“Zayn?” chamei praticamente atónica.
Isto era mais do que uma simples coincidência. Como encontro o mesmo rapaz duas vezes em dois dias consecutivos? Qual era a probabilidade, uma em um milhão? Ele sorriu envergonhadamente ao ver a minha expressão num misto de emoções e sem saber como reagir. Será que ele me anda a seguir? É desta vez que vou mesmo morrer num avião.
“Juro que isto não é uma perseguição!” defendeu-se de imediato levantando as mãos em sinal de rendição “nem nada que se pareça.” Finalizou. Isto era deveras estranho e surreal.
“Olha que não é o que parece. Estou a ficar um pouco assustada…” Ele olhou nervosamente para o número do banco e depois novamente para mim.
“Eu sei que parece uma perseguição mas estás tão surpresa quanto eu. Além disso parece que te vou fazer companhia ao teu lado durante a viagem.” A expressão dele parecia tão surpresa como a minha. Será que ele não me anda a perseguir?
Fiquei sem saber se devia ficar feliz ou não. Por um lado já o conhecia, quer dizer, sabia o nome dele e assim tinha a certeza que não iria ficar ao lado de um velho caquéctico. Mas por outro agora estou com medo que ele seja algum serial killer pronto para me matar assim que fechar os olhos e apoderar-se dos meus órgãos.
“Tu não és nenhum serial killer pois não?” Acho que o meu medo de voar já está a dar cabo do meu raciocínio. Só digo disparates, é claro que vai dizer que não, parva.
“Se eu te disser que sim vou ter que te matar!” Ele respondeu com um sorriso contido. É claro que me vais matar, pensei para comigo. Ele sentou-se ao meu lado e para além de estar nervosa por causa do voo agora estava com medo dele. “Podes estar descansada que eu não sou nenhum assassino. O máximo que fui foi um destruidor de corações.”
Pela primeira vez concentrei-me nos seus olhos desde que chegou. Por alguma razão tinha sentido mágoa na voz dele naquela última frase e olhar para os seus olhos só me deu a confirmação. Ele desviou o olhar de mim para o chão e de imediato senti um gelo enorme pelo corpo.
“Isso é suposto fazer com que fique mais calma?” perguntei tentando fazer com que olhasse de novo para mim.
“Sim.” Ele sorriu timidamente e não pude deixar de sorrir também. “Pelo menos já te fiz sorrir. Acho que sou um serial killer bonzinho…” e ele trouxe-me de volta aos meus medos iniciais.
“Não brinques com isso. Ainda estou reticente a esta suposta coincidência.” Disse acomodando-me no assento e por alguma razão estava a sentir um calor estranho.
“Eu também estaria se estivesse no teu lugar…” admitiu
“Ainda bem que compreendes.”
A assistente de bordo começou a falar toda a mesma lengalenga de qualquer viagem de avião. Apertar os cintos, desapertar os cintos, saídas de emergência. Espero não usar as saídas de emergência. Morro apenas de pensar nessa possibilidade de me atirar com um pára-quedas para o meio do oceano.
“Tu não estás assim tão nervosa apenas por mim, pois não?” a voz do Zayn tira-me para fora dos meus pensamentos mortíferos e fico mentalmente agradecida.
“Eu tenho assim um medo pequenino de andar de avião…” explico-lhe gesticulando com as mãos a dimensão do pequenino. Não queria que ele achasse que era uma medricas com medo de andar de avião.
“Pequenino?” ele ri-se da minha expressão um pouco aterrorizada. Respiro fundo tentado acalmar as minhas hormonas e o coração. Deus, nunca me senti assim tão nervosa.
“Ok, do tamanho do mundo. Eu sei que é estúpido…” digo resignada encolhendo-me um pouco no banco como se esse gesto fosse-me proteger do mundo.
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Fear || z.m
FanfictionVieste de um lugar distante para ficar, para permaneceres à minha frente, a sorrir e a fazer-me tremer por dentro. Chegaste de uma maneira subtil e transformaste o meu pequeno mundo, mudaste o cenário do meu filme e conseguiste com que eu visse muit...