- Precisamos isolar todos os doentes - havia urgência na voz do Doutor.
Blackwood correu para o norte da cidade; o médico, para o sul. Eles convenceriam as famílias quanto a internação.
Hart e o forasteiro, mal vistos, ficaram na enfermaria. À meia-luz, deveriam imobilizar todos os pacientes e receber os próximos.
Os pacientes chegaram aos poucos, mas constantemente conforme a noite avançava. Alguns vieram sozinhos, demonstrando poucos sintomas; outros chegaram acompanhados, já bastante debilitados.
O céu arroxeava-se com a proximidade do nascer do sol, quando as meninas do saloon chegaram. À frente do pequeno grupo, Rose vinha trazendo Pearl e Lucia pelas mãos. Atrás, Lua e outras três meninas acompanhavam em silêncio, enlutadas.
Hart atendeu-as à porta. Rose perguntou se o médico demoraria. Pearl e Lua estavam com os sintomas bem aparentes, mas suspeitava-se de que mais três meninas estivessem doentes também.
O forasteiro alocou as duas jovens e as imobilizou. Deu a elas uma dose do sedativo a qual fora orientado ministrar pelo médico. Logo, ambas dormiram, mas o homem sentiu uma raiva crescente com aquilo tudo.
Hart levou o grupo até o consultório do médico. As meninas viram claramente a fora-da-lei, mas não esboçaram nenhuma repulsa, o que a fez erguer o rosto. Apenas Lua não as acompanhou, ficou fumando do lado de fora da enfermaria.
- Como você está? - perguntou o vaqueiro, aproximando-se da can.
- Apavorada.
- Preciso amarrá-la?
- Não tenho nenhum dos sintomas. E você? Como foi?
- Nada além de negócios.
A can assentiu com a cabeça e ficou em silêncio. Fumava demoradamente sua cigarrilha, olhando para chama enquanto soltava a fumaça. Com o pulmão cheio, ela segurava a respiração por alguns instantes, contraindo de leve as sobrancelhas por cima dos olhos imensos.
Entre uma baforada e outra, ela olhava para o forasteiro à sua frente. Em momento algum ele deixou de olhá-la.
Para ela, ele parecia cansado e debilitado, quase derrotado. Mas ela sabia que ele ainda era um homem perigoso.
Para ele, a imagem dela oscilava de novo, buscando o que lhe agradaria mais. Ele tinha visto o poder daquela miragem sobre outros homens, capaz de fazê-los esquecer o mundo à sua volta.
Um rosto começou a formar-se na can. Uma preferência surgiu, bastante específica. E Lua sorriu um sorriso que não era o dela.
- Por que você faz isso?
- É uma habilidade do meu povo.
- Mas não é superior à tua vontade.
- Desculpe - a imagem oscilou antes de ser concluída e desapareceu -, eu só… - parecia decepcionada.
- Você não está se defendendo, está caçando - não era uma pergunta.
- Eu nunca lhe faria mal.
- Então por que mudar a máscara? - ele parecia incomodado.
- Eu não sou capaz de ver nem controlar a imagem. Apenas sei que está acontecendo. Posso escolher não fazer, mas achei que você gostaria.
A conversa foi interrompida pela chegada de Blackwood e o Doutor. Pareciam cansados e desanimados.
- Nem todos quiseram - disse Blackwood.
- Doutor - chamou Hart, aproximando-se -, há pacientes com suspeita lhe aguardando no consultório.
- E os outros?
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Gravestone
FantasyNo universo ficcional de Elementarya, repleto de criaturas míticas, o faroeste é diferente daquele que conhecemos. Ao mesmo tempo que é muito similar. Gravestone, uma cidade que vive seus últimos dias, está dividida entre ser consumida pelo progress...