Clicava repetidamente sobre o pequeno botão do lado direito da máquina revendo todas as fotografias que tinha tirado com a câmara fotográfica naquela que seria o meu último dia em Los Angeles. Infelizmente o sol já se tinha escondido atrás dos prédios altos e por isso tinha chegado o momento de voltar para casa. Estava contente porque tinha conseguido captar momentos que me deixavam com um brilhozinho nos olhos neste último dia. A beleza das fotografias e da cor que o sol proporciona naquele momento de crepúsculo era de uma perfeição inigualável.
O barulho de algumas crianças a brincar fez-me rodar a cabeça para trás. Sorri deliciada ao ver as crianças, que não aparentavam ter mais do que seis, sete anos, a jogarem à bola. Não consegui resistir e acabei a tirar ainda mais fotografias mesmo sabendo que estava a ficar cada vez mais atrasada e ainda tinha as malas todas para fazer. Porém o sorriso puro e sincero que expressava nos rostos daquelas crianças era verdadeiramente mágico.
Ao levantar-me da relva o coração quase que me saltava do peito quando senti a máquina fotográfica a escapar-me pelas mãos. Não sei como mas a fita que prendia a máquina ficou presa num dos dedos da minha mão. Respirei de alívio assim que a agarrei com as duas mãos colocando-a segura e intacta dentro da minha mala. Era uma dos objectos mais preciosos que tinha e não podia deixar que se partisse ou algo do género. Continha dentro dela demasiadas recordações vitais para mim.
Assim que me levantei, ajeitei a roupa que trazia vestida sacudindo alguma terra e de seguida peguei na mala colocando a alça no ombro esquerdo. Voltei a minha atenção de novo para as crianças e foi então que o meu olhar se prendeu num rapaz que passava a correr pelo mesmo jardim. Ele vinha tão concentrado, provavelmente na música que ia ouvindo pelos auscultadores, que nem reparou num dos meninos a atravessar-lhe à frente para agarrar a bola. Deixei fugir um pequeno grito de alerta por entre a minha boca mas não fora a tempo. A criança caíra para trás com alguma violência por causa do impacto sem poder fazer nada.
O rapaz rapidamente arrancou os auscultadores dos ouvidos e depressa encarou a criança que começava a dar sinais de choro. Apressei o passo ao encontro deles ao mesmo tempo que sentia a alça da mala a escorregar-me pelo ombro. A minha preocupação depreendia-se exclusivamente na criança e, pelos vistos, também havia preocupação por parte do rapaz.
“Estás bem? Onde é que te aleijaste, meu querido?” Perguntei rapidamente assim que cheguei perto da criança no chão. O menino apenas emitiu um esgar de dor encolhendo-se sobre o corpo enquanto os amigos dele se aproximavam expectantes.
“Juro que nem o vi a atravessar-se à minha frente. Foi tudo tão rápido que nem tive tempo de reagir.” O rapaz falou pela primeira vez. Olhei para ele apenas por um pequeno instante.
O menino agarrava com alguma força e urgência o seu tornozelo o que me fez suspeitar que pudesse ter torcido o pé no momento da queda já que caíra de uma forma bastante desajeitada no chão.
“Diz-me apenas onde te dói, está bem?” Ao mesmo tempo que retirava o ténis esquerdo do pé do menino com o maior dos cuidados.
A minha real preocupação era ter a certeza que não havia osso nenhum partido. Pressionei um pouco uma zona em específico do pé e esperei pela reacção do menino. Um esgar de dor apareceu na sua face. Voltei a pressionar outra zona e obtive a mesma reação pela parte do menino. Eu não era médica nem pouco mais ou menos mas já tinha partido uma vez o pé e pelas reações do menino parece-me que está apenas torcido.
“Como é que te chamas?” Perguntei a ele afastando alguns cabelos que cobriam a sua face tentando abstraí-lo da dor que estaria a sentir.
“Josh…” Praticamente sussurrou enquanto continuava a agarrar o tornozelo com veemência
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Fear || z.m
Fiksi PenggemarVieste de um lugar distante para ficar, para permaneceres à minha frente, a sorrir e a fazer-me tremer por dentro. Chegaste de uma maneira subtil e transformaste o meu pequeno mundo, mudaste o cenário do meu filme e conseguiste com que eu visse muit...