79 ⇝ he loves you too

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≡ shawn mendes ≡

Abro a porta o mais rápido possível e vejo Stormy tentando não pegar chuva. Dou um dos meus poucos sorrisos de hoje pela cena.

— Finalmente, eu estou congelando aqui. — entra e eu fecho a porta.

— Bom... Oi. — digo e ela sorri.

— Oi. — deixa um selinho em meus lábios. — Trouxe uma coisinha. — tira uma mochila das costas e a abre, pegando um notebook. — Para vermos muita netflix!

— Meu Deus, eu namoro um anjo. — deixo um beijo em sua testa, sabendo que ela pensou nisso para melhorar um pouco meu dia.

— Você faz a pipoca porque eu sou uma negação para cozinhar.

— Você não sabe fazer pipoca?! — rio e ela fica brava, mas também ri concordando.

— Onde está Aaliyah? Sinto falta dela. — ela se senta em uma banqueta enquanto me assiste fazendo a pipoca.

— Você acredita que ela foi para casa do namorado? Me deixou aqui sozinho e preferiu ir para lá! — falo completamente indignado.

— Oh, a baby Mendes está namorando, que ótimo!

— Ótimo? É uma tortura para mim, isso sim.

— Não seja ciumento! Não sei como você deixou ela sair.

— Essa é a pior parte, ela disse que tinha uma barata no banheiro, mas quando fui lá ela fugiu e deixou um bilhete rindo da minha cara. — Stormy gargalha.

— Você é um lerdo, Shawn Mendes. Mas veja pelo lado bom... — se levanta e vem em minha direção. — Temos a casa todinha para nós. — me beija com doçura, sem a menor necessidade de apressar as coisas.

Minhas mãos seguram sua cintura, nos colocando ainda mais perto. As suas, se perderam em meus cabelos. Já conhecíamos muito bem a sintonia um do outro.

— Amor, a pipoca vai queimar. — rimos ainda entre beijos pois não queríamos largar um ao outro.

Encerramos o beijo ainda relutantes e eu vou colocar a pipoca em um pote, nos levando até meu quarto.

— Eu adoro o seu quarto, ele é tão a sua cara. — comenta.

— Só falta uns dez violões pendurados nas paredes e um piano bem no centro. — concorda rindo.

Nos sentamos na cama e seu corpo se aconchega no meu, seu carinho era tudo que eu precisava agora.

Liga o computador e me encara como se não tivesse ideia do que ver.

— O que acha de sex education? Eu não vi ainda. — pergunta.

— Ah não.

— Ah sim.

— Eu vou ficar morrendo de vergonha, Stormy!

— Melhor ainda, você fica fofo com vergonha. — da play no primeiro episódio e já começa uma cena de sexo. Ela gargalha quando me vê de bochechas vermelhas.

Continuamos maratonando e confesso que adorei aquela série, mesmo eu ainda me envergonhando várias vezes. A pipoca já havia acabado há muito tempo. Stormy e eu riamos muito com os personagens.

Ouço o barulho da porta abrindo e franzo o cenho com medo de ser quem acho que é.

— Fica aqui. — ela para o episódio e eu caminho devagar até a porta do quarto.

Que não esteja bêbado, que não esteja bêbado, que não esteja bêbado.

Ele estava bêbado.

Fecho a porta atrás de mim, parece paranoia mas eu não arriscaria. Tento me aproximar com medo de descobrir que tipo de bêbado ele estava hoje.

— Filho! Você por aqui! — filho? Ele me abraça e acaba derramando um pouco da cerveja em mim.

— Você bebeu de novo pai, que droga. — pego a garrafa de suas mãos e deixo sobre a bancada. Ia levá-lo para o quarto mas ele se sentou no sofá.

— Senta aqui. Agora. — mesmo falando embolado, eu já tinha prática de entender. Obedeço. — Vai.

— O que?

— Eu não me lembro onde você tinha que ir, mas vai. — ele falava da viagem para Nova York?

— Eu não sei pai, você não sabe o que está falando, está bêbado.

— Acredite, eu falo mais merdas sóbrio! Aliás, eu tenho um filho chamado Shawn, e eu... e-eu amo ele, mas não fala isso pra ele, ele não gosta de mim. — começa a chorar e sinto minha visão embaçar. Eu nunca havia visto-o chorando.

Minha respiração se tornou escassa, eu não sabia mais como falar ou meramente fazer gestos. Da última vez que eu ouvi isso dele, eu tinha dez anos, e ele também estava bêbado.

Minha garganta se fecha e a primeira lágrima abre espaço para todas as outras.

— Ele também te ama, pai. — mordo o lábio tentando parar de chorar. — Venha, eu vou te ajudar. — levo-o para seu quarto e faço a rotina tão conhecida por mim.

Garanto que ele já havia vomitado tudo para que não aconteça nada enquanto dorme. Deito-o na cama e ele agradece. Ele nunca agradece.

Saio do quarto com as pernas bambas, ainda confuso se relevava ou não o que havia acontecido. Stormy abre lentamente a porta tentando ver o que estava acontecendo e sai quando só me vê ali. Assim que a vejo, as lágrimas voltam.

— Ele... Ele... — Stormy me abraça.

— Tudo bem, eu ouvi. — aperto seu corpo no meu, molhando seus fios loiros com as minhas estúpidas lágrimas. — Ei, pare de chorar, amor. — seca minha bochecha molhada. — Vem, eu vou cuidar de você. — deve ter notado que eu cheirava a bebida agora.

Ela me pega um copo d'água e eu bebo antes de ir tomar outro banho. Voltando rápido para o quarto.

— Desculpa, isso atrapalhou nossa maratona. — digo quando percebo o notebook desligado na cômoda e ela sentada na cama com um blusão meu.

— Tudo bem, nós precisamos dormir, temos aula amanhã. — me deito ao seu lado.

— Você fica linda usando minhas roupas, sabia? — digo baixinho por nossa proximidade. Ela sorri e me retribui com um selinho.

Logo pega no sono e a insônia juntamente com a ansiedade ainda me deixa acordado por muito tempo pensando no que havia acontecido.

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MUTUAL ↯ mendesOnde histórias criam vida. Descubra agora