As criaturas pararam de atacar. Por um momento, agitaram-se como que perdidas. E então começaram a recuar.
Não demorou para que as pessoas pudessem sair da igreja. O prédio estava bem danificado, mas ainda em pé.
Lá dentro jaziam duas criaturas mortas por concussão. Dois homens também morreram pelas garras das criaturas. Tal qual no saloon, as criaturas ignoravam seu entorno e passavam a se alimentar de alguma vítima.
Blackwood e Hart guardaram as armas e foram acolher as pessoas. Quase todas estavam feridas, machucadas pelas criaturas ou pelo desmoronamento parcial da igreja.
Lua, por sua vez, buscou o pistoleiro com os olhos. Encontrou-o virando o rosto em sua direção. Acenaram com a cabeça um ao outro em sinal de que estavam bem.
Seus olhos varreram o prédio da enfermaria quando um vulto saltou em sua direção, abraçando-a. A pequena nian rouge chorou desesperada nos braços da can.
- Pearl?! Você está bem? - Lua quase não segurou o choro de alívio.
- Eu achei que íamos morrer. Tive medo de você morrer. Eles gemeram e gritaram e urraram. Nós ouvimos os tiros - ela falava rápido, por entre as lágrimas - E elas me amarraram também, amarraram todo mundo lá dentro. E eu vi quando alguns de nós ficaram violentos e gritaram e urraram. Eu tive tanto medo, tanto medo.
- Calma, eu estou aqui - Lua pegou Pearl no colo.
A nian rouge tinha quase o tamanho da can, mas era apenas uma criança precisando de uma mãe. O abraço acalmou as duas, mas os sintomas na menina estavam mais evidentes.
- Você precisa voltar à enfermaria.
- Não, Lua, por favor.
- Você está doente pequena. Precisa se cuidar.
- Mas foi horrível, ontem. Eu vi aqueles monstros.
- Se você não se cuidar, poderá adoecer mais do que já está.
- Eu não quero virar aquilo… - Pearl estava desesperada.
- Então volte para lá e cuide-se. Por favor.
Pearl apenas beijou o rosto de Lua e partiu. A can virou-se de costa e caminhou em direção ao saloon. Não olhou para trás, não queria que a menina a visse chorando.
*
O pistoleiro observava, abaixado, uma das criaturas quando a pequena nian rouge aproximou-se dele secando as lágrimas. Num primeiro momento Pearl achou que o monstro estava morto, mas percebeu o peito mover-se lenta e levemente, para baixo e para cima, conforme respirava.
- É um coiote - disse o forasteiro percebendo a curiosidade da menina, mas sequer levantou a cabeça.
- Sim, raivoso como um.
- Não.
Pearl estranhou o tom de voz do homem e virou-se à criatura. Morimbunda, não tinha nenhuma veste. Ao contrário, seu corpo apresentava tufos de pelo onde a pele não estava purulenta.
A cabeça era alinhada com a coluna e o pescoço terminava em um fucinho alongado. As orelhas eram pontiagudas. Não havia ombros, mãos ou pés, mas havia uma cauda e patas.
- Eu achei que… - ela não soube como concluir, esperava que todos ali fossem pessoas doentes.
- Eu também.
- O que faremos agora?
- Voltar por aquela porta - apontou para a enfermaria - e ajudar as enfermeiras lá dentro.
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Gravestone
FantasyNo universo ficcional de Elementarya, repleto de criaturas míticas, o faroeste é diferente daquele que conhecemos. Ao mesmo tempo que é muito similar. Gravestone, uma cidade que vive seus últimos dias, está dividida entre ser consumida pelo progress...