Vier

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Uma semana depois

- Eai cara, chegou cedo hoje – Mario chega me cumprimentando com um sorriso em plena segunda-feira pela manhã.

Só ele conseguia estar sorridente segunda-feira, oito da manhã, com o técnico falando que precisa de um papo sério conosco. A última vez que me falaram isso, foi minha mãe quando eu tinha sete anos.

- Só quero escutar o que o Favre tem para nos falar logo.

- Parece que vão apresentar o pessoal que vai fazer a reforma no estádio.

- E o que eu tenho com isso? Não sou arquiteto nem vou pagar o salário deles.

- PAREM DE RESMUNGAR – Sancho apareceu do nosso lado, mais um alegre.

- Sério que vocês estão felizes depois do 5x0 do Bayern? Foi a maior humilhação da Bundesliga – resmunguei me desvinculando dos braços do inglês que abraçou nós dois.

- Qual é cara, a gente tinha ganhado deles na outra partida, um ponto só dá para recuperar.

- Tem diferença entre 3x2 e um 5x0 fora de casa.

- Sem choramingar agora, foco nos próximos jogos pra voltar à liderança.

Conforme os outros chegavam, dava para perceber o estado de espírito de cada um. A maioria estava como eu, com cara de morte que poderia atropelar o Favre com um trator por nos fazer vir para conhecer pessoas que não iremos ver, e outros empolgados com os próximos jogos para passar do Bayern novamente.

Foi péssimo, não estava no clima para conversar ou sorrir para ninguém. A humilhação que passamos em Munique só não foi maior que no ano passado. A primeira pessoa que abrir a boca para reclamar, já vou chutar a bola na cara.

- Woody, desmancha essa cara de morte – Götze chega me dando um soquinho no braço para me despertar do universo paralelo que estava, sem eles.

- Só quero ir pra casa logo.

- Relaxa, deve ser jogo rápido e já vamos lá pra casa jogar FIFA.

Quando ele parou de falar, o técnico chegou com cara de nada e começou a passar o cronograma do que será feito pela manhã de apresentação.

- Olá rapazes – cumprimenta com mau gosto, ainda bravo com o resultado recente -, acho que alguns bisbilhoteiros já sabem o porquê de vocês estarem aqui, mas vou explicar mesmo assim.

-Vocês sabem que o estádio receberá uma reforma e estaremos com um emprestado por um tempo, fizemos uma mudança na equipe técnica e na responsável pela mudança. Não preciso pedir para tratarem eles bem, vocês não são crianças. Irão ver pouco eles, alguns a mais, mas participarão das reuniões onde eles vão expor as idéias para as mudanças no estádio.

- A maioria deve falar em inglês, por ter uma grande quantidade de estrangeiro pelas novas normas européias – disse revirando os olhos.

- Será que vai ter alguma gata? A antiga fisioterapeuta era uma grossa ainda por cima.

- Também, a gente chegava com uma lesão leve lá e saia com uma pior – respondi lembrando do péssimo tratamento que fez a fisioterapeuta sair definitivamente do estádio.

- Enfim, como o burburinho já começou e estou sem cabeça com vocês, vou encerrar a conversa por aqui que eles já devem estar chegando.

Com o clima pesado que ficou entre o grupo, preferimos ficar em silêncio para não arrancar a cabeça do treinador fora e usar no próximo jogo. Ele virou-se e seguiu em direção ao interior do estádio, indo para as salas de reuniões dentro do mesmo.

Sentamo-nos nas cadeiras, quase dormindo e agradecendo pelas térmicas de café que foram colocadas rapidamente. Felizmente estávamos na maior sala e bem próxima da área externa, não ficando apertado apenas com o time que não cala a boca por um minuto sequer.

Fica com a boca fechada e respira fundo para não jogar esse café fervendo na cara deles.

- Pessoal não tem relógio em casa? – perguntei estressado com o horário.

- Credo, a gente ta aqui a uns cinco minutos esperando.

- Se eu atraso cinco minutos no treino, é o inferno na Terra. Já esse pessoal aí, não é nada – resmunguei lembrando das várias broncas que levei pelo horário.

- Você está a própria morte, ein – Paco comentou pegando um pouco do café que estava na minha frente.

Antes de conseguir responder, Favre volta pela porta e permite a entrada dos novos trabalhadores. Entraram aproximadamente cinco pessoas, que não se encaravam nem conversavam; cada um em seu mundo até começar a explicação.

- Tudo bem rapazes – começou chamando a atenção e parando automaticamente a conversa paralela -, vou apresentar as pessoas que vocês mais terão contato, sendo os outros já conhecidos do time pelas reformas anteriores.

- O engenheiro-chefe, novo encarregado da reforma no estádio aurinegro, é o senhor Gabriel Tomaz Franz, vindo diretamente do Brasil, com o projeto espetacular feito pelo mesmo.

O primeiro homem da fileira da um passo à frente quando é chamado, erguendo a cabeça e sorrindo com orgulho. Não falando nada, apenas erguendo a cabeça e cumprimentando todos com um aceno de cabeça.

Quando o treinador começou a falar dos fisioterapeutas, me desliguei por não me importar mais. Eles costumam ir embora rápido e nenhum tem o costume de conversar conosco.

- Por fim, a nossa nova secretária, senhorita Alexandria Camargo Albernaz.

Coitada.

Secretária aqui é igual cachorro, não me impressiona que seja umas das vagas menos concorridas dentro da parte técnica.

Quando o nome foi chamado, o engenheiro rapidamente virou a cabeça em direção à ruiva que levantou a cabeça lentamente, depois de sorrir para o mesmo que ficou pálido na hora e deu um passo para trás.

- O que? – perguntou atônico, chamando a atenção de todos presentes na sala.

- Olá garotos – a garota disse em voz alta, com um sotaque carregando ao pronunciar o cumprimento em alemão.

- Algum problema, senhor Franz?

Com o silêncio, a treinador continuou a sua fala.

- A senhorita Albernaz também veio do Brasil, será uma possível ponte entre vocês e a parte técnica. Participará das reuniões, pela sua formação em engenharia civil, parecida com o senhor Franz.

Todos cumprimentaram rapidamente os novos trabalhados, alguns com maior enfoque na garota.

Ruiva, cabelo cacheado preso, camisa social roxa, calça social preta e sapato de salto. O que mais poderia chamar a atenção seriam as sardas ou o olhar firme da garota.

- Vocês estão dispensados agora, podem ir para casa ou resolverem alguns assuntos pendentes aqui, no caso de vocês cinco.

Com um sorriso desafiador dos lábios avermelhados lançado para o outro brasileiro que ainda olhava atônico para ela, olhou rapidamente para nós com tédio e se virou em direção à porta, com o sapato de salto mostrando o seu ritmo rápido.

Até que Mario me cutuca e começa a rir depois da invocada fechar a porta.

- Parece que tem mais uma nervosa para aturar diariamente, vai perder o teu posto, Woody. 



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Eai gente, finalmente o encontro aconteceu!

O próximo capítulo terá um flashback para mostrar toda a decisão da Alex, até chegar em Dortmund.

 O que estão achando?? Ainda está bem raso para mostrar como a narrativa vai seguir. Boa noite e beijinhos.

like fire • marco reusWhere stories live. Discover now