente, muita maldade terminar assim??

 Postei dois no mesmo dia pelo outro ter ficado super curtinho, foi apenas um extra hehe. Vou tentar postar duas vezes na semana, mas a promessa é apenas no sábado.

 Falem o que vocês acham que vai acontecer, não esqueçam da estrelinha e de divulgar para eu ter mais pessoas me cobrando e postar mais hehe. 

like fire • marco reusWhere stories live. Discover now