As almas que tenho

eu não quero precisar falar

Durante muito tempo eu achei o máximo Edwad Cullen conseguir ler os pensamentos de outras pessoas e, caso eu fosse a Bella, iria querer que lesse os meus. Assim, apesar de ser constrangedor, iria evitar que eu precisasse pôr em palavras alguns dos meus pensamentos.
Acontece que 7 anos se passaram desde que eu li Crepúsculo pela primeira vez, e ainda hoje eu me imagino pensando em como seria mais fácil se algumas pessoas pudessem ler meus pensamentos.
A questão é: eu não quero precisar falar.
Sim, eu quero que as pessoas saibam o que eu sinto, quero que entendam coisas que me magoam e tudo isso. Mas falar é muito difícil. Expor sentimentos não é algo que eu saiba fazer, muito pelo contrário. Durante minha vida toda eu os omiti. Desde pequena, com as coisas mais insignificantes. Sempre senti vergonha demais para falar qualquer coisa do tipo. E, hoje em dia, não é mais vergonha, é a simples dificuldade.
Eu não quero precisar falar.
Eu quero que me entendam por me conhecerem bem o suficiente para isso.
E sei que é exigir demais das pessoas, principalmente no mundo em que vivemos hoje.
Acontece que isso também veio da minha infância: uma vez eu estava assistindo um filme da sessão da tarde - certeza que era aquele "um astro em minha vida" em que a menina se apaixona pelo ídolo, conhece ele e tem a grande chance de conquistar seu coração. Entretanto, do outro lado tem o seu melhor amigo, aquele que sempre foi apaixonado por ela e nunca expôs seus sentimentos. Lembro bem de uma cena em que o amigo chega no tal Astro Pop e conta a ele todas as preferências da garota.
Ele a conhecia bem, mesmo que ela não tenha falado tantos detalhes.
Ele a conhecia pela convivência. Por se importar com ela. Por prestar atenção nela.
E é simplesmente isso: a droga de um romance americano de sessão da tarde.
Algo super fora da realidade, mas bonitinho demais.
E simples demais.
Ultimamente nós temos corrido tanto com nossas vidas que esquecemos de prestar atenção nos detalhes das pessoas que importam para nós. E é simplesmente isso que eu quero: que as pessoas se importem o suficiente para perceberem sem que eu precise falar.