Capitulo 2

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Uma aragem fria fez-me acordar lentamente do meu sono profundo. Abri os olhos a custo e aos poucos a imagem à minha volta começava a ficar cada vez mais nítida. Deparei-me com as minhas roupas espalhadas pelo quarto, a minha camisola encontrava-se em cima da secretária e podia ver as minhas calças de ganga escuras no chão do quarto. Sorri ao ouvir o bater do coração da pessoa que mais amava neste mundo.

A minha cabeça estava repousada em cima do tronco nu do rapaz que me aquecia a alma com os seus braços a rodearem o meu corpo. Levantei ligeiramente a cabeça para certificar-me que ele ainda estava a dormir. Toda a perfeição existente no mundo estava presente naquele rapaz mesmo com todas as suas imperfeições. Era isso que o tornava ainda mais especial e único. Era perfeito aos meus olhos. Juntei os meus lábios aos dele até ver os seus olhos azuis sonolentos aparecerem aos poucos fazendo-me sorrir genuinamente.

“Que bela maneira de começar o dia, amor…” Comentou.

Voltei de novo a unir os nossos lábios iniciando assim, um beijo apaixonado. Os beijos dele já eram uma necessidade para mim como o próprio respirar. Eram cruciais para o meu viver. Assim que o beijo terminou encostei de novo a cabeça ao seu peito e pude sentir uma das suas mãos a afagar os meus longos cabelos.

“Amo-te muito…” Ouvi-o dizer bem junto ao meu ouvido depositando de seguida um beijo na minha testa. Ele era a pessoa mais importante da minha vida, daria a minha vida por ele se fosse necessário. Amava-o cada vez mais a cada dia que se passava. Não podia estar mais feliz.

“Eu também te amo muito, Louis.” Proferi quase inaudível arrastando os meus lábios pelos dele.

Infelizmente a nossa vida não se resume aquele quarto, existe faculdade e hoje era dia de ir às aulas. Levantei-me algo contrariada ao sair daquele quentinho reconfortante e fui fazer a minha higiene pessoal. Quando voltei ao quarto o Louis levantou-se da cama para ir fazer o mesmo que eu fizera à segundos antes. Vesti a roupa que trouxera no dia anterior e esperei por ele para irmos tomar o pequeno-almoço.

(…)

Íamos a caminho da faculdade de mãos dadas, algo que não era habitual já íamos sempre na mota dele. Mas como ela estava na oficina tínhamos que fazer o percurso a pé. O Louis ia a fazer as suas brincadeiras e parvoíces do costume. Às vezes perguntava-me se namorava com um rapaz de vinte anos ou se era com uma criança de dez anos. Definitivamente às vezes comportava-se pior do que uma criança de dez

anos. Podia resmungar com ele por fazer aquelas figuras mas também era por ser assim que me tinha apaixonado por ele.

“Qual é a piada da vida se não a aproveitarmos ao máximo? Devemos tirar o melhor de cada momento!” disse-me ele um dia. Tinha toda a razão, devemos aproveitar o máximo da nossa vida.

Quando nos estávamos a aproximar da passadeira, o Louis largou a minha mão enquanto sorria. Nesse mesmo instante tive um mau pressentimento, sentia o meu coração a ficar apertado, sufocando-me aos poucos. Inconscientemente coloquei a mão no meu peito, em cima do coração desviando o olhar do Louis momentaneamente.

Foram meros segundos até ouvir o barulho de uma mota a travar fortemente juntamente com o cheiro a borracha queimada. Senti o meu coração a despedaçar-se mesmo sem olhar, como se o mundo tivesse acabado de ruir mesmo à minha frente numa fracção de milissegundos.

Assim que o meu olhar encontrou o corpo do Louis estendido no chão e outro corpo um pouco mais longe com a mota praticamente em cima dele deixei de respirar. Pessoas chegaram junto do corpo dele coberto de sangue para perceberem o seu estado mas eu estava mortificada no meu local.

Não me conseguia mexer do chão, o meu coração deixou de bater e as minhas forças evaporaram-se. Havia um zumbido forte à minha volta ensurdecedor e o meu coração estava agora reduzido a pó. Deixei de sentir e de respirar. Era uma partícula insignificante no mundo.

Fear || z.mOnde histórias criam vida. Descubra agora